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Vice-reitora recebe embaixador da Ucrânia no Brasil; UFC e universidades ucranianas vão mapear grupos de pesquisa com interesses afins

A vice-reitora da Universidade Federal do Ceará, Profª Diana Azevedo, recebeu, nessa terça-feira (12), o embaixador da Ucrânia no Brasil, Andrii Melnyk. Diana, que também responde pela Pró-Reitoria de Relações Interinstitucionais da UFC, estava no exercício da Reitoria devido a agenda do reitor Custódio Almeida na Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES), em Brasília, e reuniu-se com o diplomata no Salão Dourado.

Imagem: De pé, no Salão dourado da Reitoria, o embaixador Andrii Melnyk e a vice-reitora Diana Azevedo sorriem e seguram juntos o livro Viva UFC, de capa azul. Ele veste terno escuro e ela, blazer marrom. (Foto: Viktor Braga/UFC Informa)

Melnyk, que foi ministro adjunto de Relações Exteriores da Ucrânia e embaixador do país na Alemanha, tem quase o mesmo tempo de gestão que a atual administração da UFC, tendo assumido a função em setembro deste ano. Ao recepcioná-lo, a Profª Diana o presenteou com um exemplar do livro bilíngue Viva UFC, ao passo que ganhou, em retribuição, uma edição da obra “100 Acontecimentos-Chave da História Ucraniana”, de Yurii Soroka.

No início do encontro, a vice-reitora no exercício da Reitoria fez uma explanação breve sobre a presença geográfica da UFC e a história do prédio da Reitoria e de edificações próximas, como as Casas de Cultura Estrangeira. Explicou também como funciona o acesso às universidades públicas no Brasil participantes do Sistema de Seleção Unificada (SISU) e a reserva de vagas para estudantes cotistas. Chegou ainda a situar o embaixador sobre os reflexos do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), implantado em 2007 e que teve grandes impactos no desenho que tem hoje a UFC.

“Até o começo do século XXI, a Universidade estava centralizada na capital, Fortaleza. Aí, no segundo Governo Lula começou um grande programa de expansão do acesso ao ensino superior, às universidades públicas, principalmente, mas também às universidades particulares, com generosos programas de financiamento estudantil. Dentro de dez anos, de 2005 a 2015, dobramos de tamanho”, relatou a professora, salientando que, embora tenha havido grandes avanços, o projeto original de expansão não chegou a ser concluído, devido a mudanças no cenário político.

Veja outras imagens do encontro no Flickr da UFC

A vice-reitora no exercício da Reitoria  da UFC destacou o quanto ações afirmativas priorizadas em um passado recente influenciaram o perfil do público atendido pelas atividades-fim da UFC. “Quando meu pai fez parte da primeira turma de Engenharia Mecânica, a UFC era uma Universidade elitista. As pessoas se sentiam excluídas só de olhar para os alunos e professores. Isso mudou muito e tem mudado a vida de muitas pessoas. Hoje, vemos aqui muitos jovens brilhantes, em muitos casos as primeiras pessoas de suas famílias a entrar na Universidade”, acrescentou Diana.

O embaixador demonstrou especial interesse em mobilizar não só os órgãos responsáveis pelas relações exteriores e pela educação nos dois países, mas em outros países do Leste Europeu, já que as relações internacionais da UFC se concentraram historicamente em nações como Estados Unidos, países da Europa ocidental, América Latina e, mais recentemente, Ásia. “É claro que entendemos que o foco, até mesmo politicamente, tem muito a ver com as relações “Sul-Sul”, com a China e o tradicional mundo ocidental, que obviamente continuará a ter um papel importante. Mas a Europa oriental vem desempenhando um outro papel hoje, até mesmo dentro da União Europeia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN)”, disse Andrii Melnyk, mencionando a Universidade de Lviv (localizada no Oeste da Ucrânia e a mais antiga do país, criada em 1661), onde se doutorou, como potencial parceira para a UFC. 

Imagem: Sentados no sofá, no Salão Dourado da Reitoria, o embaixador Andrii Melnyk e a vice-reitora Diana Azevedo conversam. (Foto: Viktor Braga/UFC Informa)

Ainda segundo o representante, a questão do conflito bélico em curso entre seu país de origem e a Rússia tem tido impacto nas atividades de algumas instituições de ensino ucranianas em áreas mais afetadas, mas o embaixador destacou que elas não pararam em momento algum. De acordo com informações de portais noticiosos, os últimos acontecimentos acarretaram remanejamento de atividades acadêmicas para outras regiões do país ou mesmo para países vizinhos.

Em paralelo aos efeitos nocivos da guerra, Melnyk frisou que tem despertado um novo olhar da comunidade internacional para os países eslavos. “De forma similar ao que vemos na América Latina, temos países que nem sempre receberam a devida atenção e que, hoje, querem ser vistos e tratados de igual para igual. Então, talvez possamos tentar aumentar o interesse nessas regiões e ver o que pode ser feito em relação aos estudos sobre o leste europeu em várias partes do mundo”, afirmou, destacando que algumas universidades ucranianas contam com centros dedicados a estudos latinoamericanos.

No tocante a pesquisa e inovação, o visitante mencionou ter conhecimento de que a UFC se mantém como a melhor universidade do Norte-Nordeste em muitos rankings e figura há anos entre as universidades brasileiras de melhor desempenho. Em resposta, a Profª Diana Azevedo falou brevemente sobre os programas de pós-graduação da UFC com notas 6 e 7, considerados de excelência internacional.

Ambos trataram, em seguida, da política de mobilidade internacional e intercâmbio acadêmico no Brasil e na Ucrânia, a oferta de módulos bilíngues na pós-graduação e outros mecanismos de cooperação bilateral. “Uma das coisas que começamos a fazer e provou ser interessante foram os cursos online de curta duração, que envolvem grupos bilíngues de diferentes países e, com bastante frequência, o que chamamos de hackathon, um desafio tecnológico em equipes. Fizemos um recente com estudantes aqui e de Israel, e foi muito interessante porque no final, invocou excelentes soluções para combater esse abismo entre as capitais e a periferia”, exemplificou Diana.

Os encaminhamentos acordados pós-reunião pela vice-reitora e pelo embaixador foram o agendamento de videoconferências, previstas para o início de 2024, entre os gestores da UFC e de universidades ucranianas, além do compromisso de ambas as partes em realizar um mapeamento de grupos de pesquisa com interesses afins, bem como em desenhar possibilidades de novos convênios e programas de intercâmbio.

“Esperamos promover estudos sobre o leste europeu aqui e sobre a América Latina na Ucrânia, tentando promover um novo olhar mútuo. Devido à distância geográfica, nem sempre olhamos tão longe, geralmente só olhamos em volta. Mas acredito que valha a pena a tentativa”, disse o diplomata. "Vamos sair um pouco do lugar comum dos parceiros a que estamos acostumados e nos aproximar de um país com o qual temos condições de fazer uma internacionalização em bases igualitárias", adiantou a Profª Diana.

Durante sua agenda em Fortaleza, o embaixador Andrii Melnyk também se reuniu com o prefeito de Fortaleza, José Sarto Nogueira, e visitou um grupo de comunicação local.

Fonte: Gabinete da Reitoria – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.  

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