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Dezembro Laranja: dermatologista do Complexo Hospitalar da UFC esclarece dúvidas mais frequentes sobre câncer de pele

O aparecimento de manchas e feridas na pele acende um alerta sobre o diagnóstico do tipo de câncer mais frequente no Brasil e no mundo: o câncer de pele. Na busca por promoção de informação e combate à doença, a Sociedade Brasileira de Dermatologia escolheu dezembro, mês marcado pelo início do verão nos países do Hemisfério Sul, para instituir a campanha Dezembro Laranja, criada em 2014, em prevenção ao câncer no maior órgão do corpo humano.

O ambulatório de Dermatologia do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará, vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), registra uma média de 648 atendimentos por mês e já foram realizadas, pelo menos, 359 biópsias ou punções de tumores superficiais da pele em 2021.

Imagem: dermatologista examina pele de paciente

Com o intuito de trazer mais informações sobre o tema, o médico dermatologista José Wilson Accioly, chefe da Unidade de Dermatologia do Complexo, esclarece algumas dúvidas mais recorrentes sobre esse tipo de câncer.

1. Quais os sintomas primários e evolutivos do câncer de pele?
No caso do câncer do tipo não melanoma, uma situação que vemos com frequência é o paciente que aparece com uma ferida que não fecha e pode sangrar, caracterizada ainda por uma borda elevada e, às vezes, o aparecimento de vasos dilatados. Com relação ao melanoma, a lesão, em geral, surge escurecida, assimétrica, irregular, com crescimento relativamente rápido e pode apresentar diferentes tonalidades de cor (mais escura ou mais clara).

2. Como é feito o exame para diagnosticar o câncer de pele?
O que se faz na prática é o exame clínico, complementado com a chamada semiologia armada, ou seja, o uso do dermatoscópio, um aparelho manual com uma lente de aumento de 8 a 10 vezes capaz de permitir o estudo da lesão. É um aparelho idealizado inicialmente para o estudo de lesões pigmentadas, mas já tem ampla aplicação, inclusive no diagnóstico dos tipos de câncer de pele. E, caso necessário, será feito o exame patológico (biópsia).

3. Quais os grupos mais propensos à ocorrência da doença?
Quando falamos de melanoma, o paciente mais propenso é aquele de pele clara, cabelos claros e que traz frequentemente o relato de que quase nunca pega sol, mas, quando está exposto, se queima. Já no histórico do não melanoma, é mais comum ser representado nos indivíduos com histórico de exposição frequente aos raios solares ao longo da vida. É a pessoa que muitas vezes apresenta também manifestações de envelhecimento solar. Paralelamente a isso, existem ainda fatores de suscetibilidade hereditária. Pessoas com pele clara e síndromes genéticas podem ser mais suscetíveis ao melanoma.

4. Como é feito o tratamento para pacientes diagnosticados?
O objetivo do exame é a detecção precoce. Se você identifica um câncer de pele em estágio inicial, o tratamento vai ser bem mais simples. As lesões de caráter infiltrativo, precisam de uma intervenção. Os tratamentos, de forma geral, variam do uso de medicamentos externos a cirurgias de remoção simples ou complexas.

5. Por que a exposição solar é tão prejudicial à pele?
Existe o espectro da radiação ultravioleta. Nós temos os raios ultravioleta A, B e C. O C não passa pela camada de ozônio, se passasse, induziria muito câncer de pele e até dano ocular. O raio ultravioleta B, mais intenso das 10 horas da manhã até as 16 horas, é o mais fotocarcinogênico, ou seja, que induz a mutações no DNA e favorece o surgimento de câncer de pele. Ele é também o responsável pela queimadura solar. O raio ultravioleta A, constante durante o dia, está mais relacionado ao fotoenvelhecimento, quando há danos das fibras elásticas, provocando manchas, rugas e flacidez.

Sobre a radiação emitida por aparelhos eletrônicos, por exemplo, uma tela de computador pode emitir, mas numa intensidade bem menor. O risco é, de fato, baixo. O risco maior seria para aquelas pessoas com doenças relacionadas à fotossensibilização, mais sensíveis, portanto, à exposição ao sol.

6. Para prevenção do câncer de pele, quais medidas podem ser tomadas?
Em geral, pensamos que a prevenção do câncer de pele está associada apenas ao uso regular do filtro solar. Mas fotoproteção não é somente o uso de protetor solar. Em primeiro lugar, é necessário o uso de vestuário apropriado: chapéu, boné, óculos, camisas com proteção ultravioleta. Uma camiseta comum pode ter o fator médio de proteção de 4, até 5. Para se ter uma ideia, em outros países, já se comercializa sabão em pó que incorpora componentes de filtro solar para que as roupas, ao serem lavadas, absorvam esse fator de proteção. A segunda questão importante é prestar atenção às horas de exposição solar. Evitar o intervalo entre 10 e 16 horas, aproximadamente. E claro, tudo isso aliado ao uso correto do protetor solar diário, aplicado em dupla camada, principalmente nesses horários mais críticos.

Imagem: dermatologista examina pele de paciente

SAIBA MAIS ‒ O câncer de pele é caracterizado pelo crescimento descontrolado e anormal das células que formam as camadas da nossa pele (epiderme, derme e hipoderme). Existem dois tipos de câncer de pele: o não melanoma, mais comum no País, que pode ser desenvolvido como carcinoma basocelular (nas células basais, presentes na camada mais profunda da epiderme) ou carcinoma espinocelular (células escamosas, que formam as camadas superiores da pele).

Além desses, há também o câncer do tipo melanoma (originado no melanócitos, células produtoras da melanina, responsáveis pelo pigmento da pele) que, embora menos comum, é considerado um tumor mais agressivo e que, em estágio mais avançado, pode atingir outros órgãos. As estatísticas divulgadas pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2021, revelam que o câncer de pele do tipo não melanoma representa uma estimativa de 186.930 casos, dos quais 93.770 em homens e 93.160 em mulheres. O do tipo melanoma estima 8.450 casos, 4.200 deles em homens e 4.250 em mulheres.

Em todos os tipos, as pessoas com pele clara, sensibilidade aos raios solares e submetidas à exposição solar frequente sem proteção são as mais vulneráveis. Os primeiros pontos de atenção consistem na observação de manchas e sinais com mudança de padrão (cor e tamanho) e ferimentos que não cicatrizam. Ao indício das primeiras alterações cutâneas, o dermatologista investigará as causas e promoverá o tratamento que, principalmente quando em casos de diagnóstico precoce, amplia a chance de cura.

Fonte: Unidade de Comunicação Social do Complexo Hospitalar da UFC/EBSERH – fone: (85) 3366 8577 / e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

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