UFC sedia evento sobre história, antropologia e literatura ibero-americanos
- Quinta, 04 Abril 2019 10:23
O Centro de Humanidades da Universidade Federal do Ceará tem sido, desde a manhã dessa quarta-feira (3), palco da III Conferência Internacional Memória, Cultura e Devir. Com o tema "História, antropologia e literatura: práticas, discursos e performances em Iberoamérica", a iniciativa é uma realização conjunta do Programa de Pós-Graduação em História da UFC e da Universidade Nova de Lisboa (Portugal). A abertura do evento contou com a presença do reitor da UFC, Henry Campos.
A Profª Paula Godinho, do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa, deu início aos trabalhos, apresentando a conferência de abertura "Quando a realidade é o horror: literatura, antropologia e a construção do porvir".
A pesquisadora iniciou sua fala citando o livro Una misma noche, do escritor argentino Leopoldo Brizuela, que aborda a ditadura militar na Argentina, entre 1976 e 1983. Há uma década, Godinho participa de pesquisas sobre a transição histórica de ditaduras para democracias modernas com estudiosos portugueses, espanhóis, brasileiros, argentinos, chilenos e de outras nacionalidades.
"As ditaduras existiram mesmo, como o nazismo e o fascismo também existiram. Construir democracias consecutivas às ditaduras significa dizer 'nunca mais'. As políticas da memória nas democracias se fazem nas escolas, com os autores que os estudantes leem e com o estudo da história. E também inscrevendo na toponímia, no nome das ruas, nas estátuas que temos nos parques e jardins o nome daqueles que lutaram para que as democracias existam. E não perpetuando aqueles que combatem a sociedade que queremos: uma sociedade democrática, justa, com respeito aos direitos humanos", definiu Paula Godinho.
Veja outras imagens da conferência no Flickr da UFC
À tarde, o evento prosseguiu com a mesa "Literatura e etnografias", com coordenação da Profª Ana Carla Sabino. Participaram do debate os docentes Gilberto Nogueira, Regis Lopes e Franck Ribard, do Departamento de História da UFC, e, como convidado, o Prof. José Lindomar Albuquerque, da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
Os debatedores discutiram múltiplos assuntos, como a propaganda política da ditadura salazarista em Portugal no anos 1930, o massacre da comunidade messiânica Caldeirão de Santa Cruz do Deserto, no interior do Ceará, as fronteiras linguísticas na América Latina e a recepção do cinema africano.
INTERNACIONALIZAÇÃO – Para Adelaide Gonçalves, integrante da comissão organizadora da conferência e docente do Programa de Pós-Graduação em História da UFC, reunir os saberes da história, antropologia e literatura é "uma chave interdisciplinar para reafirmar a universidade como lugar de resistência e conhecimento". Os organizadores registraram a alta procura de participantes; houve mais de 600 inscrições. Segundo a pesquisadora, uma publicação acadêmica do evento está sendo preparada para ser lançada na quarta edição da conferência, em 2020.
"É um momento no qual estamos realizando o que é o cerne da universidade pública: socializando nossas pesquisas, pondo-as em contato com o plano internacional e oferecendo-as ao debate com estudantes de graduação e pós-graduação. Há um interesse real e genuíno da comunidade pelo debate, inclusive com pesquisadores extra-acadêmicos, que não são daqui da Universidade", pontua.
A III Conferência Internacional Memória, Cultura e Devir segue até esta sexta-feira (5), na área 2 do Centro de Humanidades da UFC (Av. da Universidade, 2762, Benfica). Além de mesas-redondas, a programação inclui lançamentos de livros, apresentações culturais e exposições.
Mais informações e o caderno de resumos dos trabalhos científicos podem ser encontrados no site do evento.
Fontes: Comissão organizadora da III Conferência Internacional Memória, Cultura e Devir – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.; Programa de Pós-Graduação em História da UFC – fone: (85) 3366 7741