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Segunda, 04 Dezembro 2017 08:41

A Universidade Federal do Ceará externa solidariedade aos professores, alunos e gestores da Universidade Federal do Pará, diante de episódio ali registrado, no último dia 29, quando uma atividade acadêmica foi bruscamente interrompida por um grupo de 30 pessoas lideradas pelo prefeito da cidade de Senador José Porfírio.

Indignado por não ter sido convidado para um debate sobre projetos de mineração no Pará, o chefe da Municipalidade, Dirceu Biancardi, invadiu o local e tumultuou o evento, obrigando a seu cancelamento. Ele e seu bando agrediram verbalmente as pessoas presentes e as impediram, durante algum tempo, de deixar o auditório e mesmo de entrar em contato com o serviço de segurança institucional ou com a Reitoria.

O triste episódio, que se inscreve numa série de atentados contra a autonomia universitária em nosso País, traduz também a arrogância e a truculência tão encontradiças em algumas autoridades. O Brasil inteligente precisa ficar atento à escalada de autoritarismo que se revela, a todo instante, em atos e palavras, nos diferentes escalões dos três Poderes.

Não é esse o País democrático, justo e desenvolvido que, nas instituições federais de ensino superior, estamos empenhados em construir. O que buscamos é gerar e difundir conhecimentos, é formar novas gerações de profissionais competentes, éticos e comprometidos com o social.

Precisamos, porém, de um ambiente onde possamos atuar com liberdade e muita responsabilidade. Queremos o direito de pesquisar, inovar, sugerir caminhos, criticar, discutir soluções para os problemas que afetam a sociedade. Era isso que a UFPA exercitava quando alunos e professores foram agredidos. Foi por colocar o dedo em uma ferida – a chaga da mineração predatória – que a universidade paraense sofreu o ataque do prefeito iracundo e seus seguidores.

Das margens do Xingu, vem agora a interrogação: estaríamos mergulhando em uma era de medo, ódio e obscurantismo?

Henry de Holanda Campos
Reitor da Universidade Federal do Ceará