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Terça, 29 Agosto 2017 09:27

A cearensidade, o ser cearense e o Ceará foram questões analisadas no seminário que fez uma releitura da obra clássica de Parsifal Barroso, O Cearense, de 1969, relançado no início deste mês pelo Instituto Myra Eliane, por iniciativa do neto do autor, Igor Queiroz Barroso. O evento foi realizado no final da tarde de ontem (28), no auditório da Reitoria da Universidade Federal do Ceará, e a abordagem do tema ficou a cargo dos professores Angela Gutiérrez e Josênio Parente, ambos da UFC, e da escritora Ana Miranda.

A “honestidade intelectual” do livro O Cearense foi destacada pelo Prof. Custódio Almeida, vice-reitor no exercício da Reitoria, ao fazer a abertura do seminário, quando falou, também, da alegria de receber os participantes do evento. Assegurou que “a obra de Parsifal precisava, realmente, ser resgatada”.

Igor Queiroz Barroso se disse emocionado por estar na Universidade, berço da vida acadêmica do avô, instituição na qual se graduou em Direito e posteriormente foi professor, na área das Ciências Sociais. Traçou um rápido perfil de Parsifal – que foi deputado, senador e governador do Ceará – ressaltando o seu talento “conciliador e de visão do futuro”, como mostra a aliança conhecida como União pelo Ceará, que uniu os partidos PSD e UDN, em 1962, para eleger Virgílio Távora como governador.

O Cearense é um livro “de gostosa leitura”, e seu autor, Parsifal Barroso, já está registrado na história do Estado, tanto como político como intelectual, admitiu o Prof. Custódio Almeida, afirmando a relevância do ensaio para a compreensão do conceito de cearensidade e desejando a extensão do alcance da obra.

BANDEIRANTE – O conceito de cearensidade em Parsifal Barroso foi o tema sobre o qual discorreu o Prof. Josênio Parente, que abordou, entre outros aspectos, o espírito de bandeirante que se percebe no cearense.

A escritora Ana Miranda, cearense, que vive desde os 5 anos entre Rio de Janeiro e Brasilia, se disse apaixonada pelo Ceará, de onde passou 50 anos longe, mas que nunca esqueceu. Admitiu pensar que a palavra cearensidade era um neologismo e surpreendeu-se ao ver que Parsifal Barroso já usava o termo em seu livro. Para ela, o cearense é afetivo, ”tem leveza no trato do tempo, é inteligente e de vanguarda, tanto que foi o primeiro a abolir a escravidão e teve a primeira mulher na Academia Brasileira de Letras (Rachel de Queiroz)".

Percebe-se que Parsifal Barroso sentiu-se tocado com a palestra a que assistiu de Gilberto Freyre, em agosto de 1944, no Theatro José de Alencar, que levou a reflexão de que a história do Ceará poderia ser contada a partir do que aconteceu dentro do Estado e a do cearense, dentro e fora das fronteiras. É o que deduz a professora e escritora  Angela Gutiérrez,  acrescentando que O Cearense foi escrito como uma “tempestade intelectual” e assegurando que foi muito oportuno o relançamento da obra, “para trazer o assunto à baila”.

PARTICIPAÇÕES – Após a exposição dos três palestrantes, da plateia se manifestaram o ex-governador e escritor Lúcio Alcântara, para quem Parsifal Barroso era "um homem brando, conciliador e de muita coragem e energia”; Inês Cardoso, professora do Departamento de Letras Estrangeiras da UFC, que elogiou a iniciativa do seminário; e o professor e escritor Batista de Lima, da Universidade Estadual do Ceará, que vê nos questionamentos que o livro faz, a sua essência, como o caso dos ciganos que teriam vindo para o Ceará, o qual poderia ser a raiz da veia migratória do cearense.

A mesa formada para abrir o seminário foi composta pelo Prof. Custódio Almeida, vice-reitor, pelo Prof. Paulo Elpídio Menezes, ex-reitor da UFC, pelo ex-governador do  Estado, Lúcio Alcântara, pelas professoras Márcia Machado e Vládia Borges, respectivamente pró-reitora de Extensão e diretora do Centro de Humanidades da UFC, e pela família de Parsifal Barroso, Régis Barroso, seu filho, e Igor Queiroz Barroso, seu neto.

ATUALIZADA – O livro O Cearense traz informações sobre a terra e o povo cearense, sendo considerado um dos primeiros estudos do que ficou conhecido posteriormente como o conceito de cearensidade. A segunda edição mantém o prefácio original, assinado pelo escritor cearense Djacir Menezes, acrescido de um prefácio de Igor Queiroz Barroso.

Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social e Marketing Institucional da UFC – fones: 85 3366 7331 3366 7938