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Casos de microcefalia não eram notificados antes do zika, alertam pesquisadores

Imagem: Professores da Universidade Federal do Ceará publicaram artigo no site Zika Open alertando para a subnotificação dos casos de microcefalia (Foto: Agência Brasil) Professores da Universidade Federal do Ceará publicaram, neste mês, artigo no site Zika Open, que concentra o boletim de informações da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o vírus zika.

Com base em outros artigos recentemente publicados, os docentes alertam para a subnotificação dos casos de microcefalia nos últimos 10 anos, antes mesmo da identificação do zika vírus, e ressaltam que, dos recém-nascidos avaliados de maio de 2015 a janeiro de 2016 com o perímetro cefálico menor que o ideal, apenas 36% foram diagnosticados com microcefalia.

A pesquisa leva em conta levantamento feito em 2007 por professores da UFC e de outras universidades que integram a Rede Nordeste de Saúde Perinatal. À época, 15 pesquisadores, com auxílio de aproximadamente 50 profissionais da saúde, fizeram o trabalho de medir o perímetro cefálico de uma amostra de recém-nascidos naquele ano nos nove estados do Nordeste.

"A gente acredita que antes as crianças estavam nascendo com microcefalia, mas não estavam notificando", explica o Prof. Hermano Alexandre Lima Rocha, do Departamento de Saúde Comunitária da UFC.

Hermano destaca que, em 2007, casos de recém-nascidos diagnosticados com microcefalia chegavam a 200 por ano. O levantamento feito pela Rede Nordeste de Saúde Perinatal, com financiamento do Ministério da Saúde, constatou, no entanto, que o número real de crianças que nasciam com o perímetro cefálico reduzido era maior do que o divulgado oficialmente, chegando a 2,5% do total de nascidos.

Há nove anos, os pesquisadores avaliaram 996 recém-nascidos, identificando microcefalia em 38 deles, 2,8% dos casos. Aplicando essa porcentagem da amostra aos três milhões de crianças nascidas em 2013, o número poderia superar 80 mil bebês com comprometimento cefálico, independentemente do zika vírus.

O Prof. Hermano Alexandre explica também que a pesquisa feita em 2007 apontou para a incidência de outros fatores associados à microcefalia, como anomalias congênitas e uso de corticoide nas gestantes. "Tem que lembrar desses fatores, eles funcionam como confundimento", pondera.

O docente opina que ainda é cedo para atribuir a epidemia de microcefalia ao zika por conta da incipiência dos estudos. De acordo com boletim do Ministério da Saúde lançado no último dia 12 de fevereiro, ao todo, 5.079 casos suspeitos de microcefalia foram registrados desde o início das investigações, em 22 de outubro de 2015 até 6 de fevereiro de 2016. Do total já avaliado, a microcefalia só foi confirmada em 462 casos; outros 756 casos foram descartados. Entre os confirmados, apenas em 41 foi encontrada a presença de zika vírus na estrutura cerebral dos recém-nascidos.

O médico Hermano Alexandre salienta que o tema deve ser abordado com cautela, alertando ser possível que um bebê seja notificado com o perímetro cefálico menor do que o esperado, mas sem a constatação de microcefalia. Nesse caso, a criança não teria má formação cerebral nem comprometimento cognitivo.

O artigo publicado no Zika Open tem participação, além do Prof. Hermano Alexandre, dos docentes da UFC Márcia Maria Tavares Machado (atual Pró-Reitora de Extensão), Luciano Lima Correia, Álvaro Jorge Madeiro Leite, Nádia Maria Saraiva e da estudante de mestrado Sabrina Maia Oliveira. Também assinam o artigo o professor da UFRJ Antônio José Ledo Alves da Cunha e os docentes da Unichristus Jocileide Sales Campos e Anamaria Cavalcante e Silva. Hoje, pesquisadores da UFC e da UFRJ estão estudando a associação da epidemia de microcefalia ao zika vírus. O estudo deve ser concluído até maio.

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ENTENDA O DIAGNÓSTICO – Após os primeiros rumores sobre a epidemia de microcefalia, o Ministério da Saúde estabeleceu como parâmetro de corte para a identificação de bebês com a malformação congênita recém-nascidos com perímetro cefálico menor do que 33 centímetros. Depois, em dezembro, o Ministério orientou que o critério de corte fosse reduzido para 32 centímetros. Já pesquisadores da UFC e de outras universidades trabalharam no passado com a base de até 31,5 cm.

Para a notificação da microcefalia também são consideradas as curvas de perímetro cefálico. O diagnóstico ainda na gravidez é feito quando a medida da circunferência cefálica é menor do que dois desvios padrões do limite inferior da curva de normalidade.

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Fonte: Prof. Hermano Alexandre Lima Rocha, do Departamento de Saúde Comunitária da UFC – fone: 85 3366 8044

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