Novos arranjos institucionais para promover a inovação são tema de palestra no último dia dos EU 2020; confira outros destaques
- Sexta, 12 Março 2021 13:38
Que caminhos a universidade brasileira pode trilhar para aprimorar seu modelo de inovação tecnológica? Que novos arranjos são possíveis e qual o próximo passo para a difusão do conhecimento? Questões como essa foram abordadas na palestra "Novos arranjos para promover a inovação nas Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs)", apresentada pela Profª Juliana Crepalde, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que deu início à programação do último dia dos Encontros Universitários (EU) 2020 da Universidade Federal do Ceará, encerrados nesta sexta-feira (12).
Juliana Crepalde é coordenadora de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT) da UFMG e diretora do Fórum dos Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia (FORTEC). O evento contou com a participação do Prof. Rodrigo Porto, pró-reitor-adjunto de Pesquisa e Pós-Graduação da UFC, e de Ana Carolina Matos, coordenadora de Inovação Tecnológica da UFC.
Além dos modelos tradicionais de arranjos (como pesquisa & desenvolvimento, transferência de tecnologia, prestação de serviços e compartilhamento de equipamentos), a professora destacou as possibilidades criadas por arranjos como alianças estratégicas e ambientes de inovação. "Um acordo de parceria é um instrumento muito importante. Mas ele precisa ter um objeto e entregas muito específicas", disse. "Já com a aliança estratégica, você pode construir com a empresa, criar um ambiente de inovação dentro das nossas universidades".
A pesquisadora citou o caso do Ambiente Temático Catalisador de Inovação (ATCI), novo arranjo estruturado na UFMG baseado justamente nesses conceitos. Os ATCIs abrem espaço para uma gama de interações com as empresas, como prestação de serviços tecnológicos; realização de atividades de P&D; compartilhamento de infraestrutura e capital intelectual; capacitação e treinamento; geração e apoio de spin-offs; geração de ativos de propriedade intelectual; e licenciamento de tecnologia, dentre outras.
A professora citou dois cases de ATCIs na UFMG. O primeiro reúne o Laboratório de Ensaio de Combustíveis (LEC), da Universidade, e a Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (CODEMG) na área de combustíveis de aviação. O segundo envolve o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia - Midas e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) em projetos na área ambiental.
Para a Profª Juliana Crepalde, esse é o próximo passo que as ICTs devem dar. "As interações lineares precisam continuar acontecendo. Mas o desafio maior é incrementar esses arranjos para a gente potencializar e ter uma difusão maior", disse. Na sua avaliação, isso significa que as ICTs precisam criar mecanismos de atração das empresas e facilitar modelos e negociações.
Ouça também matéria produzida pela rádio Universitária FM sobre a palestra
SAÚDE ‒ A tarde do último dia dos Encontros Universitários teve início com a palestra "A importância do SUS para o combate à covid-19", transmitida ao vivo no canal dos EU 2020 no Youtube. A atividade, integrante da XXIX Mostra de Extensão, foi promovida pelo Núcleo Rondon na UFC e pela Pró-Reitoria de Extensão (PREX), com mediação da pró-reitora, Profª Elizabeth Daher, e do estudante Guilherme Martins, do Curso de Medicina.
A convidada, Profª Alice Pequeno (UECE/Escola de Saúde Pública-CE), ressaltou o papel fundamental do Sistema Único de Saúde (SUS) em promover iniciativas como campanhas de vacinação para o povo brasileiro, especialmente em um contexto de pandemia. Ela destacou que o País possui 36.000 salas de vacinas com profissionais treinados, com capacidade de ofertar 2 milhões de doses por dia de 28 vacinas distintas, aplicadas em diferentes ciclos de vida, desde crianças a idosos.
"A vacinação é um tema que tem assumido um lugar de muito destaque nos dias atuais. A gente está vivendo um momento de pandemia e de crise sanitária sem precedentes, e cabe ao Estado prover todas as condições para garantir a todos o direito à saúde, reafirmando a vacina como um mecanismo de prevenção da SARS-CoV-2. É importante que a vacinação seja realizada por um sistema público, gratuito, para todos, e assim o SUS garante o acesso, a universalidade e a promoção de justiça social", declarou Alice Pequeno.
HOMENAGEM ‒ Os EU 2020 contaram ainda com a segunda edição do projeto Professores(as) Inspiradores(as) (PROFINSP), iniciativa que presta homenagem a um docente que fez a diferença na vida acadêmica de seus alunos ou colegas de trabalho. Desta vez, o tributo foi ao professor Edson Vicente da Silva (Cacau), do Departamento de Geografia. A live fez parte do XII Encontro de Docência no Ensino Superior e foi transmitida ao vivo pelo canal do Programa de Apoio e Acompanhamento Pedagógico (PAAP) da UFC no Youtube.
