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Música, teatro e dança nas noites do Festival UFC de Cultura

Depois de um dia repleto de debates, oficinas, minicursos e exposições, o IV Festival UFC de Cultura – Caminos de Nuestra América promove, nas noites de 17 a 21 de outubro, uma eclética programação gratuita e aberta à comunidade de shows e espetáculos de teatro e dança. Ao todo, 15 atrações locais, regionais e internacionais subirão nos palcos da Concha Acústica, no Benfica, e do Campus do Pici para celebrar o ecletismo cultural das artes do continente latino-americano.

SEGUNDA-FEIRA – Quem abre a programação noturna do Festival, no dia 17 de outubro, a partir das 19h, na Concha Acústica, é o cantor Marcos Lessa, selecionado através da etapa classificatória da Mostra de Bandas Universitárias da UFC, realizada nos dias 6 e 7 de setembro. Em seguida, sobe ao palco o veterano grupo Tarancón. Formada por Emilio de Angeles, Jorge Miranda, Ademar Farinha, Moreno Overá, Lucia Nobre, Jonathan Andreoli e Natália Gularte, o grupo deu início à sua trajetória no meio estudantil, ainda na década de 1970. É pioneiro, no Brasil, em misturar música brasileira e latino-americana. De lá para cá, já foram mais de 3.500 apresentações, na companhia de artistas bolivianos, chilenos, cubanos, paquistaneses, marroquinos, espanhóis, argentinos, turcos, nicaraguenses, paraguaios, peruanos e uruguaios. O público que comparecer ao show poderá conferir uma mescla de músicas brasileiras com andinas, xaxados com zamponhas, cumbias e pontos com apitos, rumbas com afoxés e chacareras com baião.

Depois do Tarancón, será a vez da cantora Marina de la Riva, estreando em Fortaleza. Filha e neta de exilados cubanos que vieram para o Brasil em 1964, Marina apresentará, além de suas raízes e ritmos latino-americanos, sambas e releituras do carnaval nordestino. O público verá uma mistura de sambas, marchinhas e baiões brasileiros com habaneras, congas e afoxés cubanos. Estão no repertório da cantora releituras de “Aos Pés da Santa Cruz” (de Mariano Pinto e Zé da Zilda), “Adivinha o quê?” (de Lulu Santos) e de “Bloco do Prazer” (de Moraes Moreira e Fausto Nilo), acompanhadas de “Pedacito de Cielo”, do cantor, compositor e pianista cubano Frank Dominguez, e da inédita “Este Mal de Amor”, do também cubano José Antonio Castilho, que Marina descobriu em uma de suas viagens a Havana.

TERÇA-FEIRA – A noite de terça-feira (18) reserva à Concha Acústica, no Benfica, espetáculos de dança e teatro. A primeira a se apresentar é a goiana Quasar Cia de Dança, que traz a Fortaleza o espetáculo “Céu na Boca”. O diálogo entre a tranquilidade do paraíso almejado e a realidade que vivemos é o mote da apresentação, que promove inovações no estilo criado pelo coreógrafo Henrique Rodovalho. A curiosidade pelas leis físicas e teorias do universo foi o ponto de partida para a concepção deste 22º espetáculo da Quasar, cuja estreia aconteceu em 2009. Além disso, explosões estelares, buracos negros e movimentos gravitacionais, como explica Rodovalho, serviram como alegorias no processo inicial de criação. “Porque o que mais interessava era colocar este contexto na construção de uma narrativa maior”, conta. Com figurinos de Cássio Brasil, o espetáculo possui narrativa não linear, onde são geradas ações, reações e relações impregnadas de ironia, desejo, frustração e humor. “Céu na Boca” transita entre a densidade e a leveza, pois “existe uma constatação de que os desencantos são parte da vida e que devemos tirar proveito disso”, revela Rodovalho, que também assina a iluminação e a cenografia da apresentação.

