Professor com deficiência visual do Campus de Quixadá é aprovado em seleção de doutorado no RJ
- Segunda, 12 Janeiro 2015 09:09
O Prof. Ricardo Reis, dos cursos de Sistemas de Informação e Ciências da Computação do Campus da UFC em Quixadá, foi aprovado na seleção de doutorado do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), localizado em Petrópolis (Rio de Janeiro). A instituição atua como unidade de pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), sendo provedora de infraestrutura computacional de alto desempenho para a comunidade científica e tecnológica nacional.
Por isso, o processo seletivo do LNCC é amplamente concorrido. Docente da UFC há oito anos (três como professor substituto e cinco como efetivo), Ricardo já lecionou em diversos cursos. É graduado em Engenharia Mecânica e mestre em Engenharia Química, ambos cursados na UFC. Diz que a experiência de ensino foi o que de mais importante a Universidade lhe proporcionou, além da aprendizagem durante a graduação e o mestrado.
Para chegar tão longe, Ricardo teve de superar os obstáculos que a deficiência visual lhe colocou ao longo dos anos. O professor tem retinose pigmentar, uma disfunção caracterizada pela degeneração progressiva de pigmentos da retina, cujo estágio final é a cegueira. No caso de Ricardo, a degeneração de pigmentos tem sido relativamente lenta, o que ainda lhe permite ter alguma capacidade de enxergar, embora o campo visual já esteja bastante comprometido.
"Durante a graduação e o mestrado eu podia ler em tinta (papel impresso), mas já não podia ver o que o professor escrevia na lousa. Então comprei muitos livros. Foram meus grandes aliados", relembra Ricardo. Já como professor, foi aos poucos perdendo a visão. Hoje, lê apenas em tablets e computadores devidamente configurados. "Já doei mais de 70% dos meus livros a bibliotecas e ex-alunos e venho substituindo-os por versões eletrônicas", relata.
NOVO DESAFIO – A ideia de ingressar no LNCC veio após conversa informal com o amigo e também professor João Marcelo. "Fui pesquisar e ali estava o que eu procurava", conta Ricardo. No ano passado, após o êxito na etapa de análise de títulos, ele viajou a Petrópolis. Foram três dias de provas e ainda uma arguição oral com quatro professores. Após dias de ansiedade, veio a recompensa em forma de aprovação. Ainda em janeiro, o professor embarca com a família para a nova cidade. O curso deve começar em março. "Se Deus quiser, em alguns anos estaremos de volta", planeja.
Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social e Marketing Institucional – fones: 85 3366 7331 e 3366 7332 / e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.