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Agência UFC: Aquecimento global provoca danos estruturais irreversíveis nas construções históricas, revela pesquisa

Um estudo desenvolvido por pesquisadores do Laboratório de Experiência Digital do Instituto de Arquitetura, Urbanismo e Design da UFC, em parceria com o Laboratório de Reabilitação e Durabilidade das Construções (LAREB) do Campus da UFC em Russas, analisou os impactos do aumento da temperatura para a degradação da estrutura de edificações e monumentos históricos, representando sérias ameaças à preservação do patrimônio cultural a longo prazo.

Imagem: Foto termográfica do município de Aracati (Foto: divulgação)

O local escolhido nesta primeira etapa foi o centro histórico de Aracati, cidade do litoral leste cearense, para análise dos efeitos do aquecimento global sobre a Igreja do Nosso Senhor do Bonfim. Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 2001, a Igreja do Bonfim chegou, em 2024, à marca de 250 anos, sendo uma das construções mais antigas do município.

Publicado em setembro deste ano na Energy & Buildings, um dos periódicos de comunicação científica mais prestigiados do mundo na área, o trabalho concluiu que a ilha de calor verificada no local resulta em um estresse térmico nas edificações, acelerando o desgaste estrutural.

Com estimativas de elevação da faixa de temperatura na cidade para acima dos 41 graus, entre os anos de 2050 e 2100, os cientistas projetam uma elevação de 400% nas movimentações térmicas na alvenaria na Igreja do Nosso Senhor do Bonfim, em comparação aos níveis atuais. Essas mudanças deverão provocar o aumento de fissuras nesta e em outras construções do município.

Imagem: Fachada de Igreja em Aracati

Apesar de a pesquisa ter sido realizada em Aracati, o coordenador do estudo, Prof. Esequiel Mesquita, informa que os danos apontados são irreversíveis e previstos não apenas para o município cearense. Tendo em vista as construções de alvenaria serem as mais vulneráveis às mudanças climáticas, essas consequências podem ser sentidas em sítios históricos similares do Brasil.

Os dados da pesquisa demonstraram que a elevação da temperatura vai provocar uma degradação generalizada nas construções históricas brasileiras, e isso vai requerer mais esforços para manutenção, com elevação de custos e necessidade de reparos cada vez mais frequentes. “E isso não é sustentável de nenhum ponto de vista”, alerta o pesquisador.

As próximas etapas do projeto preveem levantamentos de outros centros históricos de municípios do Ceará – Viçosa do Ceará e Sobral – e do Brasil – Recife (PE), Ouro Preto (MG) e Rio de Janeiro (RJ). A meta da equipe é que, ao final dos levantamentos, sejam elaboradas ferramentas para a gestão do patrimônio cultural edificado do País.

O assunto é tema de reportagem da Agência UFC, veículo de divulgação científica da Universidade.

Fonte: Prof. Esequiel Mesquita, do Laboratório de Experiência Digital, do Instituto de Arquitetura, Urbanismo e Design da UFC – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

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