UFC alcança 30ª carta patente e comemora sucesso da política institucional de inovação
- Sexta, 01 Julho 2022 10:08
A inovação é uma escalada global na qual o Brasil ainda engatinha enquanto nação, frente às nações mais industrializadas e de liderança econômica. O País ganhou cinco posições no ranking 2021 do Índice Global de Inovação (IGI), lançado pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), mas ainda pode melhorar seus resultados.
A Universidade Federal do Ceará (UFC) tem trabalhado intensamente, não só para que o Brasil possa alcançar outros patamares na área de pesquisa e desenvolvimento, mas para profissionalizar sua política de inovação de modo a aumentar o reconhecimento de sua produção científica e torná-la cada vez mais um ativo econômico para a Instituição.
Como chama a atenção o Prof. Abraão Saraiva, as instituições públicas de ensino e pesquisa têm sido um terreno valioso para que a propriedade intelectual e a inovação possam florescer. “Agora falta jogar o jogo da inovação, entender como transferir tecnologia e chegar à etapa de produto ou negócio”, aponta o coordenador de Empreendedorismo da Pró-Reitoria de Relações Internacionais e Desenvolvimento Institucional da UFC (PROINTER).
Esse potencial é muitas vezes subutilizado, tanto pela carência de um ecossistema organizacional que permita avanços na área quanto pela pouca familiaridade dos pesquisadores com o processo patentário, que não é fácil e é bastante demorado no Brasil – do depósito do pedido de registro à emissão da carta patente (última e definitiva etapa do processo), pode levar até uma década.
Apesar de nascida em 1954, a UFC obteve a primeira carta patente de sua história somente 65 anos depois, em meados de 2019. O invento em questão era uma tecnologia inovadora de armazenamento e transporte de gás natural, cuja titularidade é compartilhada entre pesquisadores do Departamento de Engenharia Química e a PETROBRAS.
O ano de 2018 marcou o lançamento do primeiro produto licenciado pela UFC – Natchup, o ketchup sem conservantes à base de acerola, beterraba e abóbora. Desde 2019, o que se seguiu na mais antiga universidade cearense foi um “tsunami inovador”. Vieram cartas patentes do aplicador indolor de anestesia odontológica; da proteção para postes que reduz riscos em acidentes de trânsito; do biolubrificante industrial de alto valor agregado; da resina odontológica que minimiza a necessidade de canais e extrações; do nanocosmético à base de cera de carnaúba eficaz contra manchas na pele, dentre outros tantos.
Neste mês de junho, chegamos à marca da 30ª carta patente alcançada, um composto inovador (na forma de supositório) a partir do ácido betulínico, que poderá vir a ser utilizado no tratamento do câncer colorretal. Esta patente e tantas outras são uma conquista dos inventores e motivo de orgulho de toda a comunidade constituinte da UFC.
Na Universidade, nos últimos anos, o tema da inovação foi adotado como prioridade e meta estratégica, figurando entre as principais pautas da atual gestão desde a campanha até a elaboração do recém-lançado Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) para o quadriênio 2023-2027.
“O grande desafio agora é como refinar esses conhecimentos em produtos, transformando-os, como costumo dizer de maneira simplista, em ‘nota fiscal’, em um bem econômico para os pesquisadores e para a Universidade. É o que desejamos e é por isso que trabalhamos”, sintetiza o reitor da UFC, Prof. Cândido Albuquerque.
RODADA DE INOVAÇÃO – Para compartilhar informações de maneira focalizada sobre os resultados mais recentes da política institucional de inovação na UFC, a administração superior realizou uma rodada de debates no dia 21 de junho, na sala do Conselho Universitário (CONSUNI), na Reitoria. O principal objetivo do encontro foi convidar os pesquisadores que detêm as cartas patentes já obtidas na Instituição a socializar o status atualizado das invenções, em pitches (apresentações curtas), aproveitando a ocasião para tirar dúvidas sobre ações que visem à viabilidade comercial e ampliar coletivamente as parcerias no radar, por meio da definição dos próximos encaminhamentos.
