Maria da Guia Lima receberá título de Professora Emérita da UFC nesta quarta-feira (24)
- Segunda, 22 Abril 2019 15:30
A Universidade Federal do Ceará entregará o título de Professora Emérita à docente aposentada Maria da Guia Silva Lima, que atuou no Departamento de Bioquímica da UFC, em solenidade nesta quarta-feira (24), às 19h, no auditório da Reitoria (Av. da Universidade, 2853, Benfica).
Maria da Guia Silva Lima ingressou como estudante na Faculdade de Medicina em 1954, ano de criação da UFC. Oito anos mais tarde, em 1962, após estágio de um ano na Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, regressou à Universidade como professora, onde lecionaria por 42 anos, até 2004. Ao longo das cinco décadas de pesquisa, a docente abraçou duas áreas principais: bioenergética e imunologia.
Ao assumir o cargo de professora da UFC, Maria da Guia viajou novamente à capital fluminense, desta vez para o Instituto Oswaldo Cruz, onde pesquisou por três anos. "Dediquei-me exclusivamente à ciência, trabalhei o mecanismo da reação anafilática, que é o mecanismo da reação alérgica", explica, acrescentando que era orientada pelo Prof. Haity Moussatché. O resultado do trabalho chegou a ser divulgado em publicações internacionais, como a revista estadunidense Life.
Em 1966, a já professora da UFC Maria da Guia licenciou-se para desenvolver pesquisa na França. O clima de insegurança política no Brasil, por conta do regime militar, e o interesse pela linha de pesquisa do Centro de Energia Nuclear da Université de Grenoble, fizeram-na optar pelo exílio temporário. "Ficávamos extremamente tensos quando, frequentemente, eles (pesquisadores com quem trabalhava no Instituto Oswaldo Cruz) eram convocados a inquéritos pelo Exército", relembra. Retornou ao País em 1968, com o título de doutora em Bioquímica pela universidade francesa.
O contato com a França abriria portas para futuros intercâmbios entre os dois países nas gerações seguintes, com a criação do Programa de Pós-Graduação em Bioquímica da UFC.
Maria da Guia Silva Lima iniciou a trajetória empreendendo pesquisas em animais. No entanto, foi convencida a interromper o projeto porque à época ainda não havia sustentabilidade para bancar a iniciativa. Concentrou-se, então, em estudos de origem vegetal até que, em 1992, criou o primeiro Biotério (viveiro para conservar animais a serem utilizados em pesquisas) das regiões Norte e Nordeste.
A Profª Maria da Guia relembra o episódio, do ano de criação do Biotério, em que teve de embarcar da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), em voo comercial da empresa Varig, quase duas dezenas de casais de camundongos que integrariam o viveiro da UFC. "Quando chegaram os camundongos de Campinas, foi a maior dificuldade para eu provar que eles não eram passageiros comuns", recorda.
A professora também foi a primeira mulher a ocupar o cargo de titular (tendo sido votada para a vaga) no Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE). Foi chefe do Departamento de Bioquímica por três mandatos e diretora do Biotério da UFC.
Fonte: Cerimonial da UFC – fone: (85) 3366 7313