UFC, CAGECE, SINDIÔNIBUS e Prefeitura debatem projeto de ônibus movidos a hidrogênio
- Quinta, 29 Junho 2023 10:18
O reitor da Universidade Federal do Ceará, Prof. Cândido Albuquerque, presidiu, na tarde dessa quarta-feira (28), na sala de reuniões da Reitoria, encontro com representantes da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (CAGECE), do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (SINDIÔNIBUS) e da Prefeitura Municipal de Fortaleza.
Na pauta, foram discutidos os cenários de descarbonização do transporte público da capital cearense, através de ônibus movidos a hidrogênio, considerado o combustível do futuro, que não polui o meio ambiente ao liberar vapor de água na atmosfera. A frota de ônibus em atividade, segundo dados da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (ETUFOR), atualmente é composta por 1.680 veículos, divididos em 296 linhas operadas por oito empresas.
Os líderes das instituições presentes ao colóquio indicaram disposição para criar um grupo de trabalho com o propósito de elaborar um acordo de cooperação técnica sobre mobilidade urbana via fontes de energia limpa. Os atores envolvidos avaliam propostas para que, a médio e longo prazo, gradualmente seja substituída a matriz energética dos transportes de massa de um paradigma dos combustíveis fósseis, derivados de petróleo, para alternativas de fontes renováveis, como biomassa, energia eólica, energia solar fotovoltaica e motores elétricos.
CIÊNCIA – Estudos com ônibus movidos a hidrogênio têm sido realizados pelo Laboratório de Combustão em Energias Renováveis (LACER), e, no momento, busca-se financiamento com vistas a implementar, inicialmente, um projeto-piloto com cinco ônibus desse tipo em Fortaleza. Sob a coordenação do Prof. William Magalhães Barcellos, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica (PPGEM) da UFC, os pesquisadores do LACER têm investigado maneiras de aproveitar a água de reúso, oriunda de estações de tratamento de água e de esgoto, com o objetivo de prover o reabastecimento de hidrogênio nesses veículos.
Recentemente, o Prof. William orientou um trabalho de conclusão de curso na graduação em Engenharia de Energias Renováveis que abordou estratégias de sustentabilidade no contexto do transporte coletivo. Dessa maneira, segundo o coordenador, o laboratório se aproximou e estreitou laços com a companhia de saneamento básico do Estado. “Existe uma parceria com a CAGECE que culminou em um projeto de geração de biogás. A partir daí, surgiram ideias e um envolvimento cada vez maior da UFC com a CAGECE em uma troca bastante profícua de desenvolvimento tecnológico”, resumiu.
O presidente do SINDIÔNIBUS, Dimas Barreira, comentou o potencial do hidrogênio, de células de combustível e de baterias elétricas para os transportes, sem deixar de lembrar a viabilidade econômica e financeira. “Quando se demanda arranque dos motores, precisamos de uma quantidade muito maior de energia acumulada. Com isso, sobre a bateria na tecnologia atual, salvo expectativas de novos paradigmas, como baterias de nióbio ou de grafeno, nada disso existe ainda em escala de mercado e isso é um gargalo. Para o projeto ter uma mínima chance de se viabilizar, o ônibus deve ter autonomia para operar o dia todo”, declarou.
INTERNACIONALIZAÇÃO – Para o presidente da CAGECE, Neuri Freitas, há uma abertura de mercados no exterior, com destaque para a Europa, a empresas brasileiras com selos verdes, que agregam valor aos seus produtos de exportação ao investir em práticas de responsabilidade socioambiental e projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D). “Esse processo está em plena ebulição e é um dos pontos principais para o Hub de Hidrogênio Verde lá no Pecém. Estamos trabalhando para ser fornecedores e prestadores de serviço no processo de produção de uma forma ampla, não só com energia e com água, mas também com as indústrias envolvidas nessas tecnologias”, explicou.
Segundo Larissa Menescal, superintendente-adjunta do Instituto de Planejamento de Fortaleza (IPLANFOR), ligado à Prefeitura de Fortaleza, a mobilidade urbana é um dos pontos centrais da agenda do desenvolvimento urbano sustentável. A gestora ressaltou que a capital cearense é candidata a sediar o Fórum Urbano Mundial em 2026, que reunirá cerca de 30 mil especialistas em urbanismo e políticas públicas de todo o mundo. “A Prefeitura tem investido em inovação dentro da cidade, e estamos em fase avançada de uma legislação específica para que Fortaleza seja uma ‘sandbox’, um espaço aberto para experimentação. E já temos sido procurados por muitas universidades, até de fora do Brasil”, pontuou.
GESTÃO – O reitor Cândido Albuquerque, agradecendo a presença de todos, destacou a importância do grupo de trabalho interinstitucional para aprofundar as pesquisas e verticalizar as iniciativas em torno desses projetos estratégicos. “É um prazer mantermos esse diálogo da Universidade com todos os setores, o poder público e os setores produtivos e empresariais. Eu acho que aqui nós evoluímos bem e somos um exemplo para muitas outras universidades se abrirem para o debate e parcerias com a Federação das Indústrias e o Governo do Estado”, salientou o reitor.
Participaram também da reunião o Prof. Francisco Ilson da Silva, chefe do Departamento de Engenharia Mecânica (DEM) do Centro de Tecnologia da UFC; o Prof. Francisco Nivaldo Aguiar Freire, do DEM; o Prof. Antonio Paulo de Holanda Cavalcante, do Departamento de Integração Acadêmica e Tecnológica (DIATEC) do Centro de Tecnologia da UFC; o superintendente de Sustentabilidade da CAGECE, Ronner Gondim; a gerente de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação Tecnológica da CAGECE, Cailiny Medeiros; e o engenheiro da CAGECE Thiago Martins.
Fonte: Gabinete do Reitor – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.