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Quinta, 14 Outubro 2021 15:16

A Universidade Federal do Ceará, representada por seu reitor, Prof. Cândido Albuquerque, foi um dos atores centrais envolvidos no Seminário Internacional Hidrogênio Verde no Ceará: as Vantagens Competitivas do Ceará para a Implantação do Hub de Hidrogênio Verde. Realizado nesta quinta-feira (14), no Centro de Eventos do Ceará, a iniciativa debateu o potencial do Estado de abrigar empreendimentos dessa matriz energética. Uma promoção dos jornais O Globo e Valor Econômico, a programação foi apresentada pela jornalista e ambientalista Rosana Jatobá, com transmissão ao vivo pelas redes sociais do Governo do Estado e dos dois jornais.

A mesa de abertura contou com a presença do reitor Cândido Albuquerque, representando as universidades envolvidas no empreendimento (UFC e Universidade Estadual do Ceará – UECE); do governador do Estado, Camilo Santana; do presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), Ricardo Cavalcante; do deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa do Estado, Evandro Leitão; e de Ignacio Ybáñez, embaixador da União Europeia (UE) no Brasil.

Abrindo as falas, o Prof. Cândido Albuquerque destacou que a iniciativa em discussão pretende transformar o Ceará em referência internacional no combustível que, de maneira limpa, deve revolucionar a matriz energética do mundo. "Tanto a UFC quanto a UECE já vinham desenvolvendo pesquisas sobre o tema, e a capacidade intelectual envolvida é muito grande. O chamamento pioneiro do governo estadual foi acolhido por empresas interessadas do mundo inteiro. Este é um momento a ser aplaudido", afirmou.

Em consonância, o presidente da FIEC qualificou o seminário como "um sonho". "O Ceará, por uma bênção de Deus, tem os melhores ventos, 573 quilômetros de litoral e sol o ano inteiro. Grande parte do interior do Estado, carente, tem capacidade geradora, principalmente em energia solar e eólica", citou Ricardo Cavalcante, lembrando que o objetivo do evento é discutir como o governo, as universidades e as empresas podem se ajudar para começar a tornar tudo realidade, já a partir do ano que vem. "É um momento disruptivo, que deverá reverberar não só para o Estado do Ceará mas para todo o mundo", vislumbrou.

Ainda na mesa de abertura, o deputado estadual Evandro Leitão disse que o Estado está criando uma ambiência de captação de investimentos, o que dá aos participantes a convicção de que estão no caminho certo. “Parabenizo os envolvidos no poder público, no meio acadêmico e na cadeia produtiva industrial por estarem direcionando esforços a esse novo projeto", disse.

O preâmbulo inicial teve participação internacional remota do embaixador da União Europeia no Brasil, Ignacio Ybáñez. Ele destacou que há muita convergência nas estratégias adotadas, tanto pelo Brasil quanto pela UE, com relação à gestão energética e às mudanças climáticas. "Energias renováveis são fonte de novos empregos e desenvolvimento econômico, e o Ceará desempenha um papel fundamental nas políticas locais e nacionais desse tema. Fico feliz por ver o grande interesse do Estado em políticas de transição energética, o que cria um espaço promissor para parcerias cada vez mais aprofundadas e cooperação bilateral entre Brasil e União Europeia", resumiu o diplomata.

Ignacio Ybáñez também fez menção à 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climáticas (COP 26), prevista para iniciar no próximo dia 31 de outubro na cidade de Glasgow, na Escócia. "Caberá aos nossos negociadores [do Brasil e da Europa] elaborar propostas com resultados ambiciosos na COP 26. A procura por eletricidade aumentará e terá que ser satisfeita por fontes renováveis. Visamos à descarbonização efetiva e economicamente acessível da União Europeia", finalizou.

