Cartilha sobre assédio moral e sexual no trabalho é lançada na Reitoria da UFC
- Quinta, 08 Agosto 2019 09:55
Na tarde dessa quarta-feira (7), a Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (PROGEP) da Universidade Federal do Ceará, através da Coordenadoria de Qualidade de Vida no Trabalho, lançou a cartilha Assédio moral e sexual no trabalho: prevenção e enfrentamento na UFC. O evento ocorreu no Auditório Prof. Antônio Martins Filho, da Reitoria da UFC, e contou com a participação de docentes, servidores técnico-administrativos e estudantes. O lançamento também foi transmitido ao vivo pela Internet para os campi da UFC no Interior.
O reitor da UFC, Henry Campos, parabenizou a equipe organizadora pela proposição do debate, e reforçou a necessidade de conscientizar a todos sobre direitos e deveres dos servidores e da Instituição para a melhoria das relações trabalhistas. "Que a gente tenha na Universidade um ambiente seguro de trabalho, e que tenhamos garantidos o respeito e o conforto em um convívio fraterno. Essa iniciativa estimula uma cultura de respeito à diversidade, aos direitos individuais das pessoas, e combate a questão do assédio, que é tão frequente, infelizmente, e se apresenta de formas diferentes", ponderou.
A pró-reitora de Gestão de Pessoas da UFC, Marilene Soares, agradeceu a participação do público e dos palestrantes, e colocou a equipe da pasta à disposição dos servidores e da comunidade acadêmica. "Na PROGEP, temos um olhar muito especial para o tema de assédio moral e sexual no trabalho. Hoje, a gente está lançando um modelo resumido da cartilha, que sairá completa posteriormente no nosso site, com mais informações para vocês", adiantou.
Compuseram a mesa de abertura a presidente da Comissão de Direitos Humanos da UFC, Profª Beatriz Xavier; a assistente social da PROGEP, Ana Paula Carvalho; e a coordenadora-geral do Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Federais no Estado do Ceará (SINTUFCE), Keila Camelo.
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Na sequência, ocorreu a palestra sobre assédio moral e sexual no ambiente de trabalho, ministrada pelo juiz Carlos Alberto Rebonatto, do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 7ª Região, e pela Profª Alda Karoline Lima da Silva, do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Em suas falas, os palestrantes abordaram aspectos jurídicos e psicoemocionais dos casos de assédio, e quais os possíveis impactos na saúde e na vida dos trabalhadores.
Em 2018, foram ajuizadas no País mais de 56 mil ações na Justiça do Trabalho por assédio moral, o que, segundo Carlos Alberto Rebonatto, seria pouco se comparado aos cerca de 5 milhões de processos judiciais envolvendo danos morais no mesmo período. Para o juiz, falta articulação entre a classe trabalhadora e os sindicatos para difundir informações e promover o acesso à justiça. Uma mudança na jurisprudência citada por Rebonatto é a de que o conjunto de casos de alcoolismo, crises depressivas e a própria síndrome de burnout, antes gerador de levas de demissões por justa causa, atualmente encaminha os trabalhadores para tratamento.
"A Organização Mundial da Saúde e a Organização Internacional do Trabalho elegeram, para este início de século XXI, a doença psíquica do trabalhador como a epidemia do século. O que no século passado, era lesão por esforço repetitivo (LER), trabalhador amputado, morto em construção ou em mina, com silicose aspirando veneno, isso já era. Os países desenvolvidos têm até ministérios para prevenir e socorrer as pessoas com doenças psíquicas, principalmente, no trabalho", explicou o magistrado.
De acordo com a Profª Alda Silva, o assédio moral é um acidente de trabalho invisível, muitas vezes confundido com conflitos, violências e relações assediosas. Ela se referiu a pesquisas recentes da Previdência Social que apontam quadros de transtornos mentais comuns, como crises de ansiedade, síndromes do pânico e depressão, configuram a terceira maior causa de afastamento do trabalho no País. Em 2025, porém, especialistas do setor apontam que tais problemas de saúde mental poderão se tornar a principal causa de afastamento.
"Se a gente não muda o contexto laboral, continuaremos a ter agressores e agredidos, porque o assédio pode estar no aparato institucional. O trabalho está adoecendo, e não é somente as pessoas que estão sendo assediadas, é o ofício delas que está sendo assediado. Estamos em um cenário do mundo do trabalho de desmantelamento de direitos, que demoramos tanto para construir enquanto trabalhadores", afirmou.
SAIBA MAIS – O lançamento da cartilha Assédio moral e sexual no trabalho: prevenção e enfrentamento na UFC compõe as ações do Programa Saúde e Bem Estar no Trabalho, desenvolvido pela Divisão de Apoio Psicossocial da PROGEP, em consonância com o eixo de Promoção e Vigilância à Saúde da Política Nacional de Atenção à Saúde do Servidor Público Federal (PASS) e com o Eixo Pessoas-Servidores do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da Universidade Federal do Ceará.
Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social e Marketing Institucional da UFC – fone: (85) 3366 7331