Um dos inventores foi o Prof. Jeová Siebra, do Departamento de Clínica Odontológica da Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem (FFOE). Ele apresentou a patente de um aplicador robótico de anestésico odontológico, ferramenta que reduz a dor e facilita o processo de anestesia, um dos principais problemas enfrentados por crianças e pacientes com odontofobia.
“Quase todo mundo já teve um estado de ansiedade por causa de uma experiência odontológica ruim. Sou odontopediatra e, com esse instrumento, colocamos as características de uma anestesia indolor em um equipamento robótico. Ele está na fase de protótipo funcional, precisando ainda passar por um processo de miniaturização do design, que demanda novos investimentos”, explica o inventor, acrescentando que as possibilidades de ampliação da tecnologia são várias, incluindo aplicações nas áreas médica e veterinária.
Já a Profª Lucicleia Barros mostrou as patentes da bebida funcional à base de água de coco e chá de hibisco e do revestimento à base de concentrado proteico de soro de leite e óleo de erva-doce para conservação de frutas pós-colheita. “Com grande potencial para a saúde e a nutrição, a bebida funcional tem um público-alvo em ascendência por matérias-primas de alto valor nutricional. Já o revestimento, pode dar uma sobrevida em conservação a frutas colhidas de até 15 dias a mais, uma oportunidade que beneficiaria nossa indústria”, relata.
Em um Estado de base agropecuária em expansão e que sofre com escassez de mão de obra e dificuldades na implantação de algumas culturas, a produção científica da UFC pode ser de inegável valor. O Centro de Ciências Agrárias, por exemplo, lidera, dentre as unidades acadêmicas da Instituição, o número de patentes concedidas, com vários inventos que visam à modernização do setor primário brasileiro, unindo a tradicional produção agrária com os progressos advindos da robótica.
Das 27 cartas patentes expedidas pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), 14 são oriundas do CCA. As oito mais recentes foram apresentadas pelo Prof. Flávio Gonçalves, do Departamento de Engenharia Agrícola, no Centro de Ciências Agrárias, na rodada de inovação: 1) colhedora multifuncional de forragem para multiculturas; 2) sistema mecanizado para implantação de cercas agropecuárias; 3) colhedora multifuncional de hortículas herbáceas, bulbos e tubérculos; 4) reator solar para conversão de biomassas residuais em energia; 5) fatiadora de cactáceas forrageiras nativas e cultivadas; 6) colhedora automatizada para palhas de palmeiras; 7) semeadora puncionadora multifuncional para multiculturas e 8) auxílio mecânico semirrobótico para colheita em ramas rasteiras.
O reitor da UFC, Cândido Albuquerque, afirma que a concessão do alto número de cartas patentes em benefício de pesquisadores da casa e da própria Universidade (sendo a mais recente uma conquista do dia 31 de maio) é a justa colheita do fomento ao setor, coroando o trabalho dos inventores e de suas equipes, da presente gestão e da Coordenadoria de Inovação Tecnológica (UFC Inova).
Segundo ranking do Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) divulgado ano passado, a UFC foi a 12ª instituição brasileira que mais depositou patentes no País, avanço de 17 posições.
“Com proteção de ativos, mentorias específicas para pesquisadores, transferência de tecnologia e criação de uma vitrine tecnológica digital, o resultado que vemos não podia ser outro senão uma produção científica reconhecida que orgulha o Ceará”, ressalta o dirigente máximo, acrescentando que há mais de 200 pedidos de patente tramitando no INPI para inventos surgidos nos laboratórios da Universidade. “São muitas invenções 'na fila' aguardando a concessão da carta, e 29 dos processos foram concluídos com sucesso só nos últimos dois anos”, resume.
Fonte: Gabinete do Reitor – e-mai: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.