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LABOMAR completa 60 anos como instituição de referência em ciências do mar

Imagem: "A criação, manutenção e expansão de estruturas científicas rigorosas como o LABOMAR são uma questão crítica para o uso sustentável das zonas costeiras e dos oceanos", diz o Prof. Pedro Walfir, que vai ministrar a aula magna (Imagem: Divulgação)Com aula magna on-line sobre o tema "As ciências do mar que precisamos: o mundo que queremos", tendo como convidado o Prof. Pedro Walfir Souza Filho, do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Pará (UFPA) e pesquisador titular do Instituto Tecnológico VALE Desenvolvimento Sustentável, o Instituto de Ciências do Mar (LABOMAR), da Universidade Federal do Ceará, celebra 60 anos de criação nesta quarta-feira (2), às 16h, com transmissão através do canal do LABOMAR no Youtube. O reitor da UFC, Prof. Cândido Albuquerque, participará do evento remoto com outras autoridades universitárias.

Para o reitor, "o LABOMAR é uma unidade da maior importância, o principal braço do relacionamento com o oceano, com a vida e a economia marinhas. Tem feito um trabalho extremamente relevante no que diz respeito ao ensino e à pesquisa nas áreas de vida marinha, organismos aquáticos, educação ambiental".

Por esse motivo, acrescenta, "é com muita felicidade que nós comemoramos os 60 anos da unidade, que chega a essa idade com uma atuação de pesquisa significativa, internacionalizada e representando muito bem a Universidade e o potencial e a pujança do Ceará nessa área. Estão de parabéns tanto o Instituto quanto a UFC".

A diretora do LABOMAR, Profª Ozilea Bezerra de Menezes, por sua vez, comenta que o LABOMAR-UFC, inicialmente, teve sua atuação vinculada à pesquisa científica no mar e na zona costeira e promoção da capacidade tecnológica. Com o tempo "ampliou sua atuação ofertando a formação qualificada, na capacitação de cidadãos, porque prepara a sociedade, prepara a população ativa para as profissões do mar e das ciências ambientais com currículos atualizados, tanto na graduação como na pós-graduação, que promove a massa crítica dos setores público e privado, a fixação local e regional do emprego e a sua flexibilidade e mobilidade, em alinhamento com as necessidades do mercado de trabalho".

Neste dia em que é comemorado os 60 anos da unidade, ela agradece à comunidade universitária da UFC, especialmente a do LABOMAR, às instituições parceiras, à sociedade e à administração superior da Universidade por todo apoio dado.

AULA MAGNA  O Prof. Pedro Walfir, em sua aula magna, vai enfocar o impacto que a ação do ser humano tem causado nos oceanos, com consequências globais, "a partir da expansão de suas atividades socioeconômicas, ligadas, principalmente, a expansão dos assentamentos urbanos e rurais, aumento da poluição marinha e exploração dos recursos renováveis e não renováveis."

Para ele, "os cientistas precisarão se aproximar e estreitar a colaboração com os tomadores de decisão e a sociedade em geral visando ao uso sustentável dos oceanos nas próximas décadas". Neste sentido, considera que instituições como o LABOMAR são da maior importância.

"A criação, manutenção e expansão de estruturas científicas rigorosas como o LABOMAR são uma questão crítica para o uso sustentável das zonas costeiras e dos oceanos. Precisamos encorajar a inovação transdisciplinar nestes institutos, com o objetivo de buscar soluções que visem à manutenção dos recursos marinhos para as futuras gerações", diz o Prof. Walfir.

Para atender a esse e a tantos desafios que se apresentam cada vez mais em escala local e global, o LABOMAR chega aos 60 anos com uma estrutura material e humana que se destaca pelas ações de ensino, pesquisa e extensão com foco na inovação, nas parcerias e na transdisciplinaridade, com relevantes contribuições às ciências do mar.

Exemplos não faltam. Na área de Gerenciamento Ambiental, o LABOMAR, a partir de 2001, participou de dois importantes programas institucionais: o LOICZ-IGBP (Land-Ocean Interactions in the Coastal Zone) e o Programa ISME/GLOMIS (Global Mangrove Data Base and Information System). Em 2002 e 2003, o Instituto sediou duas importantes reuniões internacionais desses programas, cujos resultados vêm sendo largamente utilizados pela comunidade científica da área.

