Aniversário da UFC reúne palestra, lançamento de livros, homenagem e shows do Festival UFC de Cultura
- Terça, 17 Dezembro 2024 17:57
- Escrito por UFC Informa
Um público de familiares, amigos e membros da comunidade acadêmica lotou as arquibancadas da Concha Acústica na noite de segunda-feira (16) para prestigiar os agraciados com a Medalha UFC 70 Anos. Os 140 servidores docentes e técnico-administrativos, colaboradores terceirizados e membros da sociedade civil indicados pelas unidades acadêmicas e administrativas e referendados por unanimidade pelo Conselho Universitário (CONSUNI) foram reconhecidos por seus pares como protagonistas na construção dos 70 anos de história da Universidade.
A vice-reitora da UFC, Diana Azevedo, abriu as falas da noite registrando o “exercício de memória” que a data do aniversário da UFC inspirava aos que, como ela, têm relação com a trajetória da Instituição. “Eu nasci na Maternidade-Escola Assis Chateaubriand, tenho um pai que foi professor desta Universidade e as minhas primeiras memórias deste espaço em que estamos data do início dos anos de 1970, quando havia um parquinho infantil na Reitoria, onde meu pai costumava me trazer”, contou.
À frente da organização do ciclo comemorativo do natalício da Universidade, a professora também elencou as várias iniciativas que integram a celebração. A Caravana UFC 70 Anos, realizada em parceria com o jornal O Povo; o programa de entrevistas Pessoal da UFC; a biografia da UFC, que será lançada pelo jornalista Lira Neto; e o documentário dirigido pelo cineasta Wolney Oliveira sobre os 70 da Universidade, que estreará no Festival Cine Ceará de 2025, foram alguns exemplos citados por Diana Azevedo.
Compartilhando também a emoção de estar na condição de vice-reitora no momento em que a Universidade celebra seu septuagésimo ano de existência, ela reiterou que “na figura de vocês, a gente homenageia todos aqueles que dedicaram suas vidas, seus trabalhos, seu sangue, suor e lágrimas na construção desta Instituição”. Como intenção para a atuação futura dos agraciados e de todos aqueles que integram a comunidade acadêmica, a também titular da Pró-Reitoria de Inovação e Relações Interinstitucionais (PROINTER) desejou: “Espero que vocês continuem levando a defesa de uma universidade pública, gratuita e de qualidade”.
A gratidão deu o tom do discurso seguinte, proferido pelo reitor Custódio Almeida, que explicou que a meta inicial de homenagear 70 pessoas teve de ser dobrada “porque a história da UFC, para ser bem contada, precisaria incluir mais gente”. Para o dirigente máximo da Instituição, a escolha das homenagens no “ápice das comemorações dos 70 anos, dia 16 de dezembro de 2024”, foi uma forma de, mais uma vez, “contar a história viva da Universidade Federal do Ceará”.
Custódio Almeida destacou que os agraciados “representam a história viva, inspiradora e que nos dá muito orgulho. Cada um dos homenageados desta noite conta essa história de um determinado período da UFC, e o que vocês compartilham e que nós estamos celebrando é a trajetória de uma instituição que faz muito bem para o Ceará, para o Brasil e para o mundo”.
Após a entrega das medalhas, que se seguiu depois o discurso do reitor, ele retomou a palavra para destacar o que o certificado entregue aos homenageados trazia: “Nas celebrações de 70 anos, a UFC acende suas luzes e homenageia você, que faz essa história brilhar”.
Representando os homenageados da noite, a professora Maria Elias Soares, atualmente à frente da Escola Integrada de Desenvolvimento e Inovação Acadêmica (EIDEIA), apontou o reconhecimento das unidades acadêmica e administrativas aos homenageados por cumprir “sua missão de maneira exitosa e inspiradora”, mostrando que “a história de sucesso da UFC é sobretudo uma vitória coletiva”. Para a docente, “este é um ato de valorização da trajetória de trabalho dessas pessoas que construíram e vão continuar construindo a história da Universidade Federal do Ceará”.