Logo após, a É Cia de Invenções Artísticas, da Bahia, apresenta a peça “MPB – Mulher Popular Brasileira”. É um espetáculo musical inteligente, que reflete de maneira divertida sobre as músicas brasileiras cuja temática é a mulher. Canções conhecidas do grande público, como “Amélia”, “Emília”, “Rosa”, “A Rita” e “Beatriz”, são executadas ao vivo e servem de ponto de partida para o desenrolar de situações surpreendentes. Dirigido por João Lima, o espetáculo da Companhia, composta pelo músico e ator Deco Simões e pelas atrizes Iara Villaça e Karina de Faria, foi criado depois de nove meses de pesquisa coletiva. Completam a peça os atores/músicos Janaína Carvalho (escaleta), Tarsila Passos (teclado) e Gilmário Celso (percussão).

QUARTA-FEIRA – Dando início à programação de shows no Campus do Pici, a noite será aberta, às 19h, por mais um grupo musical classificado através da Mostra de Bandas Universitárias do Festival: os Selvagens à Procura da Lei. Em seguida, acontece show do grupo argentino Terraplen. Produzido pelo premiado músico e compositor Gustavo Santaolalla, vencedor do Oscar de Melhor Trilha Sonora Original pelos filmes Brokeback Mountain (2005) e Babel (2006), o Terraplen mistura folclore argentino com as novas tendências da música eletrônica. O resultado são canções de caráter vanguardista em meio a ritmos do cone sul, como bagualas, zambas, carnavalitos, milongas e vidalas, equilibrando instrumentos tradicionais e eletrônicos e promovendo o melhor da atual música autoral da Argentina.

Quem encerra a noite de quarta-feira é o grupo carioca e alagoano Fino Coletivo – considerada a banda revelação de 2007 pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) – sobe ao palco para mais um show em Fortaleza em 2011, mas desta vez gratuito e aberto a todos. Formada por Adriano Siri, Alvinho Cabral, Alvinho Lancellotti, Daniel Medeiros, Donatinho e Rodrigo Scofield, a banda já lançou dois álbuns – “Fino Coletivo” (2007) e “Copacabana” (2010) – e deve tocar músicas que perpassam a sua trajetória, como “Boa Hora”, “Hortelã”, “Batida de Trovão” e “Fidelidade”. Também estarão no repertório sucessos do samba-rock nacional, como “Swing de Campo Grande”, gravada originalmente pelos Novos Baianos.

QUINTA-FEIRA – No Campus do Pici, a partir das 19h, abre a noite a banda Comparsas da Vivenda, outro grupo classificado na Mostra de Bandas Universitárias. Em seguida, haverá show da paulista Bruna Caram. Cantando pela primeira vez em Fortaleza, ela é mais uma integrante do time de artistas da nova geração da música popular brasileira que tem recebido elogios da crítica especializada. Formada em Educação Musical pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), Bruna apresentará o show de seu segundo álbum, “Feriado Pessoal”. O trabalho tem releituras de canções de sucesso do cancioneiro nacional – como “Quem Sabe Isso Quer Dizer Amor”, de Lô e Márcio Borges, gravada por Milton Nascimento no álbum “Pietá”, de 2003, e “Gatas Extraordinárias”, de Caetano Veloso – e músicas inéditas de compositores da nova MPB, a exemplo de “Nascer de Novo”, de Dani Black, filho de Tetê Espíndola.

Encerrando o quarto dia de Festival, o grupo carioca Pedro Luís e A Parede, eleito em 2011 como a melhor banda de pop/rock do País no 22º Prêmio da Música Brasileira, promete fazer muita gente cair no suingue. A PLAP, como o sexteto é conhecido, vai apresentar o repertório de seu mais recente DVD, “Navilouca Ao Vivo”, gravado há um ano no Circo Voador, tradicional casa de shows do boêmio bairro da Lapa, no Rio de Janeiro. Completando 15 anos de carreira, o grupo formado pelo músico e compositor Pedro Luís (voz, violão e guitarra) e pela “Parede” composta por C.A. Ferrari (bateria e percussão), Celso Alvim (bateria e percussão), Mário Moura (baixo), Sidon Silva (bateria e percussão) e Leonardo Saad (percussão) toca uma espécie de “brazilian batucada”, como batizou o percussionista Sidon no início da carreira da banda. Nada mais que a mistura de samba, suingue e rock que marca o estilo musical da PLAP em mais de uma década de trabalho pelos palcos brasileiros e estrangeiros.

