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Projetos da UFC são contemplados com o Prêmio Frei Tito de Alencar de Direitos Humanos 2021

Dois projetos da Universidade Federal do Ceará foram agraciados com o Prêmio Frei Tito de Alencar de Direitos Humanos 2021, iniciativa da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Ceará. Foram eles: o projeto de extensão Núcleo de Psicologia Comunitária (NUCOM), coordenado pela Profª Verônica Morais Ximenes, do Programa de Pós-Graduação em Psicologia; e o projeto Dormi Aluna, Acordei Professora, sob coordenação da Profª Verônica Castelo Branco, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Transportes. A solenidade de premiação ocorreu no último dia 10.

Este ano, a proposta da Comissão de Direitos Humanos, presidida pelo deputado Renato Roseno, com a outorga do Prêmio Frei Tito de Alencar de Direitos Humanos, foi reconhecer projetos, coletivos e ações que impactaram a melhoria de vida das pessoas em situação de vulnerabilidade social e pobreza no contexto da pandemia de covid-19. Foram homenageadas, assim, iniciativas voltadas ao trabalho com transferência de renda, produção e distribuição de alimentos, apoio a pessoas em situação de rua e sem teto e a profissionais diretamente atingidos pela crise sanitária.

Imagem: O Prêmio Frei Tito de Direitos Humanos homenageou projetos, coletivos e ações que atuaram juntos na Rede Rua, em benefício de pessoas em situação de rua, no contexto da pandemia da covid-19 (Foto: Divulgação)

Os dois projetos da UFC atuaram em parceria com o Coletivo Arruaça, Pastoral do Povo da Rua, Casa da Sopa e outros grupos integrando a Rede Rua, para o desenvolvimento de diversas ações durante a pandemia da covid-19 entre os anos de 2020 e 2021. "O objetivo principal dessa Rede foi garantir assistência emergencial, especialmente a população em situação de rua de Fortaleza", salienta a Profª Verônica Castelo Branco.

Especificamente relacionado ao Prêmio, ela informa que o Projeto Dormi Aluna, Acordei Professora foi contemplado devido, principalmente, ao desenvolvimento do projeto de extensão "Proposição de Lavatórios Móveis para Melhoria das Condições de Higiene da População Durante e Após a Pandemia da Covid-19".

Desenvolvido em parceria com o Instituto Compartilha, o Coletivo Arruaça, três professores dos cursos de Engenharia Civil e de Design UFC, um professor da Engenharia Sanitária e Ambiental do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) e alunos de graduação e pós-graduação desses cursos, o projeto disponibilizou lavatórios móveis em vários pontos da cidade para que as pessoas em situação de rua pudessem se higienizar, antes do contato com a alimentação. Cada lavatório beneficiou cerca de 400 pessoas todos os dias.

Imagem: O projeto Dormi Aluna, Acordei Professora tem a coordenação da Profª Verônica Castelo Branco, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Transportes da UFC (Imagem: Divulgação)

De caráter participativo, o projeto abriu espaço para a população em situação de rua ser ouvida, indicando ajustes a serem realizados. "O mecanismo de funcionamento dos lavatórios é simples. Um galão de 200 litros de água limpa é colocado sobre uma estrutura de metalon com acionamento, de água e sabão, por pedais. A ideia foi promover a equidade com o oferecimento de um produto que pode, e deve, ser usado por qualquer cidadão", diz a professora.

Ela avalia que "a idealização do projeto colaborou para a redução da desigualdade social, além de promover práticas simples, porém necessárias, de saúde coletiva. Como resultados esperados ainda cogita-se que o produto seja utilizado por outros setores (bancos, supermercados, eventos, pontos de ônibus, universidades), promovendo o empreendedorismo e a economia solidária".

A Profª Verônica Castelo Branco ressalta que o prêmio, considerado por ela de natureza coletiva, representou "enquanto coordenadora do projeto, o reconhecimento por parte do poder público de que essas iniciativas agiram unindo saberes a fim de reduzir danos em um momento tão caótico da nossa existência enquanto seres humanos. Especificamente, como docente, foi especial e didático poder viver esse projeto que uniu profissionais das mais diversas áreas e níveis de formação a fim de minimamente melhorar a situação dessa parcela da população tão negligenciada".

Saiba mais sobre o projeto Dormi Aluna, Acordei Professora nas páginas do projeto no Facebook e no Instagram (@dormi_aluna_acordei_profa), e no canal do YouTube

PSICOLOGIA COMUNITÁRIA – A Profª Verônica Ximenes, coordenadora do NUCOM, declara que "o prêmio foi muito importante porque dá visibilidade à realidade das pessoas em situação de rua e dessa forma poderão ter mais acesso às políticas públicas. Além de ressaltar a realização de dois projetos da UFC de áreas diferentes, Psicologia e Engenharia podem desenvolver ações conjuntas".

