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Pesquisador do LABOMAR integra artigo sobre tubarões e raias publicado na revista "Science"

Foi publicado no último dia 15, pela revista Science, o artigo “Widespread diversity deficits of coral reef sharks and rays” (“Déficits generalizados na diversidade de tubarões e raias em recifes de corais”, em tradução livre), que detalha o estado populacional de tubarões e raias (elasmobrânquios) nos recifes tropicais ao redor do mundo. A pesquisa é resultado de cooperação de 153 pesquisadores de diversas nacionalidades, da qual fez parte o Prof. Tommaso Giarrizzo, visitante sênior do Instituto de Ciências do Mar (LABOMAR) da Universidade Federal do Ceará.

Além da UFC, outras seis universidades públicas brasileiras colaboraram com o trabalho: Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e Universidade de São Paulo (USP). 

Imagem: Tubarão no fundo do mar com sistema de monitoramento ao lado

DESCOBERTAS – O estudo destaca que a sobrepesca está levando à extinção os tubarões recifais, causando drástica diminuição na diversidade de elasmobrânquios. Em particular, uma análise aprofundada com as cinco espécies mais comuns de tubarões revelou declínios populacionais de 60% a 73% na abundância dos indivíduos e que essas espécies não foram detectadas em 34% a 47% dos recifes estudados. 

À medida que os recifes ficam mais empobrecidos em tubarões, as raias se tornam dominantes nesses ambientes. Por sua vez, tubarões recifais essencialmente persistem em nações ricas ou com uma governança forte e também em áreas altamente protegidas. 

O estudo mostra ainda que a perda de funções ecológicas e de serviços ecossistêmicos causará grandes impactos nas comunidades humanas, assim como nos ecossistemas recifais. 

INOVAÇÕES – Uma das inovações do estudo é a utilização de sistemas de filmagens subaquáticas com iscas de atração (chamados de BRUVs, segundo acrônimo em inglês), uma técnica não invasiva, não destrutiva e ambientalmente sustentável. As principais vantagens do método são a ausência de interferência de mergulhadores ou robôs, a longa duração das amostras, a maior quantidade de amostragens, a profundidade e os habitats amostrados, e a não captura ou morte dos organismos. 

Além disso, as amostras em vídeo podem ser reanalisadas para verificação ou ampliação do escopo da pesquisa. O Prof.Tommaso Giarrizzo, líder do grupo de pesquisa CNPq – BRUV Brazil, foi precursor no País na introdução da técnica de amostragem com vídeos.

DADOS – A pesquisa publicada na revista Science registrou um volume expressivo de dados produzidos: 22 mil horas de filmagens de BRUVs em 391 recifes localizados em 67 países e territórios. A maioria das amostragens contou principalmente com o financiamento da Paul G. Allen Family Foundation, que apoiou durante cinco anos o projeto Global FinPrint

No Brasil, foram realizadas 186 horas de filmagens com BRUVs em seis locais de estudo: Abrolhos, Arraial do Cabo, Recife, Ilha da Trindade e arquipélagos de Fernando de Noronha e de São Pedro e São Paulo. A maioria das amostragens no Brasil é resultado de um conjunto de projetos financiados pelos Programas Ecológicos de Longa Duração do CNPq (PELD-HCES e PELD-ILOC) e pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. 

Imagem: Imagens de tubarões sendo monitorados no fundo do mar

CENÁRIO NO PAÍS – O Brasil apresentou dois cenários distintos. O primeiro formado por locais relativamente mais preservados, nos quais as assembleias de elasmobrânquios ainda são dominadas por tubarões em contraposição às raias, e a quantidade de espécies (riqueza) e de indivíduos (abundância) é relativamente maior que em outros locais. Nesse primeiro cenário encontram-se dois ambientes oceânicos, a ilha da Trindade e o arquipélago de Fernando de Noronha, que registram quatro espécies de tubarões e uma de raia, corroborando a dominância de tubarões nessas assembleias.

O segundo cenário é composto por locais relativamente mais degradados, com menor grau de isolamento e proteção, nos quais as assembleias são predominantemente compostas por raias. Nesse contexto estão a Reserva Extrativista Marinha do Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro, a região do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos e seu entorno, no sul da Bahia, assim como a região costeira de Recife, em Pernambuco.

O artigo completo pode ser acessado no site da Science.

Fonte: Prof. Tommaso Giarrizzo, visitante sênior do Instituto de Ciências do Mar (LABOMAR) – fone: (85) 3366 7000

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