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Memorial da UFC faz descobertas históricas em obras de restauro do Salão Dourado da Reitoria

A equipe multidisciplinar do Memorial da Universidade Federal do Ceará fez uma descoberta histórica durante os trabalhos de restauro do Salão Dourado, no térreo da Reitoria. Numa janela de prospecção, sob camadas de tinta e reboco de reformas anteriores, foram encontradas pinturas parietais (feitas na parede) com arabescos, flor-de-lis e outros motivos florais da primeira metade do século passado.

Além das pinturas, que são um testemunho do estilo da arquitetura eclética, comum em Fortaleza naquele período, foram achados ainda outros elementos de anos posteriores, como colunas de cimento e diferentes tipos de tijolos utilizados, que ajudam a entender o processo de transformação feito na edificação, originalmente residência da família Gentil.

Imagem: perito descasca parede da Reitoria

A ideia do Memorial da UFC é que, na janela de prospecção aberta na parede, as pinturas fiquem à vista do público, protegidas por uma vidraça, para que os visitantes possam entender mais sobre a história do prédio da Reitoria e do bairro Benfica, que no século passado era ocupado por chácaras e casarões.

Roberto Moreira Chaves, técnico de Conservação e Restauro de Bens Culturais Móveis do Memorial da UFC, expressa felicidade com a descoberta. A partir de relatos do processo de intervenção do prédio para receber a Reitoria da Universidade, ele conta que esperava encontrar pinturas parietais no ambiente do Salão Dourado. Identificar esses registros é importante não só para a história da Universidade, mas também para compreender o desenvolvimento do bairro e da própria cidade, considera ele.

"Encontrar a pintura parietal só comprova que o prédio passou por transformações, mas ficaram também elementos que nos ajudam a contar como era esse prédio antes de receber a Reitoria da UFC", diz.

Rafael de Farias Vieira, historiador do Memorial da UFC, concorda com Roberto Moreira. “A Reitoria é um documento histórico a céu aberto. Como era uma antiga casa do Benfica no começo do século XX, ela vai sofrer todas essas mudanças no decorrer do tempo. É uma das poucas casas preservadas, então entender essas mudanças ajuda a entender um pouco da história do bairro”, comenta.

Especificamente sobre as pinturas parietais, ele explica que, em Fortaleza, no fim do século XIX e começo do século XX, praticamente quase todos os prédios construídos nos moldes da arquitetura eclética faziam extenso uso dessas pinturas decorativas. Ele cita o Theatro José de Alencar, onde as pinturas parietais foram preservadas – no foyer, especialmente, é possível apreciá-las. Mas que na grande maioria das vezes, com a demolição e reconstrução dos prédios, não houve preservação. “Encontrar isso na Reitoria é um achado importante para toda a cidade”, enfatiza.

Imagem: A flor-de-lis e outros motivos florais são destaque nas pinturas parietais da primeira metade do século passado encontradas no Salão Dourado

REABERTURA DO SALÃO – O restauro do Salão Dourado da Reitoria começou em dezembro de 2022 com a recuperação de móveis. Em maio deste ano, foi iniciado o trabalho de recuperação das paredes, piso, janelas, portas e teto. A diretora do Memorial da UFC, Gerda Holanda, informa que a previsão de término dos trabalhos é em julho próximo, com a reabertura do salão em agosto.

Originalmente, o Salão Dourado era um espaço para os reitores recepcionarem autoridades e outros visitantes ilustres. Com a recente restauração, a ideia é abrir o espaço para visitas do público, dentro de datas e critérios a serem divulgados pelo Memorial.

Gerda reforça que o Memorial da UFC “se dedica à preservação da história e da memória da Universidade, colaborando ativamente na constituição do patrimônio institucional. E essa colaboração se faz concreta na preservação do patrimônio, como nesse caso da recuperação do Salão Dourado”.

Ela destaca que todo esse trabalho só é possível graças à “equipe multidisciplinar do Memorial, que se envolve ativamente em todos os processos, e também a algumas parcerias externas de colaboradores, como os restauradores Merlin Melo e Carolina Alves, que estão juntos conosco nessas ações de investigação do patrimônio institucional”.

Fonte: Memorial da UFC – fone: (85) 3366 7414

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