Ao defender que “todas as conquistas revelam a vontade de superar desafios numa empreitada conduzida por milhares de mãos, de cérebros e de corações”, a docente apontou também que a atuação daqueles que fazem a Universidade Federal do Ceará deve ocorrer “com uma postura que deverá denotar comprometimento com a causa da educação pública, gratuita e de qualidade; a primazia da transparência e da ética administrativas; maior integração entre ensino, pesquisa e extensão; fortalecimento e institucionalização do papel político-acadêmico das unidades acadêmicas no âmbito da UFC; construção de uma gestão democrática e participativa; favorecimento de um ambiente e relações de trabalho saudáveis, mas, especialmente, união, coragem, paixão e brilho”.
FESTIVAL UFC DE CULTURA – Após a entrega das medalhas, a noite continuou com a abertura da décima edição do Festival UFC de Cultura, que retorna ao calendário da Instituição após sete anos de pausa. Primeiro a subir ao palco, o Grupo de Música Percussiva Acadêmicos da Casa Caiada animou os presentes para receber a atração principal: a cantora Lorena Nunes, que entregou um repertório de canções autorais e de sucessos da música cearense, acompanhada de nomes como Mona Gadelha, Rodger Rogério, Mulher Barbada e Tóri Teixeira, artista do curso de Letras da UFC.
O Festival UFC de Cultura segue até dia 21 de dezembro, com diversas atrações na Conha Acústica e em outros espaços da Reitoria.
ATIVIDADES – Antes da festa na noite de ontem, a programação de aniversário dos 70 anos incluiu outras duas atividades no período da tarde: a palestra “Enxergar o futuro” e o lançamento dos livros vencedores do Edital Coleção Flecha, ambos promovidos pela Editora UFC.
A palestra trouxe Hélder Eterno da Silveira, docente titular do Instituto de Química da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) para falar sobre os desafios e as oportunidades do ensino superior no planejamento para o futuro.
Licenciado e bacharel em Química pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com especialização e mestrado em Educação Brasileira pela mesma instituição e doutorado pela UNICAMP, Hélder teve sua trajetória educacional e acadêmica marcada pelo enfrentamento da vulnerabilidade social.
Negro, oriundo de família com poucos recursos, precisou lutar contra o racismo e a exploração desde muito cedo. Para ir à escola, gastava uma hora a pé na ida e outra na volta. Trabalhou em plantação de café, como entregador e aplicando medicamentos injetáveis em farmácia. Terminando o ensino médio, optou pelo curso de Química, tendo sido o primeiro da família a acessar a universidade.
Foi essa experiência pessoal, aliada à capacitação técnica, que lhe deu destaque em todos os cargos de gestão que ocupou e projetos que coordenou ao longo da carreira, sempre com foco na construção de políticas públicas para democratização e fortalecimento do ensino superior.
“Universidade é lugar de libertação, de pensamento e autonomia e, por isso, uma instituição fundamental. Ela hoje acolhe sobreviventes do sistema, como eu”, resumiu Hélder. Ao longo da palestra, o docente trouxe análises e ideias que podem contribuir para a grande missão de qualquer universidade: promover o desenvolvimento profissional, científico e intelectual a partir da inclusão, da diversidade e da equidade social.
Investimentos em infraestrutura, financiamento do Estado, aprimoração de currículos e projetos pedagógicos, promoção da extensão, pesquisa e inovação, adoção de práticas modernas de gestão e políticas de assistência estudantil foram medidas citadas como cruciais, simultaneamente à construção de um ambiente acolhedor das diversidades socioculturais, que gere identificação nos estudantes.
