UFC, Museu da Fotografia e Instituto dos Cegos concluem primeira turma de fotografia para cegos
- Sexta, 21 Junho 2019 10:47
Um projeto de extensão da Universidade Federal do Ceará, em parceria com o Instituto dos Cegos e com o Museu da Fotografia, está permitindo que pessoas com deficiência visual possam ter a experiência de contemplar fotografias, compreender suas técnicas de produção e ainda criar as próprias fotos. A primeira turma que passou por esse processo concluiu o curso na última quarta-feira (19), em cerimônia na qual foi inaugurado um novo sistema de rastreamento de toque em fotografia tátil, também concebido na UFC.
O projeto “Fotografia tátil como meio de expressão artística e inclusão”, que já existe desde 2014 no Curso de Design da UFC, iniciou este ano a parceria com as duas instituições. Oito pessoas cegas, atendidas pelo Instituto dos Cegos, concluíram o curso no qual aprenderam as regras de composição fotográfica e produzirem retratos de pessoas e fotografias de objetos. “Eles conheceram obras de fotógrafos e começaram a entender o que é uma boa foto. Então, fizeram formação e começaram a fotografar”, explica o professor Roberto Vieira, coordenador do projeto.
Segundo o professor, uma nova turma será iniciada em agosto e, ao final, serão selecionadas fotografias de ambas as turmas para lançar, no fim do ano, uma exposição no Museu da Fotografia com essas produções.
As fotos produzidas poderão ser apreciadas não somente por eles como por outras pessoas cegas por meio da técnica da fotografia tátil, na qual as fotos são reproduzidas em uma espécie de maquete de madeira com tecnologia de fabricação digital, tendo como base os padrões gerados na programação das imagens.
Na cerimônia de conclusão do curso, realizada no Museu da Fotografia, os presentes puderam conhecer o primeiro protótipo do sistema de rastreamento de toque para fotografias táteis, produzido pelo Curso de Design. Por meio dele, a pessoa usa um adesivo reflexivo no dedo e vai percorrendo com a mão a superfície da peça. Uma câmera, então, vai rastreando o movimento e o sistema vai apresentando descrições em áudio das áreas mapeadas pelas quais o dedo passa.
“Essa é a primeira versão apresentável, que ainda vai passar por ajustes e aprimoramentos. A ideia é que a exposição conte com dispositivos do tipo espalhados e o cego venha, sente-se sozinho numa cadeira e tenha a experiência de forma mais autônoma”, explica Vieira.
Leila Soares, que é cega, foi a primeira a ter essa experiência. “Eu achei incrível. É mais uma ferramenta que, se der certo, vai ser muito útil para nós, nos permitindo uma maior inclusão”, comenta ela, que também participou do curso e se surpreendeu ao perceber que poderia produzir suas próprias fotos. “Os nossos limites somos nós que definimos e ninguém pode nos dizer o que não podemos fazer”, analisa.
A coordenadora do Núcleo Educativo do Museu da Fotografia, Keli Pereira, conta que o museu já atendia pessoas cegas por meio de visitas guiadas às galerias, mas que este projeto amplia a forma de atuação daquele espaço. “A gente considera que esse projeto do Profº Roberto Vieira tinha tudo a ver com o museu. Então, as três instituições se uniram para realizar esse projeto conjuntamente”, destaca.
O reitor Henry Campos, que esteve presente da cerimônia de conclusão do curso, comemorou a iniciativa. “É um processo muito interessante e muito bem concebido e traz uma oportunidade a mais à vida dessas pessoas, para que elas possam apreciar a arte, neste caso, a fotografia. Isso reforça a importância que a Universidade tem na sua atuação com compromisso social, produzindo coisas aplicáveis e úteis para a sociedade. É um momento muito feliz e muito marcante, porque é o começo de um processo que vai certamente enriquecer muito a vida dessas pessoas”, celebra.
Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social e Marketing Institucional da UFC – fone: (85) 3366 7331