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Debate sobre movimento estudantil na UFC encerra programação do seminário Sementes de Lutas

A mesa “O movimento estudantil na UFC”, realizada na sexta-feira (13), marcou o encerramento da programação de inauguração do Espaço Cultural Bergson Gurjão Farias, localizado no térreo da Reitoria da Universidade Federal do Ceará (UFC). O debate fez parte do seminário Sementes de Lutas e contou com a participação de personalidades importantes para a trajetória do movimento estudantil no Ceará.

Do dia 10 ao dia 13 de dezembro, a programação contou com mesas de debate; exposição de fotos, vídeos, documentos e objetos que contam a história do movimento estudantil; momento de reconciliação histórica com ex-militantes do movimento estudantil na UFC que foram perseguidos de alguma forma pela ditadura militar; e lançamento de livros.

Imagem: A imagem retrata uma mesa de debate composta por seis pessoas, em um auditório. Os participantes estão sentados atrás de uma mesa longa de madeira com a inscrição "Universidade Federal do Ceará" na frente. O evento parece ser formal e acadêmico.  Ao fundo, uma tela de projeção exibe o título "Sementes de Lutas", indicando o tema da discussão. A frase "Aqui está presente o Movimento Estudantil" também aparece no slide projetado, reforçando a relação com pautas estudantis.  Cada participante está vestindo roupas formais ou semi-formais, e todos estão posicionados em frente a microfones. Eles parecem atentos e engajados, como se estivessem discutindo ou ouvindo a fala de um colega.  No público, várias pessoas estão sentadas em cadeiras, algumas com cabelos grisalhos, sugerindo diversidade de idades. Uma pessoa na plateia segura um celular, possivelmente registrando o momento. O ambiente é claro e bem iluminado, típico de um evento acadêmico em um auditório.

O evento faz parte das ações em celebração dos 70 anos da UFC. Segundo o reitor Custódio Almeida, o momento foi escolhido para ser “uma espécie de ápice das celebrações”, devido à importância do movimento estudantil para a história da Instituição e do simbolismo do ato de reconciliação com os egressos. “É um evento que está fazendo gerações de diferentes épocas da UFC se encontrarem. E de fato é muito bom ver pessoas de 20 até quase 90 anos se encontrarem durante toda a semana por conta da inauguração do Espaço Cultural Bergson Gurjão, e do lançamento do livro sobre a ditadura [...] é um momento de grande alegria e que nos inspira muito”, celebrou.

Na mesa de encerramento, os participantes compartilharam lembranças e experiências vividas durante suas participações em centros acadêmicos e no Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFC e dissertaram sobre as formas que essa participação contribuiu para as trajetórias pessoais e profissionais deles. O debate foi mediado por Paulo Mota, jornalista, sociólogo e diretor de Marketing da Companhia de Gás do Ceará (CEGÁS).

Veja outras imagens da mesa no Flickr da UFC

Luizianne Lins, jornalista, deputada federal e ex-prefeita de Fortaleza, relembrou a época em que presidiu o DCE da UFC ao lado de uma vice-presidenta. A resistência, o preconceito de gênero, a luta política e o reverberar dos aprendizados da militância estudantil em seus mandatos políticos foram destaques de sua fala. André Figueiredo, deputado federal e ex-diretor do DCE, e a professora Helena Martins, do curso de Publicidade e Propaganda e ex-membra do Diretório Acadêmico de Comunicação da UFC, também rememoraram os embates, amigos e momentos históricos que vivenciaram durante o período em que estiveram à frente do movimento.

O ex-deputado José Genoíno, um dos principais homenageados da programação, explica que, para ele, o seminário traz para o futuro as lições do passado: “estamos encerrando essa semana numa data histórica, 13 de dezembro, o dia do Ato Institucional nº 5, que legalizou e institucionalizou a ditadura militar no Brasil, a ditadura terrorista. E eu acho que essa lembrança é importante para iluminar o futuro. É como um carro que tem o para-brisa e o retrovisor. Para mim, foi um evento muito significativo, eu participei dele com emoção, com muita racionalidade, mas também com muito compromisso de resgatar o papel da Universidade e a interação com a sociedade, com as políticas públicas e com a agenda que o País está discutindo”, refletiu.

LANÇAMENTO DE LIVROS – Como parte da programação, no dia 12 foram lançados os livros José Genoíno, uma vida entrevista, de Salvio Kotter e Nicodemos Sena, e Parangaba – memórias de um combatente, de Carlos Cardoso. O evento contou com a presença dos dois biografados: José Genoíno e Parangaba, pseudônimo de Carlos Augusto Lima Paz.

