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Universidade deve construir reputação internacional, diz presidente da Capes

Imagem: Presidente da Capes, Prof. Abílio Baeta Neves, participou de Seminário (Foto: Jr. Panela/UFC)“Internacionalização significa, antes de tudo, construir reputação internacional”. A provocação, feita pelo Prof. Abílio Baeta Neves, Presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), deu o tom do I Seminário de Gestão em Internacionalização e Inovação Tecnológica da Universidade Federal do Ceará, realizado na última quinta-feira (10), na Casa de José de Alencar.

Segundo o Prof. José Soares, titular da Coordenadoria de Assuntos Internacionais da UFC e um dos organizadores do seminário, a intenção é ter um primeiro evento conceitual e um segundo, a ser realizado em breve, no qual as questões específicas da UFC serão abordadas.

“Nossa Universidade cresceu bastante nos últimos anos. Agora temos um grande desafio porque as estratégias que usamos para chegar até aqui não necessariamente serão as mesmas para avançar. Precisamos estar conscientes disso para saber quais estratégias utilizar”, diz o Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Prof. Antônio Gomes de Souza Filho.

Gomes defendeu que tanto o processo de internacionalização quanto o de construção de uma política de inovação sejam institucionalizados. “É a internacionalização da Universidade, não do pesquisador”, afirmou.

O OLHAR DA CAPES – O Prof. Baeta Neves fez um histórico de como a ideia de cooperação internacional, presente nas universidades brasileiras até os anos 1990, foi sendo paulatinamente substituída pela de internacionalização, estimulada pela divulgação dos rankings internacionais. Para ele, os rankings mostraram que as universidades brasileiras, por maior sucesso que obtivessem, não ocupavam as posições que os gestores acadêmicos gostariam.

Imagem: Seminário reuniu gestores de diversas áreas da UFC (Foto: Jr. Panela)Os dados apresentados pelo presidente da Capes mostram o tamanho do desafio: o Brasil tem apenas 0,02% de estudantes estrangeiros no seu ensino superior. Perto de 63% dos pesquisadores não têm qualquer experiência no exterior, e a produção científica em cooperação internacional é de aproximadamente 28% da produção nacional. “Portanto, é irrelevante nossa inserção internacional”, disse.

De acordo com ele, a ideia central de internacionalização é construir reputação internacional. Dessa reputação resultaria uma universidade de classe internacional, argumenta o professor. Para chegar até lá, no entanto, não há caminho único.

“Poderíamos imaginar uma universidade de classe internacional da perspectiva da geração de conhecimento. Mas poderíamos também imaginar da perspectiva da relação das empresas: de inovação. E podemos pensar simplesmente em instituições formadoras de recursos humanos”, disse. “Todas têm em comum que a instituição busca a reputação internacional”, completou.

O presidente da Capes vê cinco motivos que podem fazer com que uma universidade deseje se internacionalizar. O primeiro é a projeção de suas atividades de ensino e pesquisa, valorizando-se a diversidade cultural do seu corpo docente e discente. O segundo é o desejo de provocar uma rigorosa seleção – também docente e discente – em escala global, e não mais nacional.

Uma terceira motivação seria a necessidade de captar novas fontes de receitas. A quarta, mais comum na Europa, seria atender orientações da política externa de alguns países. E a última, que não corresponde ao caso brasileiro, seria enfrentar tendências demográficas atraindo estudantes. É a realidade de países onde o envelhecimento da população já é visível. “Se soubermos qual desses aspectos nos motivam, saberemos com mais facilidade construir estratégias e definir metas”, disse.

A ESTRUTURA – Baeta Neves diz que, se realmente quiserem investir em um processo de internacionalização, as universidades precisarão discutir questões relacionadas à própria organização, como estruturas de gestão e governança, recrutamento de professores e alunos e política de remuneração. “Se olharmos para uma instituição realmente internacionalizada e se afundarmos a mente no cotidiano dessa instituição, vamos ver que ela se transforma radicalmente para poder operar em escala internacional. Radicalmente. Há mudanças em todos os sentidos”, revela.

O pesquisador cita como exemplo a oferta de cursos com turmas compostas por alunos estrangeiros e alunos nativos. “Não é tarefa simples e é muito diferente do que estamos fazendo por anos e anos no programa PEC G, por exemplo”. O PEC G é o Programa de Estudantes-Convênio de Graduação que oferece oportunidades de formação a estudantes de países em desenvolvimento com os quais o Brasil mantém acordos educacionais. Para ele, é preciso oferecer infraestrutura e acompanhamento aos estudantes estrangeiros, inclusive na sua inserção à cultura local.

Baeta Neves cita outro exemplo: a globalização do processo de contratação e seleção de professores e pesquisadores. “Se pensarmos a internacionalização no campo da pesquisa, a primeira coisa que qualquer universidade faz é abrir seu processo (de seleção). Esse processo tem de ser global”, diz. “Mas nós temos nosso regime de concurso para provimento de cargos docentes. Isso não tem nada a ver com internacionalização”, argumenta.

Segundo ele, a Capes tem interesse em estreitar essa relação com as universidades para entender como elas organizam seu processo de internacionalização. “É muito provável que a Capes, estimulada e cobrada pelas universidades, vá acabar tendo de transformar uma parte de sua operação em apoio à construção dessa base para internacionalização das universidades brasileiras”, afirmou.

Fontes: Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação – fone: 85 3366 9943 e Coordenadoria de Assuntos Internacionais – fone: 85 3366 7333

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