Na sequência, foi a vez de ouvir os autores selecionados na chamada pública para a Coleção Flecha. Idealizada com o objetivo de lançar obras que abordassem os desafios do Brasil no século 21, a coleção chega ao público com cinco títulos sobre temas bem diversos entre si, tratados de maneira acessível, no sentido de fomentar o pensamento crítico e sensível dos leitores.
“Essa é a primeira coleção concebida pela atual gestão da Editora UFC. São obras de qualidade e relevância social, lapidadas em uma parceria entre autores e editores”, explicou a vice-diretora da Editora UFC, Juliana Diniz. Focada na promoção da transparência, da democratização de acesso ao livro e na profissionalização de sua equipe, a editora inicia uma nova fase, apostando no poder transformador da leitura.
Representando os colegas que com ela escreveram Atlas do hidrogênio verde no Brasil, a engenheira química e vice-reitora da UFC Diana Azevedo ressaltou o caráter consultivo e de referência do livro, ao trazer um mapeamento nacional de pesquisas, projetos e iniciativas com o chamado hidrogênio de baixa emissão de carbono.
Também compôs a mesa a jornalista, militante e doutoranda travesti Dediane Souza, que apresentou o livro Dando o nome: narrativa de humanidade de travestis, uma adaptação da sua dissertação de mestrado. Nele, a autora mergulha na defesa dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, enquanto analisa estratégias usadas pela sociedade que desumanizam essa parcela da população.
Autor de Dower: uma história no Araguaia, o médico Daniel Pinheiro falou sobre a decisão e o processo de reconstituir as memórias de seu tio, o médico e professor universitário cearense Dower Moraes Cavalcante, que lutou, foi preso e torturado na Guerrilha do Araguaia.
“Nos arquivos pessoais da família encontramos mais de mil páginas escritas, e foi esse material que serviu de base para o livro”, relatou Daniel. Uma curiosidade interessante trazida para a conversa foi a contribuição de Dower para a localização dos restos mortais do ex-estudante da UFC Bergson Gurjão, que também lutou no Araguaia e foi assassinado pelos agentes da ditadura militar brasileira. Em uma justa homenagem, hoje ele dá nome ao Espaço Cultural Bergson Gurjão Farias, inaugurado recentemente na Reitoria da UFC.
Logo após, foi a vez da professora Ticianne Darin, do curso Sistemas e Mídias Digitais da UFC, falar sobre Manual da autonomia digital: bem-estar na experiência do usuário. O livro apresenta um olhar sobre a interação entre a tecnologia e o bem-estar humano, destacando a importância de uma abordagem consciente no design de produtos digitais.
“Como determinada tecnologia é criada, e por que é criada daquela maneira? Nosso objetivo era falar sobre o que está por trás dessas decisões e estratégias, de que maneira o uso dessas tecnologias afeta nossa mente, mas em uma linguagem acessível”, resumiu a autora.
Por fim, José Maria Monteiro, professor do Departamento de Computação da UFC, representando os colegas autores Helena Martins (professora da UFC) e Pedro Jorge Mourão (doutor em Sociologia), falou sobre República do ódio: a dinâmica da extrema direita no WhatsApp. O livro origina-se de uma pesquisa de dados feita por Pedro Mourão sobre a atuação de grupos brasileiros de extrema direita em aplicativos de mensagens (WhatsApp e Telegram) no período da eleição presidencial de 2018.
A partir desse material, os autores construíram análises sobre a dinâmica e o modo de operação da extrema direita em plataformas de mensagem instantânea, incluindo também o período da eleição presidencial de 2022. “Esse livro é o fechamento de uma etapa, de tudo que aprendemos nos últimos seis anos”, comentou Monteiro.
A diversidade entre os temas trouxe um público significativo para o auditório da Reitoria, que ficou lotado durante toda a conversa. Após a mesa, todos os autores participaram de uma sessão de autógrafos.
Fonte: Pró-Reitoria de Cultura da UFC – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. / fone: (85) 3366.9281 / Secretaria de Comunicação e Marketing (UFC Informa) – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.