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UFC coordena maior estudo da América Latina sobre o tema violência contra a mulher

Imagem: Maria da Penha, presidente do Instituto que leva seu nome, reuniu-se com Reitor Henry Campos e equipe de pesquisadores na última quinta-feira (6) (Foto: Jr. Panela)Uma radiografia da violência de gênero no Nordeste brasileiro é o foco de pesquisa que será realizada pelo Programa de Pós-Graduação em Economia (CAEN) da UFC em parceria com Instituto Maria da Penha. A atividade, prevista para iniciar oficialmente ainda este mês, foi tema de reunião, na tarde desta quinta-feira (6), entre o Reitor em exercício, Prof. Henry Campos, a ativista Maria da Penha e o coordenador do estudo, Prof. José Raimundo Carvalho, do CAEN.

De acordo com o Prof. José Raimundo Carvalho, o estudo consistirá no maior sobre esse tema, quanto à sua escala, em toda a América Latina. Serão mais de 11 mil famílias pesquisadas, nas nove capitais nordestinas, durante dois anos. As metodologias utilizadas serão de entrevistas via formulários e acompanhamento. Ao longo desse processo, será observado de que forma se apresentam atitudes de violência contra a mulher nesses grupos familiares.

Veja mais fotos da reunião no Flickr da UFC

"É um projeto de pesquisa pioneiro que vai coletar a melhor base de dados para se estudar violência doméstica no nosso País. Várias perspectivas teóricas vão ser contempladas, como criminológica, sociológica, econômica, de direitos humanos e de saúde pública, dentro de um contexto de uma metodologia científica de coleta de dados e acompanhamento longitudinal dessas famílias. Quando tivermos essa primeira onda de base de dados, já a partir do primeiro ano, vamos conseguir diagnosticar, de uma maneira mais precisa, como é a violência doméstica, em que nível ela está no Brasil", comenta o pesquisador.

Como ainda explica o coordenador, toda a diversidade econômica, cultural e social do povo brasileiro estará contemplada na pesquisa: diferentes grupos étnicos, de faixas de renda, educacionais e religiosos serão abrangidos. Casais homoafetivos femininos e mães solteiras que sofram violência física ou psicológica de atuais ou ex-companheiros integram também o trabalho.

Imagem: Estudo será coordenado pelo Prof. José Raimundo Carvalho, do CAEN (à direita) (Foto: Ribamar Neto)Financiado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres, do Governo Federal, o estudo contará com um orçamento de R$ 2 milhões. Além da detecção do perfil da violência contra a mulher, a pesquisa verificará a influência sobre a problemática exercida por atuais programas sociais e iniciativas jurídicas. "Teremos condições de avaliar, por exemplo, se o Bolsa Família, ao repassar dinheiro às mulheres, consegue propiciar um empoderamento maior delas e, com isso, diminuir a violência. Outro ponto é verificar se a Lei Maria da Penha está sendo cumprida de fato", afirma o professor.

Ao fim dos trabalhos, os dados serão disponibilizados à sociedade, dentro do objetivo de pesquisadores e ativistas em fomentar estudos acadêmicos e novas políticas públicas acerca da violência de gênero no Brasil. "Não é só a ciência, mas todo um processo de criação de uma nova cultura acerca da questão da violência de gênero. A ideia é avaliar impactos e construir indicadores mais precisos, colocar uma visão de política de gênero embasada cientificamente", destaca José Raimundo Carvalho.

"O que se precisa é que seja feita a sensibilização dos gestores para criar as condições em que cada mulher, no seu município, possa denunciar os casos de violência. Isso ainda não temos e essa pesquisa, com certeza, vai mostrar a gravidade da presença da violência doméstica na estrutura dos estados do Nordeste”, ratifica Maria da Penha.

Para o Reitor em exercício, Prof. Henry Campos, a reafirmação desse convênio entre UFC e Instituto Maria da Penha, ativo desde 2012, representa um destacado incremento acadêmico para a Instituição. "Sem dúvida damos todo apoio a iniciativas como essa. Essa parceria nos traz uma oportunidade, do ponto de vista institucional, em fortalecer esse tema dentro dos nossos processos de formação", avalia.

Fonte: Prof. José Raimundo Carvalho, coordenador da pesquisa – fone: 85 3366 7751 (ramal 203)

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