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Artigo de pesquisadores da UFC e do Ipece analisa cenário da violência em Fortaleza de 2012-2014

Imagem: Numa esquina de Fortaleza, placa alerta para risco de assaltoApresentando novos subsídios para tentar entender por que Fortaleza se tornou um local tão violento nos últimos anos, um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Ceará e do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) publicou o artigo "Violence and local development in Fortaleza, Brazil: a spatial regression analysis" ("Violência e desenvolvimento local em Fortaleza, Brasil: uma análise de regressão espacial") na revista científica Applied Spatial Analysis and Policy.

A autoria é do Prof. José Raimundo Carvalho, do Programa de Pós-Graduação em Economia (CAEN) e integrante do Laboratório de Econometria e Otimização (LECO/CAEN); Victor Hugo de Oliveira, pesquisador do Ipece e do LECO/CAEN; e Cleyber Nascimento de Medeiros, pesquisador do Ipece.

O artigo analisa o cenário da violência na capital cearense de 2012 a 2014. Quinta maior cidade do Brasil, Fortaleza tornou-se a mais violenta capital nos últimos anos. "Esse recorde negativo da cidade, infelizmente, acompanhou a crescente violência do Estado. Em 2015, o Ceará tinha a segunda maior taxa de homicídios do País (42,2 homicídios/100 mil), atrás apenas de Alagoas (49,4 homicídios/100 mil). Na última década (2005-2015), o Ceará foi o campeão nacional em termos de aumento dessa taxa de homicídios, tendo crescido 126,39%", explica o Prof. José Raimundo Carvalho.

SAIBA MAIS – O trabalho investigou se as taxas de criminalidade violenta estavam associadas ao desenvolvimento local da cidade. Usando uma fonte de dados inexplorada da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Ceará sobre assassinatos georreferenciados e mortes devido a lesões corporais e roubos, os pesquisadores mostraram que "as taxas de criminalidade violenta na cidade exibem uma dependência espacial positiva entre grupos de setores censitários".

Em outras palavras, as pequenas áreas urbanas com taxas de criminalidade altas ou baixas têm vizinhos, em média, com padrão semelhante de taxas de criminalidade violenta. "Se uma intervenção de segurança é feita na Parangaba, por exemplo, bairros vizinhos, como Montese e Damas, também vão ser impactados positivamente. A situação inversa também é observada", esclarece o Prof. José Raimundo.

As regressões espaciais sugeriram que as taxas elevadas de crimes violentos estão relacionadas com o baixo nível de renda, com o alto isolamento espacial de famílias pobres, o baixo acesso à infraestrutura urbana e à alta prevalência de adolescentes analfabetos e jovens negros, sendo estes fatores, portanto, componentes do perfil da população que mais sofre com os altos índices de violência.

Os resultados sugerem que qualquer política pública de enfrentamento à questão da violência letal na cidade deve considerar as condições socioeconômicas locais (bairros e comunidades), sem se esquecer dos complexos efeitos de migração do crime.

Fonte: Prof. José Raimundo Carvalho, do Programa de Pós-Graduação em Economia (CAEN) – fone: 85 3366 7751

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