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Sexta, 03 Dezembro 2021 17:07

Sem descartar as incertezas em âmbito mundial e nacional decorrentes da pandemia da covid-19, é com otimismo que o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), Ricardo Cavalcante, encara o retorno das atividades econômicas no Estado. Entre os fatores que colaboram para esse pensamento, ele cita a volta das atividades no setor do turismo; a aposta em setores inovadores como o das energias renováveis ‒ solar e eólica ‒ e o da economia do mar; e a implementação do hub de hidrogênio verde, dentre outros. Destaca ainda a união dos setores público e privado com a academia, bem como o papel da ciência neste quadro.

Na primeira plenária do terceiro e último dia dos Encontros Universitários 2021 da Universidade Federal do Ceará, Ricardo Cavalcante ministrou, hoje (3) pela manhã, a palestra “Retomada econômica do Ceará e do Brasil frente à pandemia: desafios e oportunidades”, com mediação do Prof. Paulo Matos, da Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade (FEAAC).

FATORES DE ESPERANÇA ‒ Ao expor sua esperança na melhora da economia cearense, Cavalcante destacou o fato de o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará ser mais expressivo que o do Brasil; a lenta, mas gradual recuperação de postos de trabalho com carteira assinada desde agosto do ano passado, e o esforço de setores mais tradicionais da economia local ‒ como têxtil, metalmecânico, de confecções e da construção civil ‒ em se tornarem mais competitivos.

ENFRENTAMENTO À PANDEMIA ‒ O empresário traçou um panorama da economia no Brasil e Ceará com seus altos e baixos desde a década de 1990 até 2020, quando eclodiu a pandemia de covid-19. O desafio, ressaltou ele, foi colocar as vidas em primeiro lugar. Assim, no Ceará, a entidade que ele preside passou a integrar, junto com o Governo do Estado, universidades e outras instituições, a comissão de enfrentamento da crise sanitária. Um dos resultados mais exitosos dessa parceria foi a criação do capacete Elmo, equipamento de respiração assistida capaz de evitar a intubação de pacientes com covid-19, que ganhou destaque nacional e internacional.

Cavalcante afirmou também que indústrias associadas à FIEC colaboraram para a compra de UTIs e respiradores, confecção e doação de aventais e máscaras para equipes hospitalares e, com apoio do Serviço Social da Indústria (SESI) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), respiradores quebrados foram recuperados e até peças caras, em falta no mercado, foram fabricadas usando impressão em 3D, barateando os custos.

Após a exposição, o empresário respondeu a perguntas dos participantes. Saudou a UFC, ressaltando o desempenho do reitor Cândido Albuquerque e sua equipe, e agradeceu a oportunidade de falar para os universitários participantes dos EU2021. "Vocês são as pessoas que vão transformar o nosso futuro. Eu acredito nos jovens, eu acredito no trabalho, eu acredito, principalmente, na universidade e na ciência”, disse. A íntegra da palestra está disponível no canal dos EU 2021 no YouTube.

SEGUNDA PLENÁRIA ‒ Na segunda plenária do dia nos EU 2021, à tarde, o Prof. Edmo Campos, do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP), ministrou a palestra intitulada “Mudanças climáticas e impactos ambientais: o papel do oceano”, que teve a mediação do Prof. Luiz Drude, do Instituto de Ciências do Mar (LABOMAR/UFC). Apresentando uma série de estudos, dados e exemplos, Campos criticou o negacionismo existente acerca das mudanças climáticas, mostrou que a ação humana é a principal causa dessas alterações e apontou como isso tem interferido especificamente nos oceanos.

Segundo o professor, acerca do aquecimento global alguns fatos são aceitos como incontestáveis pela grande maioria da comunidade científica. Um exemplo é a compreensão de que, nos últimos dois mil anos, a temperatura do planeta pode ser considerada bastante estável na quase totalidade desse período. Porém, nos últimos 200 anos ou menos ‒ período que coincide com a Revolução Industrial e todas as suas consequências ‒ a temperatura média do planeta começou a aumentar de forma desenfreada.

