Em parceria com a UNICAMP, nova invenção patenteada da UFC promove melhoria no uso de nanoestruturas de carbono em dispositivos eletrônicos
- Terça, 08 Dezembro 2020 08:44
Imagine uma estrutura em tubo cem mil vezes mais fina que um fio de cabelo, difícil de ser enxergada até com auxílio de microscópios. Esses são os nanotubos de carbono, estruturas de escala nanométrica de várias aplicações, inclusive em circuitos elétricos, dada a sua alta capacidade de condução, sendo muitas vezes mais eficientes que outros materiais.
Apesar da alta eficiência, a dificuldade de integração de nanotubos de carbono, assim como outros materiais nanométricos, em dispositivos eletrônicos, se dá pela falta de um contato bom e estável entre as nanoestruturas e os eletrodos metálicos dos dispositivos, justamente por conta do tamanho reduzido. Um novo invento recém-patenteado da Universidade Federal do Ceará busca resolver esse problema.
A invenção, feita em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), oferece uma solução para garantir um bom contato elétrico entre os materiais, sem que haja perda de eficiência, a partir da utilização de luz laser, permitindo a fabricação de dispositivos menores e que dissipem menos energia, aquecendo menos, outro problema comumente encontrado na escala nano.
"Um bom contato elétrico (como se fosse a solda entre um material e outro) é fundamental, pois, se não for bem feito, a corrente na junção de um material com o outro enfrenta uma resistência muito alta que aquece o dispositivo, diminuindo sua eficiência e, principalmente, o tempo de vida", explica o Prof. Antonio Gomes, um dos pesquisadores que assinam a patente.
O processo utilizado para garantir essa melhoria passa pelo uso da luz laser como ferramenta de tratamento para o contato e para a leitura de medidas de espectroscopia (estudo da relação entre matéria e radiação eletromagnética), por meio da técnica Raman confocal, que garante alta resolução e oferece dados sobre o material em poucos segundos, inclusive das temperaturas locais, garantindo um melhor controle.
O que torna a invenção tão eficiente é justamente esse processamento rápido de informações, com uma resolução elevada determinada pela dimensão do feixe de luz. Outra vantagem é a possibilidade de seleção de regiões pequenas a serem tratadas, sendo possível tratar diferentes regiões usando parâmetros específicos, de acordo com a configuração de cada dispositivo.
"Assim, é possível ter um controle muito preciso do melhoramento do contato sem interferir nas demais partes do nanodispositivo. Esse método ainda tem a vantagem de poder ser utilizado em diferentes nanomateriais conectados a diferentes eletrodos metálicos", ressalta o Prof. Antonio Gomes.
"A beleza e diferencial do método proposto é que o aparato experimental envolvido é simples, é de fácil acesso e é um método escalável, ou seja, é possível adaptá-lo a qualquer linha de produção de dispositivos. Desse ponto de vista, é um método bastante promissor", aponta o Prof. José Valdenir da Silveira, do Campus da UFC em Sobral, também autor do invento.
A PATENTE – A carta-patente, cujo depósito de pedido foi feito em 2013 ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), tem a UFC e a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) como titulares. Assinam o invento, além do Prof. Antonio Gomes de Souza Filho e do Prof. José Valdenir da Silveira, os professores Stanislav Moshkalev e Raluca Savu, ambos da UNICAMP.
"É uma conquista profissional importante e também do ponto de vista institucional. Ela mostra que, na UFC, com as condições adequadas, temos condições e capacidade de competir e contribuir na fronteira do conhecimento das áreas que atuamos. É uma conquista significativa", comemora o Prof. Valdenir.
INOVAÇÃO TECNOLÓGICA – A nova carta-patente representa o avanço que a UFC tem obtido no registro de invenções junto ao INPI, após esforço da Coordenadoria de Inovação Tecnológica (UFC Inova), vinculada à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG). Desde a primeira patente concedida à Universidade, em setembro de 2019, já são seis registros contabilizados.
Durante a pandemia de covid-19, a UFC Inova iniciou um tipo de mentoria junto aos inventores e inventoras de patentes que estão passando por exames técnicos junto ao INPI, analisando aspectos da redação patentária e orientando, através de e-mails, reuniões pelo Google Meet, dentre outras formas, sobre o atendimento aos requisitos legais vigentes no País.
Saiba mais:
Entenda o que é Propriedade Intelectual e saiba como proteger a sua invenção
Consulte a legislação referente à Propriedade Intelectual
Por Kevin Alencar
Fonte: Lívia Maria Queiroz Lima, diretora da Divisão de Suporte à Propriedade Intelectual da Coordenadoria de Inovação Tecnológica da UFC (UFC Inova) – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.