Conceitos Básicos
Compreendemos a autoavaliação institucional enquanto processo interno que permite a reflexão acerca da realidade estudada e que nos exige, a todos os agentes implicados (discentes, docentes e técnico-administrativos), compromisso com o conhecimento gerado e com o consequente aprimoramento institucional . Nesse contexto, para que a Universidade Federal do Ceará (UFC) seja uma instituição educacional que aprenda consigo mesma deverá, obrigatoriamente, abrir-se às indagações resultantes da avaliação , isto é, discutir e empregar, sistematicamente, as informações institucionais oriundas da sistemática avaliativa . Tal prática possibilitará o nascimento e a consolidação de consciência institucional voltada à reflexão coletiva e ao aprimoramento constantes, função de toda e qualquer ação avaliativa.
Dimensões Institucionais que Devem ser Avaliadas
A Figura 1, apresentada a seguir, reveste-se em tentativa de abstrair e de representar graficamente as atividades que são desenvolvidas no âmbito interno de uma IES, destacando as suas interações e as suas repercussões sobre o contexto social no qual está inserida a instituição educacional.
A Figura 1 baseia-se na idéia de que uma IES (representada pela elipse) é um sistema semi-aberto, que está em sistemática e dinâmica interação com o contexto social no qual está imerso (o retângulo). Assim, ressalta-se a idéia de que as atividades de uma IES e os seus produtos têm relevantes repercussões sobre a sociedade na qual está inserida, ao mesmo tempo em que também sofre a influência da mesma (representada pela seta de duplo sentido que interliga a IES com a sociedade).
Sendo assim, nada mais relevante do que investigar as repercussões sociais das atividades institucionais, através, por exemplo, do acompanhamento sistemático dos seus egressos; mapeando opiniões, atitudes e crenças acerca da universidade e da sociedade; identificando e avaliando o valor agregado pela IES; verificando a opinião (i) dos empregadores e (ii) de setores da sociedade civil organizada, acerca da adequação e da pertinência da formação profissional e cidadã dos recursos humanos formados.
Não obstante, voltemos a discutir a Figura 1. Nela, há ênfase sobre dois conjuntos relevantes de atividades institucionais, distintas entre si, porém complementares. O primeiro grupo pode ser chamado de atividades fim , pois elas conformam o célebre e conhecido tripé de toda e qualquer IES com porte de Universidade: o ensino (de graduação e de pós-graduação – stricto e lato sensu), a investigação científica (no âmbito da graduação e da pós-graduação) e a extensão (atividades de características artísticas e culturais, de saúde pública, de formação para o exercício da cidadania, etc.).
Esse tripé de atividades finalísticas de toda e qualquer universidade está em constante interação. Em suma: o ensino exerce influência sobre a investigação e sobre a extensão, ao mesmo tempo em que também sofre seus efeitos (na figura a interação é representada por setas de duplo sentido que interligam essas três dimensões institucionais). Conforme destacam Gell-Mann (2003), Popper (1972), Puente Viedma (1993), Serres (1998) e Wilson (1999): toda e qualquer atividade científica tem como principal objetivo buscar identificar relações válidas entre variáveis, não descartando as interações válidas e significativas que podem ser estabelecidas entre as mesmas. Sendo assim, um dos mais relevantes objetivos da avaliação de IES é tentar identificar a qualidade e a natureza das interações entre o ensino, a investigação científica e a extensão.
Agora bem, para que as atividades finalísticas (o ensino, a investigação científica e a extensão) venham a ser executadas a contento, haverá que existir outro conjunto de processos potencializador do alcance das primeiras. Esse segundo conjunto é formado pelas atividades meio e que podem ser exemplificadas através da adequação (i) da gestão administrativa e de pessoal; (ii) do planejamento estratégico institucional; (iii) da sustentabilidade financeira; (iv) das políticas internas voltadas ao combate à evasão discente; (v) da adequação das bibliotecas, dos laboratórios e das salas de aula, dentre ampla diversidade de outros aspectos institucionais.
Conforme destaca a Figura 1, ainda há interação entre as atividades fins e as meio, isto é, uma influencia a outra ao mesmo tempo em que sofre sua ação. Por exemplo: as atividades de ensino, de investigação científica e de extensão serão influenciadas pela qualidade física das salas de aula, da adequação da iluminação, da ventilação e mesmo da segurança; também sofrerão com a qualidade do acervo disponibilizado pelas bibliotecas. Esses dois aspectos destacados dependerão, por seu turno, da sustentabilidade financeira da IES. Com essa ilustração demonstramos a estreita relação que há entre as finalidades da IES e as atividades que lhes dão suporte (atividades meio). Portanto, uma vincula-se a outra, sendo objeto da avaliação institucional tal relação.
Partícipes da Autoavaliação Institucional
De acordo com a concepção teórica que preconiza a auto-avaliação institucional como atividade coletiva que busca a participação e o engajamento dos agentes internos à IES, os discentes, os docentes e os técnico-administrativos são legítimos partícipes do processo avaliativo interno à IES.
Modos de Promover a Autoavaliação Institucional
A autoavaliação institucional poderá vir a ser promovida através de inúmeros procedimentos técnicos, dentre os quais destacamos:
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Uso de dados básicos, de informações e de indicadores, que sejam relevantes ao propósito de compreensão da UFC enquanto instituição federal de educação superior;
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Uso de dados e de informações resultantes de pesquisa de campo (coleta de dados através de questionários e/ou entrevistas);
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Uso de dados e de informações resultantes de pesquisa documental (consultas aos relatórios institucionais e aos principais veículos de comunicação interna, tais como os jornais e as revistas).