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Sexta, 11 Outubro 2019 09:56

A dificuldade de acesso à água própria para o consumo atinge aproximadamente um milhão de pessoas no Brasil, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Por isso, o dispositivo de tratamento de água Aqualuz, projeto do qual estudantes da Universidade Federal do Ceará e da Universidade Federal da Bahia (UFBA) participam, rendeu à empreendedora social Anna Luísa Beserra, idealizadora da ferramenta, a alcunha de primeira brasileira a receber o prêmio Jovens Campeões da Terra, da ONU Meio Ambiente.

O projeto consiste em um aparelho que trata a água da chuva coletada por cisternas de áreas rurais (onde a água própria para beber não é acessível) utilizando a luz e o calor do Sol. O dispositivo apresenta ainda um indicador que aponta quando a água está segura para o consumo.

Para viabilizar a produção do Aqualuz, ideia que surgiu enquanto cursava Biotecnologia na UFBA, Anna Luísa Beserra criou a startup Safe Drinking Water For All (SWD), da qual os estudantes Letícia Nunes, Anna Carolina Saunders e Jefferson Hannover, do Curso de Engenharia Ambiental da UFC, fazem parte.

Atualmente sócia da empresa e membra desde 2017, Letícia Nunes atestou a efetividade do produto em sua monografia, apresentada em junho deste ano, ao desenvolver uma equação capaz de mensurar o tempo de tratamento necessário para que os agentes patogênicos sejam eliminados da água. Os resultados do trabalho confirmaram a eficácia do dispositivo ao demonstrar que, em um dia de sol intenso, é possível potabilizar 15 litros de água em 2h30min, gerando em um dia mais de 60 litros de água para uma residência. Já em dias nublados ou chuvosos, o ciclo de tratamento leva, respectivamente, 3h30min e 4h30min.

Devido à competência do aparelho em oferecer água potável com baixo custo de produção e de manutenção, solução que poderá beneficiar até 700 pessoas até o fim deste ano, a ONU Meio Ambiente concedeu à criadora do Aqualuz o prêmio de US$ 15 mil para investir em seu projeto e US$ 9 mil para investimento em comunicação e marketing, além de outros recursos, como participação em eventos globais.

“A importância do prêmio Jovens Campeões da Terra para nós foi e é imensa. Não só estamos recebendo um reconhecimento da ONU, como aproveitaremos o prêmio para aplicar no projeto e, com isso, potencializar o negócio mais rápido, atraindo clientes e parceiros com a grande visibilidade que estamos tendo”, comemora Anna Luísa Beserra.

Com o financiamento recebido pela startup e os demais prêmios do projeto, entre eles o de de R$ 25 mil alcançado na competição de startups de inovação Hack Brazil, atualmente estão implantadas 53 unidades do aparelho nos estados de Alagoas, Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Norte e Ceará. “Em breve estaremos implantando mais algumas unidades aqui no Estado, nos municípios de Barreira e Quixadá. Há uma projeção de que até o fim do ano tenhamos cerca de 200 unidades do Aqualuz implantadas nos estados citados”, explica Letícia Nunes.

TRATAMENTO – No sistema, primeiro a água é filtrada. Em seguida, o líquido é tratado através de duas faixas de radiação solar: o infravermelho, que aquece a água, e a radiação UV, que desativa o DNA dos elementos patogênicos. Desse modo, a água é desinfetada sem a necessidade de inserção de substâncias nocivas ao corpo humano, como o cloro, amplamente utilizado para eliminar microorganismos.

PRÊMIO – O Prêmio Jovens Campeões da Terra começou em 2017, inspirado no prêmio Campeões da Terra, cujos vencedores incluem chefes de Estado, cientistas inspiradores e visionários ambientalistas. A congratulação é concedida anualmente a jovens de 18 a 30 anos, por suas ideias em prol do meio ambiente.

Fonte: Letícia Nunes, diretora Regional da SDW – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.