Imagem: A imagem mostra uma cena em um auditório ou sala de evento, com várias pessoas sentadas em cadeiras, aparentemente participando de alguma atividade ou apresentação.  Em destaque, uma mulher de cabelos longos e óculos lê um livro intitulado "José Genoíno: Uma vida entrevista". A capa do livro apresenta uma foto em preto e branco de um homem, provavelmente José Genoíno, uma figura histórica importante. A mulher segura o livro com as duas mãos e parece concentrada na leitura.  Ao redor dela, outras pessoas também estão sentadas. Algumas estão olhando para frente, como se prestassem atenção em algo fora da imagem. Há diversidade no público: pessoas mais jovens, algumas usando máscaras e outras com cabelos grisalhos, sugerindo um grupo misto em termos de idade e aparência.  O ambiente é iluminado e as cadeiras parecem estar organizadas em fileiras, como é comum em eventos públicos, acadêmicos ou palestras.

Resultado de uma conversa que se estendeu por três dias entre autores e biografado, o livro sobre Genoíno narra a trajetória do político brasileiro, desde sua formação política e religiosa no sertão cearense, passando pela resistência à ditadura militar (1964-1985), com a formação da Guerrilha do Araguaia, até o enfrentamento dos processos relativos ao Mensalão. A obra foi publicada a partir da parceria entre as duas editoras fundadas pelos escritores, a Kotter e Letra Selvagem.

Veja outras imagens do lançamento no Flickr da UFC

Parangaba – memórias de um combatente resgata a trajetória do cearense Carlos Augusto Lima Paz, engenheiro agrônomo, gestor e ex-integrante do movimento estudantil no estado. O apelido Parangaba surgiu ainda na época das aulas do Liceu, onde ele, com 14 anos, já ensaiava pequenos atos de revolução.

“O livro faz a minha história, relata as minhas opções, as minhas escolhas desde quando eu vivi aqui no Ceará, de 64 a 68, portanto é um lugar simbólico e muito importante para lançar este livro. Agradeço muito esse espaço que a Universidade ofereceu. O debate foi muito significativo porque fiz isso junto com meu amigo e companheiro de luta Parangaba, o Carlos Augusto Paz. De uma certa maneira, a gente fica tomado por uma emoção racional ao lançar uma história que não é parada no tempo, mas uma história que caminha para o futuro”, declarou José Genoíno.

ESPAÇO CULTURAL – O novo espaço cultural materializa um compromisso assumido desde o início pela nova gestão da UFC: o de ampliar o funcionamento essencialmente administrativo do prédio da Reitoria, tornando-o também um local para atividades e projetos culturais e artísticos, aberto à comunidade e em constante diálogo com a sociedade. Para isso, algumas unidades administrativas foram realocadas, de maneira a disponibilizar salas para a construção do novo equipamento.

Imagem: A imagem mostra uma exposição em um corredor ou galeria com um longo painel coberto de textos, imagens e documentos organizados de forma linear. A parede branca é preenchida com informações, possivelmente contando uma linha do tempo ou apresentando conteúdo histórico e informativo.  No centro da imagem, uma mulher de cabelos castanhos, usando óculos, uma blusa clara e um shorts laranja, está olhando atentamente para os textos do painel. Ela segura um livro vermelho sob o braço e leva a mão ao queixo, demonstrando interesse e reflexão.  Outras pessoas também estão no local, interagindo com a exposição. À direita, uma pessoa com roupa vermelha e cabelos castanhos está parcialmente visível. Mais ao fundo, outras pessoas, incluindo alguém usando chapéu preto, observam o painel ou seguram livros semelhantes ao da mulher central.  O ambiente é bem iluminado e parece organizado, típico de espaços culturais ou educacionais, como museus, universidades ou centros de exposição.

Aprovado pelo Conselho Universitário (CONSUNI) em 18 de novembro, o nome Espaço Cultural Bergson Gurjão Farias é uma homenagem póstuma ao ex-estudante da UFC perseguido e morto pela ditadura militar brasileira. Sua história simboliza a virulência e o autoritarismo da ditadura militar. Bergson Gurjão era aluno do curso de Química da UFC de 1967 a 1969, quando foi expulso por ordem da ditadura, por sua atuação no movimento estudantil da época.

Para seguir na luta pela redemocratização do País, ele entrou na clandestinidade e acabou sendo morto violentamente por militares na região do Araguaia em 1972. Os restos mortais de Bergson só foram entregues à família e velados em 2009.

Outras imagens do seminário Sementes de Lutas e da inauguração do Espaço Cultural Bergson Gurjão Farias estão disponíveis no Flickr da UFC

Fonte: Coordenadoria de Articulação Política Institucional – fone: (85) 3366.7328

Endereço

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