DETALHAMENTO – Após a abertura, o debate prosseguiu com uma apresentação do governador Camilo Santana e com uma nova mesa-redonda para detalhamento da contribuição dos entes envolvidos, desta vez com a presença do reitor Cândido Albuquerque; do presidente da FIEC, Ricardo Cavalcante; do secretário estadual do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (SEDET), Francisco Maia Júnior; e do secretário estadual do Meio Ambiente, Artur Bruno.

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Camilo fez uma exposição sobre os motivos de o hidrogênio verde se apresentar como uma grande alternativa, favorecendo a descarbonização do Ceará e sua posição de destaque no uso de energias renováveis: "Assinamos um compromisso, em nosso Estado, de diminuir as emissões de carbono em 50% até 2030 e de zerá-las até 2050. Já na Praia do Futuro, em Fortaleza, autorizamos a construção da maior usina de dessalinização do Brasil".

O governador citou ainda os nove acordos já assinados pelo governo estadual com empresas locais e multinacionais, com vistas à cooperação em torno do futuro hub de hidrogênio verde. São elas: Energix Energy, White Martins, Qair, Fortescue, Eneva, Diferencial, Hytron, H2Helium e Neoenergia. "A capacidade estimada de produção de H2V no Ceará será de 40 mil megawatts até 2050, com a planta-piloto da usina, a primeira do Brasil, prevista para operar ainda em 2022", adiantou.

Assista à matéria da UFCTV sobre o evento:

O tom das discussões, além da premissa de que o hidrogênio verde poderá ter um papel de transformação mundial do ponto de vista das mudanças climáticas, publicizou ainda uma estratégia paralela do poder público local: a redução da pobreza. "Ao gerar energia no Interior para a cadeia do hidrogênio, envolvendo pequenos produtores locais, daremos um passo no sentido de distribuir renda e reduzir as desigualdades. A médio e longo prazo, podemos mudar o perfil econômico do Ceará", disse Camilo Santana, reforçando que o seminário desta quinta aprofunda o diálogo em uma construção coletiva, liderada pelo setor público, privado e pelas universidades, para efetivar o projeto.

O Prof. Cândido Albuquerque detalhou a participação da academia no suporte científico e tecnológico para que o empreendimento do hidrogênio verde encontre as condições necessárias para florescer. "O mundo se divide, atualmente, entre dois blocos: um que inova e o outro que importa tecnologias. Quando nos unimos, os resultados são maravilhosos, e o Elmo (capacete de respiração assistida 100% cearense, desenvolvido por meio de um consórcio interinstitucional) está aí para comprovar", frisou o reitor.

Ricardo Cavalcante afirmou que o empresariado cearense estará preparado para participar dessa cadeia, podendo discutir em pé de igualdade com especialistas e investidores. Fechando sua segunda participação, fez menção à "profecia" do autor francês Júlio Verne no livro A ilha misteriosa (1874). "Júlio Verne disse que a água seria o carvão do futuro, ao escrever que ‘a água um dia será empregada como combustível, que o hidrogênio e o oxigênio que a constituem fornecerão uma fonte inesgotável de calor e luz, cuja intensidade o carvão não é capaz".

A segunda mesa contou ainda com a contribuição do secretário Artur Bruno, que atualizou o público presente sobre a política ambiental no Estado, chamando a atenção para o fato de ser um governo sensível à causa. "A Organização das Nações Unidas declarou que vivemos uma emergência climática, ao mesmo tempo, viver em um ambiente saudável é direito humano. Até 2030, estaremos na década da restauração de ecossistemas e da ciência oceânica. É até fácil ser secretário do Meio Ambiente em um lugar onde o governador é ambientalista e servidor de carreira do IBAMA [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis]", brincou.

Outro representante do secretariado estadual na programação, o secretário-executivo de Energia e Telecomunicações da Secretaria da Infraestrutura do Estado (SEINFRA), Adão Linhares, reforçou que o Ceará está conseguindo transformar características naturais antes tidas como negativas (como sol constante, clima seco e ventos intensos) em vantagens competitivas para despontar como liderança em energias limpas.

Fonte: Gabinete do Reitor – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.