Sumaúmas da Reitoria passam por procedimentos após serem afetadas por besouro metálico
- Quinta, 14 Dezembro 2023 08:30
- Última Atualização: Terça, 02 Janeiro 2024 13:49
“A UFC faz de tudo para manter uma árvore em pé.” Assim o Prof. Lamartine Soares, do Departamento de Fitotecnia, expressa o compromisso da Universidade Federal do Ceará com a arborização, bem como o esforço que começa a ser feito para garantir a sobrevivência de duas árvores históricas para a Instituição: as sumaúmas dos jardins da Reitoria, que têm aproximadamente 50 anos.
Elas foram afetadas pelo Euchroma gigantea – conhecido como besouro metálico –, cujas larvas perfuram a base e enfraquecem a estrutura de espécies vegetais de grande porte. Agora, ambas estão passando por uma série de procedimentos, a fim de evitar seu colapso e aumentar seu tempo de vida.
O aparecimento do besouro no local foi observado inicialmente em 2022, durante ações de monitoramento realizadas pela Prefeitura Especial de Gestão Ambiental (PEGA), vinculada à Superintendência de Infraestrutura e Gestão Ambiental (UFC Infra). De lá para cá, verificou-se aumento na presença do besouro, para o qual não há predador natural em áreas urbanas nem inseticida capaz de eliminá-lo.
Veja imagens do tratamento das sumaúmas da Reitoria no Flickr da UFC
Posteriormente, surgiram sintomas da presença das larvas no interior das árvores, como gomose (substância que a planta produz como forma de reação), desprendimento de casca, pequenos furos no tronco e perda intensa de folhas. Nas últimas semanas, após nova análise, os técnicos da UFC Infra atualizaram o laudo de avaliação de risco, que determinou a necessidade de intervenção.
“A principal solução em árvores afetadas pelo besouro metálico é a supressão, sobretudo quando se atesta que a infestação está em estágio avançado. Mas quando encontramos uma espécie de importância ambiental e social muito grande, que está presente ali há muito tempo e é um símbolo daquele espaço, como as sumaúmas, tentamos segurar ao máximo”, explica Lamartine Soares, que é também assessor técnico em manejo de arborização da PEGA.
Ele cita que uma árvore desse porte contribui com diversos aspectos ecossistêmicos, que trazem benefícios para além da área da Universidade. “Toda a população de Fortaleza ganha com a permanência de uma árvore, ainda mais uma árvore quase cinquentenária.”
PROCEDIMENTOS – O objetivo da intervenção, que teve início nesta segunda-feira (18), é reduzir o risco de queda das árvores e fortalecê-las para aumentar seu tempo de vida.
Entre os procedimentos adotados estão o reequilíbrio de copa, por meio de podas corretivas, bem como a retirada de galhos secos e de plantas trepadeiras presentes no topo das árvores, a fim de reduzir o peso que elas precisam suportar. Também será feita a retirada de material danoso dos troncos, como pregos e hastes colocados no passado.
“Além disso, vamos fortalecer esses indivíduos investindo em nutrição, através de endoterapia. Ou seja, vamos injetar nutrientes diretamente nos vasos condutores dessas plantas para fortalecê-las. Também vamos aplicar a técnica de mulching vertical, que consiste em perfurar o solo a 20 centímetros de profundidade e adicionar composto orgânico, que tanto é rico em nutrientes como em fungos e bactérias benéficos ao solo. Assim, melhoramos a biota do solo e, consequentemente, a planta vai ganhar com isso”, diz Soares.
O professor acrescenta que existem algumas pesquisas em curso no Brasil sobre métodos de controle do besouro metálico e que, à medida que apresentem resultado positivo comprovado, os produtos oriundos desses estudos poderão ser usados pela UFC.
“Essa intervenção em específico vai ser muito importante, porque vamos fazer o que chamamos de poda de salvamento. Nossa preocupação é manter e preservar as árvores do local e prolongar a vida das mesmas”, reforça o superintendente da UFC Infra, Renato Guerreiro. O gestor acrescenta que a ideia de infraestrutura não pode estar desvinculada da ideia de conservação do meio ambiente.
Na Reitoria, apenas as duas sumaúmas foram afetadas pelo besouro. Em outras áreas da Universidade, porém, mais casos já foram identificados e todos vêm sendo monitorados. Para evitar que o problema se estenda a outras árvores de um determinado local, o primeiro passo é evitar o plantio de espécies mais vulneráveis ao inseto, como mungubeiras, baobás e chichás, além das sumaúmas.
A UFC possui uma política de arborização que prevê a valorização de espécies nativas, mais resistentes a pragas como o besouro metálico. Outro passo é identificar e monitorar as árvores mais suscetíveis à presença do besouro, para que, quando possível, elas sejam substituídas ao longo do tempo, sempre de acordo com a legislação e com as devidas compensações ambientais.
Saiba mais sobre a política de arborização da UFC:
NOVOS EQUIPAMENTOS – No novo contrato de terceirização do manejo de áreas verdes da UFC, para 2024, foram incluídos dois novos equipamentos de ponta, que possibilitarão análises mais precisas do interior das árvores. Um deles é o penetrógrafo, que mede a resistência da madeira de indivíduos afetados por larvas ou por outros fatores. O outro é o tomógrafo sônico, que gera uma imagem em 3D da parte interna da planta.
CONTEXTO – No Ceará, a identificação do besouro metálico como praga foi feita primeiramente pela UFC, em 2020, durante um inventário de arborização da Universidade. Acredita-se que a população do Euchroma gigantea cresceu – a ponto de causar danos a árvores urbanas – devido ao grande número de plantas exóticas (como sumaúmas e mungubeiras) que passou a ser levado para as grandes cidades com fins ornamentais. Na floresta, o besouro tinha predadores naturais, o que não ocorre nas áreas urbanas. Por isso, sua população tem aumentado em grande velocidade, gerando desequilíbrio ambiental. Em Fortaleza, casos de queda de árvores provocadas pela ação das larvas do inseto têm sido recorrentes nos últimos meses.
Fonte: Prefeitura Especial de Gestão Ambiental da UFC – fone: (85) 3366 7890