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Artigo tem repercussão internacional na área de recursos hídricos e economia

Imagem: Prof. José Raimundo Carvalho e o doutorando Diego de Maria André, do Caen (Foto: Jr. Panela)O primeiro capítulo da tese de doutorado (em andamento) do estudante Diego de Maria André, do Programa de Pós-Graduação em Economia (Caen) da UFC, foi publicado em um dos jornais internacionais de maior prestígio na área de gestão de recursos hídricos, de engenharia e de economia, o Water Resources Management. O estudo traz elementos que apontam, entre outras coisas, a necessidade de considerar o espaço urbano na definição da demanda residencial de água.

O periódico tem índice A1 em Engenharia I e III e A2 em Economia, pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o que o coloca como publicação de excelência internacional. O texto tem como coautor o Prof. José Raimundo Carvalho, do Departamento de Economia Aplicada e do Caen, orientador da tese.

Os pesquisadores estudaram a demanda de água na cidade de Fortaleza a partir de um enorme banco de dados, elaborado pelo Prof. José Raimundo, relativo a 2.500 residências georreferenciadas. Um dos diferenciais desse banco de dados é trabalhar variáveis relativas ao espaço urbano, como adensamento de determinada região e distância das casas analisadas.

Os resultados da pesquisa revelaram a desatualização dos modelos que vêm sendo tradicionalmente utilizados pela literatura internacional – e consequentemente pelas companhias de abastecimento de água, como a Cagece. A pesquisa conclui que, ao não considerar os efeitos espaciais, os modelos atualmente utilizados subestimam os impactos de quase todas as variáveis na demanda de água residencial, podendo levar a práticas tarifárias incorretas.

Uma das implicações da pesquisa tem a ver com a forma como é calculado o reajuste da tarifa de água. O aumento do preço da tarifa impacta diretamente na demanda: quanto maior o aumento, menor a demanda. Isso se dá porque mais gente ou diminui o consumo de água (para ajustar a conta ao orçamento doméstico) ou simplesmente deixa de usar a rede normal de abastecimento, valendo-se de ligações clandestinas ou de fontes alternativas de água (de qualidade muitas vezes duvidosa).

Segundo o Prof. José Raimundo, a pesquisa descobriu que, em Fortaleza, a queda no consumo é maior do que a Cagece vem estimando. "Em média, a queda é de 13% a 24% superior ao que vem sendo estimado", diz. "Aumentos maiores do que a média provocarão diferenças ainda maiores", completa. Para ele, ao usar metodologia desatualizada, as companhias de abastecimento acabam ou acumulando prejuízo em determinadas áreas ou fazendo cobranças excessivas para outros grupos.

O pesquisador lembra que o impacto dessas distorções é sentido, principalmente, entre as comunidades mais pobres. "Há um impacto grande do ponto de vista da saúde pública, por exemplo", alerta. Para chegar às suas conclusões, os pesquisadores adaptaram uma nova metodologia, chamada de Sarma (Média Móvel Autorregressiva Espacial, na sigla em inglês).  "As companhias de abastecimento nem imaginam como poderiam se beneficiar", diz José Raimundo. "Essas empresas deveriam atentar para utilizar estratégias tarifárias mais refinadas. Poderíamos ter tarifas diferenciadas por bairros, por exemplo", diz.

O estudo foi apenas o primeiro capítulo da tese de Diego de Maria André. O mote central da pesquisa é a aplicação de metodologias quantitativas na análise de problemas socioeconômicos. O próximo capítulo deverá estudar a aplicação desse modelo na área de crimes e segurança pública. O artigo publicado na revista pode ser acessado na plataforma Springer Link.

Fonte: Prof. José Raimundo Carvalho, do Departamento de Economia Aplicada e do Caen – fone: 85 3366 7751

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