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Sexta, 01 Outubro 2021 08:57

Última Atualização: Terça, 05 Outubro 2021 16:37

O reitor da Universidade Federal do Ceará, Prof. Cândido Albuquerque, visitou, nessa quinta-feira (30), o Museu da Fotografia de Fortaleza (MFF) e prestigiou a exposição Na ponta dos dedos, culminância de um ciclo de formação em fotografia para pessoas cegas e com baixa visão, realizado pelo projeto Fotografia Tátil, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo e Design (DAUD). O gestor percorreu o equipamento acompanhado da secretária de Cultura da UFC, Maria Pinheiro Pessoa; do diretor do Museu da Fotografia, Sílvio Frota; e do coordenador do projeto Fotografia Tátil e docente do DAUD, Prof. Roberto Cesar Vieira.

A exposição consiste em 20 obras táteis, produzidas por pessoas atendidas pelo ciclo Na Ponta dos Dedos nos anos 2019 e 2020. Com visitação gratuita, controle de acesso para evitar aglomerações e em acordo com o protocolo de biossegurança do museu, o público pode interagir com as fotografias por meio do tato e da audição. No lugar de fotos na parede, placas de madeira com versões táteis das fotos foram impressas e colocadas à disposição. A mostra oferta também fones de ouvido para escuta e imersão completa, além de apresentar um sistema de rastreio tátil desenvolvido pelo DAUD para a leitura das imagens com as mãos.

Enquanto as peças foram materializadas na oficina digital do DAUD, que conta com máquinas de corte a laser e impressoras 3-D, a parte de audiodescrição ficou a cargo do Grupo de Pesquisa em Legendagem e Audiodescrição (LEAD) da Universidade Estadual do Ceará (UECE), que se tornou um grande parceiro do Fotografia Tátil. “Não tínhamos trabalhado ainda com audiodescrição de fotografias, somente de obras de arte de outras linguagens. A fotografia como arte é muito mais que falar o que está na imagem. Juntando nossos saberes com os saberes do Museu da Fotografia e do projeto Fotografia Tátil, complementamos nossos conhecimentos. Estamos aprendendo muito, ao fazer a audiodescrição junto com as peças táteis. Foi realmente uma troca muito rica”, relatou a Profª Vera Lúcia Santiago, coordenadora do LEAD.

De acordo com a titular da Secretaria de Cultura da UFC (SECULT UFC), Maria Pinheiro, uma aproximação entre a Universidade e equipamentos culturais externos é uma relação que só apresenta ganhos. “A exposição Na ponta dos dedos é uma aula de humanidade, uma ação que pensa formas de incluir, dar visibilidade e fruição das artes para pessoas com deficiência. E abre um leque de parcerias fundamentais, porque coloca um projeto do nosso Programa de Promoção da Cultura Artística (PPCA) em contato com grupos de pesquisa como o LEAD, com um equipamento cultural externo à UFC (Museu da Fotografia), e isso gera um intercâmbio muito rico entre os agentes culturais e as instituições. Ninguém faz cultura sozinho, é uma área que demanda que a gente esteja junto, ampliando nossas ações”, explicou.

Maria salientou ainda que a pandemia trouxe uma era de inovação para quem trabalha com cultura, não só dentro das instituições públicas. “Nós reinventamos nossa formas de fazer cultura. Com certeza, depois de tudo o que vivemos, teremos uma guinada cultural. Em um momento posterior à visita, a ideia é propor um termo de cooperação entre as instituições”, adiantou a secretária, antecipando que, muito em breve, haverá uma exposição alusiva aos 100 anos do pintor cearense Aldemir Martins, com obras totalmente acessíveis em peças táteis e audiodescritas. Mais um fruto da parceria entre o Fotografia Tátil, o LEAD e as duas universidades, UFC e UECE.

O reitor Cândido Albuquerque ficou muito tocado pela exposição e impressionado com a estrutura e o acervo do Museu da Fotografia. Ciceroneado pelo diretor e pelos envolvidos no projeto, ele e a secretária de Cultura da UFC louvaram a iniciativa. “A exposição Na ponta dos dedos traz questões muito caras à sociedade, como o ponto da inclusão, da acessibilidade. Traz a chance de exercitarmos a empatia e nos colocarmos no lugar das pessoas com deficiência, que têm dificuldade para ter acesso a determinados bens artísticos e culturais. Quando você não pensa em acessibilidade, está excluindo uma parcela da população”, disse o reitor.

O diretor do MFF, Sílvio Frota, qualificou como muito oportuna a visita do reitor e da secretária de Cultura, porque a instituição cultural já vinha estreitando laços com equipes da UFC para a montagem dessa exposição, aberta no dia 10 de setembro. “Foi muito frutífera a visita, e serão também os acordos que faremos em conjunto a partir de agora. As universidades já estão aqui dentro do museu, em exposições, treinamentos. Agora é potencializar esse trabalho que já desenvolvemos juntos”, apontou.

Assista também ao vídeo da UFCTV:

SOBRE O FOTOGRAFIA TÁTIL – Projeto de extensão em arte, cadastrado na Secretaria de Cultura e na Pró-Reitoria de Extensão, o Fotografia Tátil é coordenado pelo Prof. Roberto Cesar Vieira e vinculado ao Departamento de Arquitetura e Urbanismo e Design. Iniciou suas atividades oficialmente em 2015, embora tenha começado a ser “gestado” em 2013, quando o Prof. Roberto Cesar foi procurado pelo Instituto dos Cegos para contribuir com a doação de bengalas para crianças cegas do Interior cearense. 

“Foi um contato telefônico, e a partir daí comecei a refletir sobre a possibilidade de criar algum projeto voltado para a arte, especialmente para a fotografia, à qual eu já me dedicava. Quando entrei como professor efetivo na Universidade, encontrei condições e uma estrutura que permitiriam materializar as peças, com o apoio técnico também da Secretaria de Acessibilidade (UFC Inclui). Foram eles que fizeram a provocação para que realizássemos a primeira oficina para pessoas cegas, em um evento chamado Acessibilidade em Ação", relembrou. 

Segundo o coordenador, essa é a primeira vez que o projeto expõe com tais dimensões. As iniciativas anteriores foram pequenas exposições internas no DAUD e nos Encontros Universitários da UFC. “Toda peça de arte visual pode ser transformada em tátil. Já fizemos, em parceria com o Museu de Arte da UFC, três peças táteis de pinturas do Aldemir Martins e outras em parceria com o Museu da Cultura Cearense, no Dragão do Mar”, enumerou, acrescentando que os planos futuros do projeto são produzir versões táteis de novas obras e angariar recursos para o Instituto dos Cegos, além de ofertar módulos de formação mais avançados às pessoas cegas e com baixa visão, “já que a fotografia é um processo contínuo”, finalizou.

Serviço:

Exposição Na ponta dos dedos

Em cartaz até 15 de outubro no Museu da Fotografia de Fortaleza (Rua Frederico Borges, 545, Varjota)

Funcionamento: Terça-feira a domingo, das 12h às 17h

Telefone: (85) 3017 3661 

Mais informações: Acesse o site do museu ou o Instagram do projeto Fotografia Tátil.

Fonte: Gabinete do Reitor – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.