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Sexta, 27 Novembro 2020 10:15

Última Atualização: Quinta, 03 Dezembro 2020 13:13

O projeto BioClinex, idealizado no Departamento de Biologia da Universidade Federal do Ceará, foi selecionado, em primeira colocação, em edital do programa Centelha, da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP), que visa estimular a criação de empreendimentos inovadores no Brasil.

Criado no Laboratório de Ecologia Microbiana e Biotecnologia (LEMBIOTECH) e executado pela startup Biotech4Life, o BioClinex é um biorremediador ambiental que promove a descontaminação de solos de manguezais impregnados com petróleo e derivados. O projeto é desenvolvido pelas pesquisadoras da Rede Nordeste de Biotecnologia (RENORBIO) Bella Giselly e Bárbara Quintela e pelas professoras Denise Hissa e Vânia Melo.

Com a aprovação no programa Centelha, a iniciativa, que já integra a incubadora de empresas do Parque de Desenvolvimento Tecnológico da UFC (PADETEC), passará a receber apoio para seu desenvolvimento, por meio de capacitações, recursos financeiros e orientação para transformação das ideias em um negócio de sucesso.

Ouça matéria sobre o BioClinex produzida pela rádio Universitária FM

A remediação de ecossistemas contaminados por petróleos e derivados já era estudada no laboratório, mas a partir do vazamento de óleo no Nordeste em 2019 as pesquisas ganharam força, resultando no BioClinex, que utiliza um consórcio de bactérias degradadoras de petróleo, imobilizadas em quitosana, para acelerar a decomposição do poluente.

Com eficiência já testada em escala de laboratório, em água do mar e em solos, o produto tem ainda a vantagem de ele próprio ser biodegradável, pela matriz de quitosana que possui, fornecendo nutrientes para a comunidade de bactérias do solo, estimulando-as e contribuindo para a redução de impactos ambientais.

"Existem poucos produtos registrados e eles usam microrganismos importados, ou seja, que podem não se desenvolver tão bem em condições ambientais diferentes das suas origens", explica Bella Giselly. "O diferencial do nosso produto é o uso de microrganismos customizados, isolados do ambiente contaminado e devolvidos para esse ambiente. Quando esse microrganismo retorna para o campo, ele retorna para seu local, sem passar por fase de adaptação e sem sofrer competição com a microbiota local".

A pesquisadora acredita que o BioClinex pode estar inserido no mercado dentro de dois anos, após passar pelo período de incubação no PADETEC e ter protótipo validado.

"Estamos dando os primeiros passos como startup de soluções biotecnológicas e firmando parcerias. Esperamos aperfeiçoar e desenvolver nosso protótipo de produto, divulgá-lo e encontrar os clientes que queiram investir na produção em escala", projeta.

CENTELHA – O programa é uma iniciativa promovida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (CONFAP). É operado pela Fundação CERTI, sendo executado no Ceará pela FUNCAP.

Ao todo, oito projetos da UFC foram aprovados no edital do Centelha. O Campus da UFC em Quixadá foi o destaque, com três projetos. São eles: Sitiá: Monitoramento, Controle e Gestão para Fazendas Produtoras de Camarão, por João Lucas Cruz; Sistema para Acompanhamento de Paciente por Diferentes Profissionais, por Sidartha Azevedo; e Bilingua – Libras e Português, por Lucas Oliveira. Todos desenvolvidos no Núcleo de Inovação e Empreendedorismo (INOVE) da UFC em Quixadá.

Também foram aprovados os projetos Uso da Medicina Personalizada na Anemia do Idoso: Prevenção do Câncer, por Roberta Taiane Oliveira; TecDerm: Curativos de Alta Performance para Tratamento de Feridas, por Fábia Karine Andrade; e Scan 3-D na Indústria, por Marcus Davi Forte. Além desses, o projeto Ranking das Estruturas contou com a participação do Prof. Augusto Albuquerque, pró-reitor de Relações Internacionais e Desenvolvimento Institucional da UFC.

Fonte: Bella Giselly, doutoranda da Rede Nordeste de Biotecnologia (RENORBIO) – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.