A indicação do Prof. Cacau partiu da Profª Helena Stela Sampaio, do Departamento de Estudos Interdisciplinares. Muito emocionada, a docente e ex-aluna apresentou o currículo do homenageado, que se destaca pela qualidade, com 180 artigos publicados, 51 livros e mais de 200 orientandos. Classificando-o como "pai acadêmico", Helena Stela falou dos predicados humanos de Edson Vicente. "O Prof. Cacau é uma pessoa cuidadosa, sensível e que agrega para o bem. E a Geografia, pelo seu corpo docente, é um departamento diferenciado, em que as pessoas se encontram por um mundo melhor", compartilhou.
O homenageado declarou estar com o coração cheio de alegria e gratidão, e dirigindo-se aos atuais e ex-alunos, aos companheiros de docência, aconselhou-os a ter serenidade, sabedoria e conhecimento atrelado à ética. “Na vida, a gente colhe o que planta. A nossa função como professor é formar pessoas melhores do que nós. Sempre tentei ser igual a todos na Universidade. Não é certo de que formamos todas as profissões, mas apenas uma: cidadãos e cidadãs”, ensinou Cacau.
A solenidade virtual contou ainda com falas emocionadas de colegas do Departamento de Geografia, como os professores José Borzacchiello da Silva, Adryane Gorayeb, Clélia Lustosa e Vládia Oliveira. Da Pró-Reitoria de Extensão (PREX), falaram as professoras Elizabeth Daher e Nadja Dutra, que exaltaram a competência acadêmica do Prof. Cacau, inclusive em ações extensionistas. Ex-alunos do Prof. Cacau e parceiros de pesquisas do Ceará e de outros Estados integraram a homenagem.
60 ANOS DO MAUC ‒ A celebração dos 60 anos do Museu de Arte da UFC (MAUC) esteve presente nas atividades dos Encontros Universitários desta sexta-feira (12), com a palestra "MAUC 60 anos: passado, presente e futuro". Graciele Siqueira, diretora do MAUC e museóloga formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, conduziu a programação. A apresentação foi marcada pelo resgate histórico, desde a idealização, projeto, até a fundação do museu universitário, em 1951, pelo então reitor da UFC, Prof. Antônio Martins Filho.
"O Museu de Arte da UFC foi criado a partir de um sonho. Após visitas a outros museus pelo mundo, o Prof. Martins Filho teve papel humanista essencial ao pensar na criação deste museu, por compreender a importância deste espaço para a sociedade", explicou Graciele. Ela ressaltou ainda a missão do museu de "dialogar tanto com o universo cultural e artístico quanto com o universo educacional, atendendo às premissas da área museológica e também os planos definidos na educação".
A palestra contou com uma exibição de imagens do acervo de cada década de desenvolvimento do MAUC, com exposições e homenagens a figuras renomadas e fundamentais para a história do equipamento. O momento foi finalizado com muitos depoimentos da audiência na transmissão on-line sobre a importância do museu para a comunidade acadêmica e a sociedade fortalezense.
"A nossa arte é presente, mesmo nesses tempos difíceis em que nos encontramos. O MAUC é uma casa cheia de pessoas especiais por escolherem estar num museu de arte. Os nossos produtos são sempre afetuosos e carinhosos", concluiu a palestrante.
APRESENTAÇÕES ORAIS ‒ As apresentações orais seguiram durante a tarde, contempladas por trabalhos que dialogam com questões atuais e inseridas no centro de diversos debates. Mestranda em Sociologia pela UFC, Lara Caroline Ezequiel abordou o tema "A autoetnografia na pesquisa sociológica", sob orientação da Profª Geísa Mattos de Araújo Lima. A estudante apresentou um recorte de seu projeto no Programa de Pós-Graduação, intitulado "Do quartinho à sala de aula ‒ O emprego doméstico e a trajetória de estudantes de universidades federais", no qual analisa como a profissão das mães impactou a trajetória escolar dos estudantes universitários filhos de domésticas, influenciando suas escolhas acadêmicas e profissionais.
Ao longo da explanação, Lara compartilhou a vivência acadêmica entrelaçada à sua experiência pessoal. "Esse é um tema que se relaciona comigo de uma forma direta, por eu ser filha de uma trabalhadora doméstica, ser formada pela universidade pública e hoje mestranda. Estamos acostumados a associar rigor acadêmico com a impessoalidade, e nos colocarmos autobiograficamente na pesquisa pode causar certo estranhamento inicial. No entanto, argumento em favor das possibilidades de associar a escrita pessoal, autobiográfica e autoetnográfica ao rigor científico, com grande potencial de conduzir à inovação teórica e metodológica em estudos sociológicos e antropológicos", concluiu.
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Fonte: Comissão Executiva dos Encontros Universitários 2020 ‒ e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.