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Dia das Mulheres na Engenharia discute desigualdade de gênero na academia

Imagem: Profª Diana Azevedo, vice-diretora do CT (Foto: Viktor Braga/UFC)Em 2015, cerca de 60% das pessoas que concluíram o ensino superior no Brasil eram mulheres. A informação, revelada pelo Censo da Educação Superior daquele ano, afirma a maioria feminina na conquista do diploma. Todavia, fazendo-se um recorte desses dados nas Engenharias, os números mostram uma disparidade no campo: menos de 30% dos graduados na área eram mulheres, contra mais de 70% de homens.

Lançar um debate sobre essa desigualdade de gênero foi o enfoque das comemorações do Dia Mundial das Mulheres na Engenharia, celebrado nessa sexta-feira (23), no Centro de Tecnologia (CT) da Universidade Federal do Ceará.

Veja outras imagens do evento no Flickr da UFC

O evento, que ocorreu no Auditório Cândido Pamplona, teve início com uma homenagem à primeira mulher graduada em Engenharia no Ceará: Aracy Furtado. Enfrentando preconceitos dentro da própria família – o pai achava que ela devia graduar-se em Medicina e a mãe dizia que Engenharia era coisa de "mulher-macho" –, Aracy foi a única mulher da turma de Engenharia Civil do ano de 1962, da UFC.

Atuou como docente na Universidade e, ainda, na obra da conhecida Estrada do Algodão (Rodovia CE-060). Às futuras engenheiras, Aracy deixou a mensagem de incentivo "Façam aquilo que lhes faz felizes".

Imagem: Prof. Estevão Fernandes coordenou a pesquisa "Levantamento estatístico relacionado à presença de mulheres na Engenharia" (Foto: Viktor Braga/UFC)A atividade seguiu com a apresentação da pesquisa "Levantamento estatístico relacionado à presença de mulheres na Engenharia", realizada na disciplina Tecnologia e Sociedade, vinculada ao Departamento de Integração Acadêmica e Tecnológica do CT (DIATEC).

Coordenado pelo Prof. Estevão Fernandes, o estudo abrangeu a coleta e análise de informações sobre as mulheres dentro da academia e no mercado de trabalho em Engenharia. "Elas entram em menor quantidade, mas abandonam menos o curso do que os homens. Infelizmente no mercado a gente percebe que muitas mulheres abandonam a profissão e alegam que é um campo extremamente masculino, que não se sentem à vontade para trabalhar. Elas citaram expressões como ambiente masculinizado e algumas narraram questões até de assédio", explica o professor.

NA UFC – No ranking fornecido pela pesquisa, entre os cursos de Engenharia da UFC com maior presença feminina está a Engenharia de Alimentos; quase 70% de seus alunos com matrícula ativa no período de 2007 a 2017 eram mulheres. Já o curso com menos mulheres foi a Engenharia Mecânica em Fortaleza, que no mesmo período registrou matrícula ativa feminina de apenas 11%.

Quanto aos concludentes, a Engenharia de Alimentos segue em primeiro, registrando o índice de 89,21% de mulheres. A Engenharia Elétrica em Sobral, nos últimos 10 anos, foi das Engenharias da UFC a que menos formou mulheres; somente 3% das pessoas que colaram grau no período  eram do sexo feminino – apenas duas alunas, como detalham os pesquisadores.

Imagem: Evento aconteceu no Auditório Cândido Pamplona (Foto: Viktor Braga/UFC)"A gente não pode cair num discurso demagógico de que nossas oportunidades estão sendo as mesmas que as dos homens porque não são. Diante dessa realidade, quando nós mulheres entramos na Engenharia, a gente está desafiando o sistema e criando um ato de resistência em relação a um sistema que nos oprime desde criança quando não somos incentivadas a  entrar em uma carreira nessa área", comenta Ana Beatriz Furtado, graduanda em Engenharia de Energias Renováveis e integrante do estudo.

A programação do Dia Mundial das Mulheres na Engenharia da UFC contou ainda com projeção de vídeos com depoimentos de ex-alunas de Engenharia, além de debate sobre a temática do evento.

Segundo a vice-diretora do CT da UFC e uma das organizadoras da atividade, Profª Diana Azevedo, essa é a primeira de várias iniciativas a serem realizadas na unidade para discutir o ingresso no curso e a atuação da mulher na Engenharia.

"Em 55 anos do Centro, sou a primeira mulher que está na direção. A gente vê poucas mulheres à medida que sobe na hierarquia de uma empresa, em uma organização, em uma universidade. Essa é uma tentativa de despertar nas alunas e nas professoras uma discussão a respeito disso, e a minha esperança é que tenha gerado uma mobilização", avalia.

Fonte: Profª Diana Azevedo, vice-diretora do CT da UFC – fone: 85 3366 9600

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