PROJETOS – Das participações mais recentes do LABOMAR em projetos de pesquisa de alcance nacional e internacional, pode ser citado, entre tantos mencionados pela diretora do LABOMAR, o estudo financiado pela União Europeia e pelo Governo Federal para investigar o impacto dos microplásticos no Oceano Atlântico e no Mar Mediterrâneo, em parceria com outras instituições.

O Instituto tem participado de diversos editais, como o do Programa de Apoio aos Núcleos de Excelência (PRONEX) 2016-2021, sobre o desenvolvimento de instrumentação e métodos para caracterizar o ciclo rápido do carbono na interface continente-plataforma equatorial brasileira; outro do Projeto de Núcleos Emergentes (PRONEM 2017-2021) sobre a importância da circulação para o transporte e destino de contaminantes orgânicos na Plataforma Continental do Ceará; e o do Centro Multiusuário – Laboratório Multiusuário do Atlântico Equatorial.

Também são desenvolvidos trabalhos de pesquisa com o camarão com várias empresas na área de nutrição de organismos aquáticos, localizadas no Brasil e em países como Espanha, Alemanha, Estados Unidos, Suíça, França, Noruega e Bélgica.

Outro estudo, do ano passado, com Reino Unido e Escócia, trata do sensoriamento remoto para promover o uso sustentável das florestas tropicais sazonalmente secas; além do projeto de colaboração internacional Prediction and Research Moored Array in the Tropical Atlantic (Previsão e Pesquisa Ancorada no Atlântico Tropical, em tradução livre), também conhecido pela denominação de "PIRATA".

No âmbito do Ceará, a colaboração do Instituto foi essencial em 2010 para o Plano Básico Ambiental da Obra de Aprofundamento do Porto de Fortaleza; em 2018, com o monitoramento ambiental da continuação da execução das obras de dragagem para ampliação do acesso da infraestrutura aquaviária ao complexo do mesmo porto. No ano passado, destaque para o estudo e monitoramento dos prováveis impactos sobre o meio ambiente decorrentes da obra de engorda das praias do Meireles e Iracema, na capital cearense. A diretora destaca ainda parceria com Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), voltada à formação de professores.

Imagem: O LABOMAR oferece os cursos de graduação em Oceanografia e Ciências Ambientais e conta com mestrado e doutorado no Programa de Pós-Graduação em Ciências Marinhas Tropicais (Foto: Viktor Braga/UFC)ESTRUTURA – E a história é mesmo longa. Da nascente estação de biologia marinha criada em 1960 para ajudar a desenvolver a pesca marítima cearense até se transformar no que é hoje, um instituto com reconhecimento nacional e internacional por suas atividades, o LABOMAR percorreu uma trajetória que traduz bem o papel formador e transformador da universidade pública.

Atualmente, o Instituto oferece os cursos de graduação em Oceanografia e Ciências Ambientais, com conceitos 4 do Ministério da Educação. Tem também o Programa de Pós-Graduação em Ciências Marinhas Tropicais (PPGCMT), o qual tem conceito 5 (muito bom) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Ainda no âmbito do PPGCMT, o LABOMAR mantém colaboração acadêmica com a Universidade de Cabo Verde, a Università del Salento, (Itália) e a Université de Toulon (França).

Hoje o Instituto conta com 22 laboratórios em áreas das Ciências Ambientais e da Oceanografia, com pesquisas relacionadas aos estudos da Oceanografia (geológica, biológica, química e física), Pesca e Prospecção, Microbiologia Ambiental e do Pescado e Análises de Impactos Ambientais e de Contaminação do Ambiente Marinho e Costeiro, e Nutrição de organismo aquáticos.

Tendo a transdisciplinaridade como uma de suas marcas, o Instituto mantém parcerias com departamentos da própria UFC e de outras instituições como forma de promover a integração das diversas áreas de conhecimento e potencializar sua produção em áreas onde exista carência de pesquisadores pertencentes à equipe institucional.

Se o antigo Barco de Pesquisas Prof. Antonio Martins Filho cumpriu sua missão, hoje o LABOMAR dispõe de um outro barco da maior importância, de uso compartilhado com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), graças a um convênio firmado. É o Argo Equatorial, usado para apoiar as pesquisas no mar, além de ser laboratório marítimo que gera informação científica para a tomada de decisões nas áreas estratégicas de desenvolvimento.