No caso do NUCOM, ela considera que a homenagem significa o "reconhecimento da potência de trabalhar com extensão, pesquisa e ensino aliados nas mesmas temáticas e podendo dar respostas a partir de várias frentes de atuação que apontam para a luta contra a opressão social e para um caminho do enfrentamento e denúncia dessa realidade".

As ações do Núcleo são diversas e entre seus objetivos estão os de "contribuir para o desenvolvimento do sujeito comunitário e da Psicologia Comunitária na perspectiva de uma sociedade mais democrática, bem como promover a criação de espaços e práticas de participação que buscam a luta contra a discriminação e a marginalização de grupos e pessoas".

Já em outubro de 2017, ela relata que foi criado dentro do NUCOM o projeto de extensão "Pessoas em situação de rua: processos de fortalecimento e de autonomia a partir da Psicologia Comunitária". Atividades iniciais ocorreram no Centro POP em Maracanaú e, em 2019, passaram a se desenvolver em Fortaleza.

"O grupo de atuação foi composto por homens e mulheres, de diferentes faixas etárias, em situação de rua, frequentadores do Centro POP que estivessem dispostos a participar do grupo semanalmente. Também teve início a parceria com o Coletivo Arruaça, grupo que desenvolve atividades sociais e culturais com pessoas em situação de rua e tem uma grande atuação na cidade de Fortaleza", explica.

Entre as várias ações, no contexto da pandemia, o NUCOM realizou "Teia do Cuidado", atendimento psicoterápico virtual direcionado aos profissionais voluntários da equipe do Coletivo Arruaça e do Centro POP e que também necessitam de cuidados com a saúde mental. Verônica detalha que um grupo de 12 psicólogas trabalhou, durante quatro meses, de forma voluntária, em atendimento psicoterápico on-line, gratuito e individual.

Imagem: Os dois projetos premiados da UFC, num trabalho coletivo, colaboram para redução das desigualdades e melhoria de vida de pessoas em situação de vulnerabilidade (Foto: Divulgação)

Ela cita que o NUCOM desenvolveu outras atividades remotas vinculadas às pessoas em situação de rua, como: atualização do site e das redes sociais com informações relacionadas à Psicologia Comunitária e à população em situação de rua, produção de informativos sobre a pandemia e a produção de uma série de 13 vídeos intitulada NUCOM POP, cada um com 15 minutos de duração, e a participação de 24 pessoas convidadas.

As exibições foram reinventadas. Verônica Ximenes conta que, semanalmente, um vídeo era exibido na sala de convivência do Centro POP para um público em torno de 100 pessoas que passam diariamente por lá. "A aplicabilidade tem relação com o trabalho da Psicologia Comunitária que, no contexto da pandemia, teve que se reinventar para acontecer de forma remota, já que os vídeos eram apresentados para a população de rua que ficava na sala de convivência do Centro POP e geravam discussões e identificações entre eles e elas."

Informa ainda que o NUCOM desenvolveu o podcast “Cadeira na Calçada”, com a temática da situação de rua. O episódio 9 traz o tema "Discussões sobre a População em Situação de Rua", e o episódio 12 é intitulado "Afinal, o que é redução de danos". "Atualmente, esta produção conta com mais de 800 reproduções nas plataformas digitais", afirma.

De setembro a novembro deste ano, a professora diz que foi realizado o curso de extensão "Viver nas ruas: teoria, metodologia e prática com pessoas em situação de rua", com carga horária de 36 horas, de modo remoto. Ofertou 80 vagas para a comunidade, com 11 encontros semanais. Membros do NUCOM da graduação e pós-graduação participaram da organização do curso.

O NUCOM também está organizando o livro Viver nas ruas – trajetórias, desafios e resistências, com participação de mais de 50 autores, incluindo pessoas em situação de rua. A previsão de publicação é março de 2022. "Esse livro foi financiado pelo Edital Universal 2018 com a pesquisa "Pessoas em situação de rua: processos psicossociais relacionados à pobreza e à estigmatização", observa ela.

Imagem:  NUCOM é coordenado pela Profª Verônica Ximenes do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFC (Imagem: Divulgação)

Além disso, o Núcleo integra o Fórum do Povo de Rua, um espaço de reunião mensal que discute a situação da realidade das ruas e é formado por várias entidades, inclusive pelo Movimento Nacional da População em Situação de Rua.

"Também participamos de campanhas de doação de água, máscaras, comida, tendo em vista o contexto desolador causado pela pandemia para as pessoas em situação de rua e a falta de políticas públicas efetivas que respondessem às demandas dessa população. Acreditamos que fomos contemplados com o prêmio em virtude do trabalho desenvolvido com a população em situação de rua, que é um dos principais grupos impactados pela pandemia e pela pobreza", conclui a coordenadora do NUCOM.

Saiba mais sobre o NUCOM nas páginas do projeto no Facebook (@nucomufcpsicologia) e no Instagram (@nucomufc).

Fontes: Profª Verônica Morais Ximenes, do Programa de Pós-Graduação em Psicologia – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.; Profª Verônica Castelo Branco, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Transportes – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

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