Com presença do ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, cursos do projeto Estação Favela certificam primeiros concludentes
- Quinta, 04 Julho 2024 14:39
O projeto Estação Favela, iniciativa da Universidade Federal do Ceará (UFC) financiada pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDH), com o apoio da Central Única das Favelas (CUFA), certificou ontem (3) a primeira turma do curso de Introdução à Produção Cultural e Direção de Palco. A formação integra uma leva de 40 cursos de capacitação ofertados em territórios periféricos de Fortaleza.
O evento foi realizado na sede da CUFA no bairro Barroso e contou com a presença do ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida; da vice-reitora no exercício da Reitoria da UFC, Profª Diana Azevedo; do ativista, empresário e presidente global da CUFA, Preto Zezé; e da coordenação do projeto, além de integrantes da CUFA, parlamentares e membros da administração e da comunidade acadêmica da UFC.
Representando a UFC, a vice-reitora Diana Azevedo relembrou a “lógica perversa” que marcava o acesso ao ensino superior até pouco mais de uma década. “Finalmente, no começo deste século, a UFC deixou de ser uma instituição majoritariamente ocupada pela elite financeira da sociedade e passou a entrar em todos os rincões. Muitos acham que isso foi um benefício somente para quem teve acesso através da Lei de Cotas, mas eu diria que igual ou maior foi o benefício daqueles não cotistas, que passaram a conviver com a diversidade presente na sociedade brasileira”, opinou a professora.
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Diana também enfatizou o processo de troca que envolve as atividades extramuros da academia e dá sentido à prática extensionista, um dos tripés da missão universitária: “O TED [Termo de Execução Descentralizada, enviado pelo MDH] e os cursos que celebramos aqui são exemplos nos quais a Universidade de fato reconhece que não é a única detentora do conhecimento, responsável por lançar pérolas de sabedoria para a sociedade; e sim é parte de um diálogo, ocupando um lugar não somente de ensinar mas também de aprender”.
Para Morgana Sampaio, coordenadora do projeto Estação Favela, a aproximação entre a UFC e as comunidades periféricas vai além do compromisso educacional, adentrando também a seara da justiça social. “Com mais de 40 cursos planejados até o próximo ano em Fortaleza, o estação Favela tem despertado entusiasmo tanto na equipe que está nos territórios mobilizando pessoas, quanto nos alunos, que se beneficiam de um aprendizado teórico e prático. A presença do ministro Silvio Almeida na certificação da primeira turma é um reconhecimento do impacto positivo dessa iniciativa”, avaliou a servidora.
Para Preto Zezé, é nítido que chegou a hora de superar a imagem cristalizada de que as notícias que circulam sobre os territórios periféricos são necessariamente trágicas e negativas, dignas somente dos noticiários policiais. “Estamos escrevendo aqui uma história que irá para os cadernos de política, de educação, de iniciativas positivas. Assim que ‘quebramos’ os muros da Universidade e trazemos a academia, os professores universitários, os estudantes para mais perto. Já que, recentemente, a favela ocupou a Universidade, já era hora de a Universidade também ocupar a favela”, defendeu o ativista.
O ministro Silvio Almeida disse, em sua fala, que as universidades públicas são espaços cruciais para a construção das políticas de direitos humanos no Brasil, já que a importância social do ecossistema por elas composto não encontra paralelo nem nos países mais desenvolvidos do mundo. “Não se pode cair no papo de que filho de pobre não precisa fazer curso superior, isso é conversa de gente hipócrita e elitista. A universidade é um espaço de socialização, de conhecer pessoas, novas possibilidades de existir”, definiu o titular da pasta cidadã.
Silvio questionou que, à primeira vista, pareça estranho às pessoas que a pasta esteja envolvida na promoção de cursos de produção cultural e artística, como foi a primeira turma do Estação Favela. “Sabe o que é estranho? A gente não ter feito isso antes. A política de direitos humanos deve ter no mínimo quatro elementos essenciais: proteção à vida, presença do poder público, comunicação e informação e, por fim, o direito à educação e à cultura. Tudo isso promove os direitos humanos e a cidadania. A palavra que define os direitos humanos é cuidar. Não há nem segurança pública sem direitos humanos”, sintetizou o ministro.
Representando os alunos concludentes ao lado do amigo Ronaldo Almeida, a formanda Talita Silva, da primeira turma de produção cultural do Estação Favela, comentou que, mesmo com a prática acumulada em eventos e promoções teatrais, faltava-lhe uma certificação, que tem ainda bastante peso na busca de oportunidades. “No curso, tivemos a chance de ver o processo todo por dentro. Visitamos equipamentos culturais, como a Estação das Artes. A professora Thais Xavier foi maravilhosa. Eu me sinto pronta agora”, relatou a estudante, acrescentando por meio de suas redes sociais que “favela não é carência, favela é potência”.
Fonte: Gabinete da Reitoria – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.