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Doutorado em Ecologia e Recursos Naturais realiza pesquisa em cotutela com universidade francesa

Será defendida no dia 10 de julho, às 8h30min, no Departamento de Biologia da Universidade Federal do Ceará, a tese Respostas da vegetação de cerrado às mudanças climáticas e atividades antrópicas no Nordeste do Brasil durante o Holoceno Tardio, do pesquisador Sérgio Augusto Santos Xavier, aluno do Doutorado em Ecologia e Recursos Naturais da UFC.

O estudo, que investiga as mudanças na vegetação dos cerrados nordestinos ao longo dos séculos, é uma realização do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais (PPGERN) da UFC em cotutela com o Instituto de Ciências e Evolução da Universidade de Montpellier, na França. 

Imagem: Parque Nacional de Sete Cidades

No estudo, o pesquisador analisou as transformações ocorridas nos últimos 6 mil anos no Parque Nacional Chapada das Mesas, no Maranhão, e nos últimos 800 anos no Parque Nacional de Sete Cidades, no Piauí.  Para tanto, utilizou-se da análise de dados paleoecológicos, que revelam as condições naturais em diferentes momentos da história da evolução da Terra. 

“Usei o pólen produzido pelas plantas, depositado ao longo do tempo no sedimento em turfeiras e veredas e coletei perfurações e cilindros de terra, chamados de testemunho sedimentar, identificando o pólen ali preservado. Estudando o fóssil, consigo saber qual era o tipo de vegetação que estava crescendo nos arredores de cada parque. Cada tipo de vegetação é relacionada a um tipo de clima e, quando o clima muda, a vegetação também muda, assim consigo saber quais períodos eram mais secos ou mais úmidos”, comenta Sérgio Xavier. 

Imagem: Pólen da palmeira Buriti

Outro foco da pesquisa foi identificar, através da análise dos fragmentos de carvão depositados nas turfeiras (tipo de material pantanoso), os impactos da atividade antrópica nessas regiões.

“Minha tese demonstrou os impactos do uso da terra antes e após a chegada dos colonizadores europeus. A vegetação de Sete Cidades foi continuamente perturbada por um período de 400 anos, com intensos desmatamentos e fogos antrópicos. A criação da unidade de conservação em 1961 encerrou essas práticas agropecuárias introduzidas pelo colonizador e minimizou os impactos na vegetação, o que refletiu na expansão da cobertura de cerrado durante os últimos 50 anos”, explica o autor.

Destaca Sérgio Xavier que os dados providos pelo estudo podem auxiliar na elaboração de políticas ambientais para áreas danificadas pelo ser humano. “Essas informações nos ajudam a compreender como a ação humana, tanto exploratória como de conservação, afetou esses ecossistemas no passado, o que permite a elaboração de planos mais eficazes para proteção da biodiversidade em áreas atualmente degradadas”, afirma.

INTERNACIONALIZAÇÃO – Desde 2014, o PPGERN da UFC e a Universidade de Montpellier promovem estudos em parceria. Para a realização da tese sobre o cerrado nordestino, Sérgio Xavier esteve na França em períodos de seis meses, de setembro a fevereiro, nos anos de 2020, 2021 e 2022. As atividades ocorreram no Instituto de Ciências e Evolução, da Universidade de Montpellier, sob orientação da pesquisadora Marie Pierre Ledru, especialista em palinologia e paleoecologia. 

Imagem: Sérgio Xavier, autor da tese

“O Instituto de Ciências e Evolução (ISEM) tem experiência robusta na análise estatística dos dados paleoecológicos e os pesquisadores de lá apoiam o desenvolvimento de bases de dados de pólen. Possui laboratórios, inclusive um de quarentena, fundamental para a pesquisa paleoecológica, e uma extensa coleção de referência de pólen. Trata-se de uma das instituições francesas de primeira linha na área”, detalha a Profª Francisca Araújo, coordenadora do PPGERN e orientadora da tese de Sérgio Xavier.

Segundo a coordenadora, além do aspecto da internacionalização, essa atuação conjunta com a universidade francesa contribui para a formação profissional em excelência e possibilita a consolidação da área da paleoecologia no País.

“A linha de pesquisa em paleoecologia no Brasil historicamente tem investido em estudos na Amazônia e isso inclui uma grama de pesquisadores nacionais e internacionais dedicados a isso. Porém há uma grande lacuna de especialistas, pesquisas e, consequentemente, formação de recursos humanos no Nordeste brasileiro. A Universidade de Montpellier é, historicamente, uma grande referência internacional nessa área e a nossa meta é ser uma referência regional na área de paleoecologia”, projeta Francisca Araújo.

Fonte: Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais (PPGERN/UFC) – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. 

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