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Pele de tilápia será utilizada para tratar animais feridos em enchentes do Rio Grande do Sul

Técnica inovadora desenvolvida na Universidade Federal do Ceará (UFC), os curativos com pele de tilápia serão utilizados em animais, principalmente cavalos, com ferimentos de submersão provocados pelas enchentes ocorridas no Rio Grande do Sul. As feridas de submersão se desenvolvem por conta do excesso de tempo em que os animais ficam com as patas debaixo d'água.

As pesquisas com pele de tilápia se baseiam na utilização do material como bandagem. O método, estudado desde 2015 na UFC, é destaque em institutos de pesquisa e hospitais de diferentes partes do mundo.

Imagem: Médico segurando pele de tilápia

Um primeiro lote das peles de tilápia foi enviado no último dia 3 de junho para o estado de Santa Catarina. De lá, o material seguiu para Nova Santa Rita, na região metropolitana de Porto Alegre. Outro lote, de 300 unidades, está sendo preparado para envio pelo Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM) da UFC, onde as pesquisas são desenvolvidas.

O preparo do material é feito sob supervisão do Prof. Odorico Moraes, diretor do NPDM, e dos coordenadores de produção Felipe Rocha e Carlos Paier, com financiamento da Biotec/Fundação Foianesi. A coordenação geral das pesquisas com pele de tilápia é feita pelo cirurgião plástico Edmar Maciel Lima Jr., médico do Instituto Dr. José Frota.

A previsão é de que o novo lote de 300 peles estará pronto para envio ao Rio Grande do Sul em até 20 dias. O prazo inclui o processo de esterilização do material, que ocorre no Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares (IPEN), em São Paulo, por meio de radioesterelização, permitindo maior conservação em temperatura ambiente e durabilidade de três anos para as peles.

Uma das vantagens do uso da pele de tilápia como curativo é que ela pode permanecer por mais tempo cobrindo a ferida, diminuindo a quantidade de trocas de curativos e auxiliando melhor na cicatrização.

“É muito gratificante, num momento como este, de tragédia, poder contribuir, enviando um produto que vai não apenas reduzir a troca de curativos, como também diminuir a dor dos animais, provocada pelas trocas constantes dos curativos convencionais”, diz Edmar Maciel.

Essa não é a primeira vez que a pesquisa contribui para missões desse tipo, tendo já sido utilizada no tratamento de vítimas de explosão no Porto de Beirute (Líbano) e de animais afetados por incêndios florestais na Califórnia (EUA), no Pantanal do Mato Grosso e em Uberaba (Minas Gerais).

PESQUISA – Com patente outorgada em outubro do ano passado pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), o processo de beneficiamento da pele da tilápia desenvolvido para aplicações médicas já é estudado na UFC desde 2015.

As abordagens de uso, que começaram com o tratamento de queimaduras, hoje são variadas: há empregos na veterinária, em cirurgia de córneas de cachorros, no tratamento de úlceras, em cirurgias de reconstrução vaginal e na redesignação sexual, em cirurgias de hérnia abdominal, na cardiologia, na nefrologia, na otorrinolaringologia, em endoscopias, entre outros.

Hoje, mais de 357 pesquisadores atuam nas pesquisas com pele de tilápia em 96 projetos. A técnica alcança nove países e nove estados brasileiros, com dezenas de publicações científicas em periódicos nacionais e internacionais. O estudo também recebeu 25 premiações, incluindo o Prêmio Eurofarma de Inovação, e conta com projetos em cooperação com a NASA, a Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) e o Instituto Butantan.

A pesquisa também é sucesso de mídia, sendo tema de mais de 850 matérias em mais de 60 países. Em seriados de televisão, a pele de tilápia também já foi destaque, surgindo como opção de tratamento em programas como Grey’s Anatomy, The Good Doctor, The Resident e One Piece.

Com informações do Instituto de Apoio ao Queimado (IAQ).

Fonte: Instituto de Apoio ao Queimado (IAQ)/Secretária Renata Alves – fone: (85) 99638.3071

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