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UFC realiza primeiro seminário temático e dá início à construção do seu Plano de Cultura

O tema era “Democratização da cultura”. Para uma plateia formada por professores, estudantes e técnicos, a produtora cultural Stéfane Souto iniciou sua apresentação na primeira mesa do primeiro Seminário Temático de Cultura da UFC com uma provocação: “Quando se está falando de democratizar o espaço à cultura, estamos falando também de tentar oferecer a todas as pessoas o acesso igualitário aos bens culturais. Parece uma proposta positiva, à primeira vista, e de fato o é. Mas é preciso olhar com cuidado para essa proposição”, disse.

Imagem: Foto da palestrante Stephane Souto, mulher negra de vestido vermelho, sentada, com um microfone na mão. Ela está a frente com de banner roxo, onde se lê "Plano de Cultura da UFC", com letras brancas e amarelas (Foto: Ribamar Neto/UFC Informa)

“Essa abordagem parte da ideia de que a cultura é algo a ser alcançado e que a principal variável por dificultar o acesso das pessoas mais vulneráveis é o aspecto econômico. Nessa concepção, cultura e povo ocupam polos afastados, senão opostos. De um lado, a gente identifica artistas e intelectuais que seriam os legítimos produtores de cultura; e, de outro, o povo”, disse.

A palestrante defendeu, então, outro paradigma para cultura: “Um conjunto de memórias, valores, sensibilidades e todos os elementos que mobilizam, individual ou coletivamente, as pessoas a serem o que são”. E sugeriu mudar a perspectiva de “democratização do acesso à cultura” por “democratização da cultura”. “É uma mudança sutil, em termos de nomenclatura, mas responsável por inaugurar o regime de direito no qual os sujeitos são entendidos como produtores de cultura”, completou.

UM PLANO EM CONTRUÇÃO – Foi essa a faísca que deu início aos debates do primeiro Seminário Temático de Cultura da UFC, realizado ao longo da quinta-feira (24) no Centro de Convivência no Campus do Pici. O momento contou ainda com o pesquisador Rafael dos Santos Silva como debatedor e o Prof. Leandro Bulhões como mediador, além da participação da plateia.

Veja a íntegra do seminário aqui

No total, dez seminários temáticos serão realizados até fevereiro do ano que vem. Com o objetivo de, a partir de uma grande movimentação em toda a Universidade, garantir subsídios para o futuro Plano de Cultura da UFC, que tem como lema “Cultura se faz junto”. 

Nos seminários, a parte da manhã é um período formativo, com a presença de palestrantes e debatedores, para estimular a discussão. Na parte da tarde, os participantes são divididos em dois grupos de trabalho, com o objetivo de tirar cinco propostas de diretrizes para o Plano naquela área específica.

Imagem: Foto da mesa de abertura ao fundo, com quatro representantes da administração da UFC sentados. Em primeiro plano, de costas, algumas pessoas da plateia (Foto: Ribamar Neto/UFC Informa)

Em paralelo, a partir de novembro, a Pró-Reitoria de Cultura (PROCULT) realizará uma pesquisa com toda a comunidade. “Queremos entender essa comunidade para saber o que as três categorias entendem por cultura, como a consomem e quais são as suas prioridades”, explica o Prof. Sandro Gouveia, pró-reitor de Cultura. 

Após a realização dos dez seminários, uma comissão com representantes de toda a UFC e da sociedade civil sistematizará e simplificará as propostas em um só documento. Esse, por sua vez, será submetido a nova consulta pública ao final do processo para ampliar a participação da comunidade.

“O plano vai dar um suporte à Pró-Reitoria. Será esse grande norte para uma política mais assertiva porque vai estar em diálogo com a comunidade”, explica o Prof. Sandro. “O plano vai além da PROCULT. Esse é um plano da Universidade Federal do Ceará. E a PROCULT tem de se mirar nele para poder ter políticas que vão ao encontro dos desejos da comunidade”, complementa a Profa. Glícia Pontes, pró-reitora-adjunta.

Imagem: Foto mostra participantes do evento em torno de uma mesa, reunidos em grupo de trabalho (Foto: Ribamar Neto/UFC Informa)

O EVENTO – O seminário foi aberto com uma apresentação de Joseli Cordeiro, primeira cotista quilombola a defender dissertação no Programa de Pós-Graduação em História, que construiu uma narrativa sobre sua busca em torno do conceito de cultura a partir da experiência de pessoas muitas vezes invisibilizadas pela sociedade.

No período da manhã, o evento também contou com a mesa formada pelo diretor da Casa de José de Alencar, Prof. Leandro Bulhões; pelos professores Glícia Pontes e Sandro Gouveia, da PROCULT; pela vice-reitora da UFC, Profa. Diana Azevedo; e pelo secretário de Formação, Livro e Leitura do Ministério da Cultura, Fabiano Piúba, que participou por videoconferência.

O próximo seminário temático será sobre “Memória e patrimônio cultural”, em Crateús, no dia 31 de outubro. O evento ocorrerá presencialmente no auditório 1 e terá transmissão on-line. O pesquisador André Frota, da Universidade de São Paulo (USP), vai ministrar a palestra “Patrimônio cultural da USP São Carlos: práticas de identificação, interpretação e representação”. As inscrições podem ser feitas aqui.

Integram a organização conjunta do segundo seminário a PROCULT, o Memorial da UFC, o Comitê de Patrimônio Cultural da UFC e o Núcleo de Documentação e Laboratório de Pesquisa Histórica (NUDOC) do Departamento de História da UFC.

Fonte: Pró-Reitoria de Cultura da UFC – fone: (85) 3366.9281 

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