SEXTA-FEIRA – Às 19h terá início o show de mais um grupo classificado na Mostra de Bandas Universitárias do Festival: o Galáctico Papa. Logo em seguida, sobe ao palco o cearense Artur Menezes, considerado um dos melhores músicos de sua geração. Ele vem despontando no cenário do blues ao mostrar virtuosismo com a guitarra e composições e interpretações que têm colecionado elogios da imprensa especializada. Ele dividiu o palco com a lenda Buddy Guy – guitarrista e cantor norte-americano de blues e rock que inspirou Jimi Hendrix – em recente temporada de quase dois meses em Chicago, nos Estados Unidos. Artur tem 26 anos de idade e 10 de carreira. O repertório será semelhante à apresentação que Artur fez, em agosto, no Projeto Blues na Faixa, do Centro Cultural São Paulo, na capital paulista: releituras, como “Red House”, de Jimi Hendrix; “Dangerous Mood”, de B.B. King; “Misirlou”, de Dick Dale; “Everybody Needs Somebody”, do Blues Brothers; e canções autorais do recém lançado álbum “Early to Marry”, como “I’m Never Satisfied”, “Please Give Me a Chance”, “Going Back Home” e “Tell Me How”.

As influências de Artur vão de Jimi Hendrix ao rei do baião, Luiz Gonzaga. Passa também por Albert Collins, Albert King, B.B. King, Stevie Ray Vaughan, Buddy Guy e Johnny Winter, além do funk de James Brown. Para se aprimorar, o artista cursou Música na Universidade Estadual do Ceará (Uece). E quando foi morar nos EUA, em 2006 e 2007, participou de jam sessions com John Primer, Charlie Love and The Silky Smooth Band, Linsey Alexander, Phil Guy, Brother John, Jimmi Burns e Big Ray, além de ter sido integrante da banda The Shakes, que prima pela tradição do blues elétrico, gravando com ela dois discos ao vivo. No Brasil, entre participações e abertura de shows, dividiu o palco com artistas do porte de Nuno Mindelis, Blues Etílicos, Magic Slim, Big Time Sarah, Scott Henderson, Rick Estrin, Peter Mad Cat e Baseado em Blues. Também já foi convidado por André Christóvam para participar de seu show no Bourbon Street, um dos mais importantes espaços para o blues no Brasil. “Early to Marry”, lançado pela Blues Time Records e distribuído pela Tratore, traz em nove faixas a sintonia do blues com o baião, além do soul, rock e funk. Artur Menezes é ainda um dos idealizadores do projeto ”Casa do Blues”, que prevê a realização de shows semanais com entrada gratuita, no bairro Benfica, em Fortaleza.

E para encerrar a noite e a programação do Festival, Fortaleza receberá, também pela primeira vez, um dos artistas mais representativos e premiados da nova geração da música brasileira, o paulistano Marcelo Jeneci. Jeneci apresentará o show de seu primeiro álbum, “Feito pra Acabar”, lançado em dezembro de 2010 e que vem colecionando boas críticas. “Felicidade”, desse disco, foi eleita a melhor música do ano pelo júri do Prêmio Multishow, realizado no último dia 6 de setembro. O trabalho de Jeneci é calcado em sua própria vivência musicial. Apesar de ter apenas um álbum com composições próprias, é instrumentista desde cedo. Hoje, aos 28 anos, tem no currículo mais de dez anos como músico acompanhante de variados nomes da música nacional, como Chico César. Entre seus parceiros de composição estão Arnaldo Antunes, Zélia Duncan e Vanessa da Mata.

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