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NUTEP realizará projeto de inserção de jovens autistas no trabalho; docentes da UFC analisam empresa alemã com funcionários com TEA

O Núcleo de Tratamento e Estimulação Precoce (NUTEP), que abriga ações de extensão da Universidade Federal do Ceará, vai realizar, neste ano, um projeto de inserção de jovens com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no mercado de trabalho. A iniciativa é possível através de financiamento do Governo Federal, via Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), sendo executada pela Secretaria Nacional da Juventude (SNJ).

Imagem: desenho de uma mulher e um homem montando um quebra-cabeças colorido

O projeto prevê a seleção de 100 jovens na faixa etária de 18 a 29 anos que, após entrevistas e avaliação de suas habilidades com profissionais especializados na área vocacional, serão encaminhados para qualificação em empresas parceiras por um ano. Os jovens também serão acompanhados por tutores do NUTEP durante o período.

As inscrições devem ser divulgadas em breve pelo Núcleo e serão realizadas por telefone e e-mail. Em momento posterior, as entrevistas serão marcadas individualmente, respeitando os protocolos de biossegurança em decorrência da pandemia do coronavírus.

O diretor do NUTEP, Prof. Lucivan Miranda, comemora o início do projeto. "Esse era um sonho que a gente tinha há muito tempo. A sociedade está despertando e vendo que os autistas podem e devem ser integrados ao mercado de trabalho, especialmente aqueles casos leves e moderados, que podem ter uma vida independente apesar do diagnóstico. O NUTEP sempre foi pioneiro nessas ações e agora também estamos dando um passo importantíssimo no apoio às pessoas com TEA", avalia.

OUTRAS REALIDADES – Se a iniciativa do NUTEP representa o início de uma nova perspectiva para pessoas com TEA no Brasil, experiências de outros países têm demonstrado que há exemplos exitosos. É isso o que mostra o artigo "Inclusão produtiva de pessoas com autismo: o caso da Auticon", dos docentes da Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade (FEAAC) Cláudio Bezerra Leopoldino e José Carlos Lázaro da Silva Filho, e da professora de Comunicação Intercultural, Gestão da Diversidade, Cultura Brasileira e Europeia na Universidade de Ciências Aplicadas de Bremen (Alemanha) Katrin Maria Nissel.

Publicado na Revista Interdisciplinar de Gestão Social (RIGS), da Universidade Federal da Bahia (UFBA), o trabalho buscou analisar o processo de inclusão de autistas em uma empresa europeia de Tecnologia da Informação (TI), a Auticon, cujos consultores de TI e compliance são pessoas com TEA. Fundada em 2011 na Alemanha, a empresa contava, em 2019, com 290 empregados em todas as suas sedes na Europa, Estados Unidos,Canadá e Austrália. Destes, 210 estavam no espectro do autismo.

Veja mais informações sobre o projeto do NUTEP e confira detalhes do artigo produzido pelos docentes da FEAAC na reportagem da UFCTV:

Para o Prof. Cláudio Leopoldino, a experiência da Auticon gerou resultados positivos. "A Auticon valorizou as potencialidades desenvolvidas de seus consultores, que são na sua maioria pessoas com autismo, obtendo visibilidade, crescimento, prêmios e diferenciação no mercado de tecnologia. Os resultados indicam que empreendimentos em outros campos de atuação profissional podem ser identicamente bem-sucedidos", analisa.

No Brasil, o docente aponta outro quadro. "O que pode ser observado em nosso País é que as pessoas com qualquer forma de deficiência são excluídas ao longo do sistema educacional e não conseguem, em muitos casos, atingir as potencialidades para atuar profissionalmente. Em outros casos, pessoas com autismo são rejeitadas em processos seletivos ou têm de se contentar com vagas abaixo de suas potencialidades", explica.

A pesquisadora Katrin Maria Nissel destaca outro ponto forte da Auticon: a empresa não tenta trabalhar nos seus funcionários com autismo somente os aspectos que são apropriados aos seus atributos, como a capacidade de foco e a facilidade para a programação. "Ela apoia o desenvolvimento de competências em áreas que são menos fortes nos autistas, como a comunicação e a sociabilidade", relata.

O Prof. José Carlos Lázaro da Silva Filho avalia que, no Brasil, algumas empresas ainda têm dificuldades de entender o aproveitamento das capacidades específicas das pessoas. "Há uma marca da Teoria da Administração bem forte relacionada ao processo de mudanças, desenvolvimento e inovação nas empresas. Um dos elementos-chave atuais é o desenvolvimento das capacidades das pessoas e o aproveitamento e a gestão dessas capacidades. Se as organizações têm um mapa preciso disso, elas vão ter um resultado positivo", defende.

PESQUISA – O Prof. Cláudio Leopoldino coordena o Projeto de Pesquisa Vínculos entre Gestão e Autismo, que busca empregar as disciplinas da Administração para investigar a questão do autismo. Formalizado em 2016, o projeto tem como principais temas investigados a inclusão de autistas no mercado de trabalho; o impacto do autismo nos custos das famílias; estudos sobre associações de pais de autistas; pesquisas sobre instituições de atendimento a autistas e políticas públicas relacionadas ao autismo. O docente também integra o Grupo de Estudos sobre Autismo (GEA), criado pela Secretaria de Acessibilidade da UFC (UFC Inclui).

Fontes: Núcleo de Tratamento e Estimulação Precoce (NUTEP) – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. / Prof. Cláudio Leopoldino (FEAAC) – e-mail: claudio.Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

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