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Mel de abelhas da caatinga será usado em pesquisa que busca tratamento para feridas causadas por diabetes

Pesquisadores do Núcleo de Pesquisas e Inovações Tecnológicas em Reabilitação Humana (INOVAFISIO), vinculado ao Curso de Fisioterapia da Universidade Federal do Ceará, irão utilizar mel de abelha e produtos derivados em uma pesquisa que busca novos tratamentos para feridas causadas por diabetes e úlceras venosas. A pesquisa é feita em parceria com professores do Setor de Abelhas do Departamento de Zootecnia da UFC, liderado pelo Prof. Breno Freitas.

Imagem: Foto de abelha sem ferrão sobre favo de mel (Foto: Paloma Eleutério Bezerra)

O mel a ser pesquisado não é o mais comum no mercado. Ele é produzido pelos meliponíneos, abelhas sem ferrão que compõem um grupo de mais de 300 espécies, muitas das quais são características da caatinga nordestina. No Ceará, é muito conhecida a abelha jandaíra, cujo mel já é utilizado de forma medicinal pela população, aplicado sobre feridas e infecções bacterianas.

O grupo de pesquisadores visitou recentemente uma fazenda produtora de mel no município de Apuiarés, a 117 quilômetros de Fortaleza, para conhecer o processo de produção e firmar parceria com os produtores melíferos locais.

MEL CONTRA DIABETES – O aparecimento de feridas de difícil cicatrização é um problema comum de pacientes diabéticos. Essas feridas muitas vezes resultam em infecções e, em casos mais graves, na necessidade de amputar os membros.

A equipe do INOVAFISIO, liderada pelo Prof. Carlos Tatmatsu, vem pesquisando formas de acelerar a cicatrização dessas feridas há alguns anos. Em 2020, a partir de um edital do Programa de Pesquisas para o SUS (PPSUS), os pesquisadores desenvolveram um aparelho capaz de acelerar a cicatrização das feridas utilizando luz de LED. Na sequência, ainda no âmbito do PPSUS, desenvolveram uma biomembrana de látex que também acelera esse processo.

“Estamos criando um leque de opções para tratamento das feridas provocadas pela diabetes. O equipamento com LED poderia ser usado nos postos de saúde, ao passo que as biomembranas, em casa”, exemplifica o Prof. Tatmatsu.

O uso do mel e dos subprodutos – como os favos de mel, por exemplo – é uma sequência dessa pesquisa. Isso porque já há estudos que apontam propriedades anti-inflamatórias e cicatrizantes do mel das abelhas sem ferrão. Por enquanto, há duas possibilidades sendo analisadas: a aplicação do mel diretamente na biomembrana ou uso do produto diretamente na ferida, com aplicação posterior da membrana. A pesquisa ainda está em etapa inicial, devendo o mel ser testado em cultura celular, para só depois começar nas fases pré-clínica e clínica.

Para o Prof. Carlos Tatmatsu, há uma dupla expectativa sobre a pesquisa. Do ponto de vista da saúde, que os novos tratamentos melhorem a cicatrização e, consequentemente, a qualidade de vida da população diabética, oferecendo um produto de baixo custo e de fácil acesso. Ao mesmo tempo, o professor espera que o uso do mel das abelhas sem ferrão tenha um impacto social. “Essa iniciativa busca um modelo autossustentável já que além de trabalhar com mel produzido pela agricultura familiar, gera renda local e usa produtos produzidos na nossa região”, avalia o professor.

Fonte: Prof. Carlos Tatmatsu, pesquisador do Núcleo de Pesquisas e Inovações Tecnológicas em Reabilitação Humana (INOVAFISIO) – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. 

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