“O que a gente pode concluir hoje é que com a presente taxa de aumento, em 2100 a temperatura média global será a maior registrada nos últimos 10 milhões de anos. [...] Nós, seres humanos, nunca vivenciamos uma situação como a que estamos nos preparando para viver até o final do presente século”, advertiu.

AÇÃO HUMANA ‒ Sobre as ações humanas que contribuem para o aquecimento global, Edmo Campos afirmou que um dos principais exemplos é a liberação de gás carbônico na atmosfera, sobretudo por meio dos combustíveis fósseis. Isso intensifica o efeito estufa, causando a retenção de mais radiação solar ao redor do planeta. “Se você acha que o ser humano não tem nada a ver com isso, é difícil encontrar uma explicação contrária”, pontuou.

IMPACTO NOS OCEANOS ‒ Por fim, o pesquisador frisou que falar em aquecimento global é o mesmo que falar em aquecimento do oceano, pois as outras partes que compõem o planeta (como as porções de terra e a própria atmosfera) não participam de forma significativa desse processo. De acordo com Campos, é preciso uma quantidade enorme de energia para aumentar a temperatura dos oceanos. O problema, segundo ele, é que é exatamente isso o que o ser humano tem feito, uma vez que mais de 90% do excesso de calor injetado na atmosfera desde a Revolução Industrial tem sido absorvido pelos oceanos, o que pode resultar em um desequilíbrio irreversível. A íntegra da palestra está disponível no canal dos EU 2021 no YouTube.

CERTIFICADOS ‒ Estudantes e servidores da UFC que participaram de pelo menos seis atividades da programação dos Encontros Universitários dos campi de Fortaleza já podem preencher o formulário on-line para receber o certificado de ouvinte. Essa participação contabilizará 12 horas de carga horária. Já os autores de trabalhos receberão o certificado de apresentação pela plataforma geral dos Encontros Universitários, depois que todos os avaliadores enviarem os formulários de avaliação. O estudante ou servidor que tiver participado de ações culturais ou artísticas, como as da VII Mostra ICA e do VIII Encontro de Cultura Artística, deve verificar a certificação diretamente com o setor responsável.

REVISTA DOS ENCONTROS ‒ Já está disponível o volume 6 da Revista Encontros Universitários da UFC, com a relação de todos os 4.993 trabalhos inscritos.

GIRO PELO INTERIOR ‒ O último dia dos EU 2021 foi bastante movimentado também nos campi do interior do Estado. Em Quixadá ocorreu a mesa-redonda “Conectando as startups com a academia”, com mediação de Allysson Araújo, docente do Campus da UFC em Crateús, e participação de Matheus Fernandes, Lucas Silva, Jefferson Macedo e Maurício Cardoso – que representaram, respectivamente, as startups Sitiá, Bilíngua, Sisbarragens e a empresa Casa Azul. O campus, cujos cursos são focados nas tecnologias da informação e da comunicação, teve ainda uma minimaratona de programação. Houve também a cerimônia de encerramento, com premiação dos melhores trabalhos apresentados no campus durante os EU. As apresentações estão disponíveis na página do Campus de Quixadá no Facebook.

Em Russas, o destaque foi a palestra “Carreira Acadêmica Internacional 101", com Luiz Jonatã Pires de Araújo, Ph.D. em Ciência da Computação pela Universidade de Nottingham, do Reino Unido, com experiência em ensino, pesquisa e supervisão de alunos e alunas durante os últimos cinco anos em universidades internacionais. A íntegra está disponível no canal do Campus de Russas no YouTube. Em Crateús, houve uma cerimônia de encerramento com divulgação dos melhores trabalhos do campus apresentados durante o evento.

Fonte: Comissão Organizadora dos Encontros Universitários 2021 ‒ e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.