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Especialista diz que América Latina precisa definir futuro do consumo na região

Em 2012, a América Latina registrou o maior consumo per capita em 20 anos. Sinal do aumento na capacidade de consumo, que se intensificou no continente ao longo da última década, puxado pelo crescimento da renda e pela maior oferta de crédito. Mas que futuro o atual cenário econômico guarda? O padrão atual na forma de consumir é sustentável a médio e longo prazos?

Essas e outras questões foram abordadas por Carlos Mussi, diretor do escritório da Comissão Especial para a América Latina e o Caribe (Cepal) no Brasil. Ele foi o principal expositor, nesta sexta-feira (16), da mesa "Olhares cruzados sobre o desenvolvimento sustentável". A exposição ocorreu na Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade (FEAAC), integrando o evento "Pacto para a Igualdade: em direção a um futuro sustentável", que durante dois dias abordou questões relacionadas à igualdade e sustentabilidade. O evento é uma promoção do Centro de Altos Estudos Brasil Século XXI.

Segundo Mussi, a alta no consumo de bens particulares pelas famílias não está sendo acompanhada pela melhoria dos serviços públicos essenciais, como educação, saúde e transporte. Ou seja, segue havendo uma alta segmentação social, algo que pode, inclusive, ser ampliado pelos moldes atuais de consumo.

Outro fator observado é o forte aumento na aquisição de bens importados, especialmente veículos, que em sua maioria são produzidos em países da Europa e Ásia. Além disso, há uma incógnita sobre o futuro na exploração dos recursos naturais, atualmente o grande sustentáculo do desenvolvimento na região.

"Mais consumo significa também mais energia e mais resíduos e isso não é sustentável", alerta Mussi. Para ele, um dos grandes desafios da região nos próximos anos é conjugar aproveitamento dos recursos naturais e avanço econômico para que haja diversidade produtiva. Outra questão que precisa ficar mais clara, segundo ele, é a forma como o Estado vai atuar na gestão desses recursos – discussão que o Brasil viveu recentemente em relação aos royalties do petróleo da camada pré-sal.

O especialista frisou ainda que o aumento da inflação será um componente econômico fundamental a ser combatido pelos governos dos países latinos, sob pena de haver retrocesso nos avanços obtidos.

A Profª Mônica Abreu, do Departamento de Administração da UFC, citou que a falta de maiores investimentos em inovação tecnológica também pode dificultar o crescimento dos países latinos nos próximos anos. "Estamos apenas consumindo, mas não estamos gerando tecnologia", advertiu. "Estamos vendo o esgotamento do regime de crescimento e teremos que buscar alternativas", completou o Prof. Jair do Amaral Filho, do Departamento de Teoria Econômica da UFC.

Também nesta sexta-feira foram realizadas ainda as mesas "O mundo do trabalho como locus da desigualdade" e "Pactos sociais".

Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social e Marketing Institucional – fones: 85 3366 7331 / 85 3366 7332

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