Imagem: O barco Argo Equatorial é usado para apoiar as pesquisas no mar (Foto: Viktor Braga/UFC)

O Instituto tem destaque também por suas ações de extensão, envolvendo desde educação ambiental em escolas e na comunidade em geral ao incentivo ao cultivo de camarões e transferência de tecnologia para o setor comercial, para citar algumas.

Entre as parcerias com os setores governamentais e privados, vale ressaltar a que a UFC fez, através do Centro de Estudos Ambientais Costeiros (CEAC) do LABOMAR, com a Fundação AlphaVille, a Prefeitura Municipal do Eusébio, a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (SEMACE) e a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA). Em recente visita ao Centro, o reitor da UFC, Prof. Cândido Albuquerque, falou da importância do incremento de ações dessa natureza.

"Aqui produzimos conhecimentos relevantes nas áreas das ciências do mar e da economia do mar. Temos de intensificar a relação desse laboratório [CEAC] e do LABOMAR com essas áreas específicas na nossa economia", disse o reitor na ocasião.

ENTRE OS MELHORES – O elevado nível da produção científica dos pesquisadores do LABOMAR tem sido divulgado, desde 1961, por meio do periódico institucional Arquivos de Ciências do Mar, que abre espaço para pesquisadores também de outras instituições. A publicação pode ser ser acessada, gratuitamente, no Portal de Periódicos da UFC. "A revista sempre teve a proposta de ter a pesquisa científica acessível para todos, uma política de ciência aberta (open science), hoje esta é uma estratégia que vem sendo impulsionada por atores do sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação", pontua a Profª Ozilea.

Não por acaso, dos 14 professores da UFC listados entre os cientistas mais influentes do mundo na atualidade, de acordo com dois rankings que integram um estudo publicado recentemente pela prestigiada revista científica Plos Biology, um deles é do LABOMAR: o Prof. Luiz Drude de Lacerda. Ele é autoridade em ecologia, com relevantes estudos sobre ambientes costeiros, contaminação ambiental, metais pesados, biogeoquímica de ecossistemas tropicais, monitoramento ambiental e impacto das mudanças climáticas globais na biogeoquímica de ecossistemas.

Modesto, comenta que "não há bons cientistas sem uma instituição de excelência, como o LABOMAR e a UFC". Para ele, "o Instituto integra de forma exemplar ensino, pesquisa e extensão. Desta forma é capaz de desenvolver pesquisa marinha em nível internacional e interdisciplinar, incluindo navio oceanográfico e laboratórios com elevada capacidade e sofisticação analítica, possibilitando gerar conhecimento de alto impacto e de relevância global. Neste cenário, pude ser incluído na lista de cientistas mais influentes", diz. Ele destaca ainda o apoio de agências de financiamento, como "FUNCAP, CNPq, CAPES, entre outras".

SAIBA MAIS – Em 2 de dezembro de 1960 foi criada, pelo então reitor Antonio Martins Filho, a Estação de Biologia Marinha, a partir da ideia do biologista Rui Simões de Menezes em conjunto com o professor Melquíades Pinto Paiva, que veio a ser seu primeiro diretor. Ficava no mesmo prédio da Escola de Agronomia, no Campus do Pici. No ano seguinte, foi transferida para o imóvel na Av. da Abolição, no Meireles, que precisou ser totalmente reformado.

Em 1969, com a Reforma Universitária, a Estação passou a se denominar Laboratório de Ciências do Mar (LABOMAR). Em 18 de dezembro de 1998, foi aprovada uma nova transformação no nome e nas atribuições: o Instituto de Ciências do Mar, como órgão suplementar da UFC, adquiriu a competência regimental para ministrar cursos de graduação e pós-graduação, sendo mantidas as características de instituição multidisciplinar voltada para a pesquisa, o ensino e a extensão. A manutenção da sigla foi decidida porque a unidade já era conhecida no Brasil e no exterior como LABOMAR.

Outras informações podem ser acessadas no site do LABOMAR.

Fonte: Profª Ozilea Menezes, diretora do LABOMAR – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

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