Projeto Conectados fornece orientações sobre cuidados com a saúde mental do trabalhador do Complexo Hospitalar
- Quarta, 20 Mai 2020 09:57
A enfermeira Juliana Valéria Oliveira convive diariamente com o sofrimento de pessoas que desafiam a desesperança, a dor e a finitude. Todas as manhãs, ela e seus colegas se enchem de energia e propósito para levar, além de cuidado, ânimo e amor aos pacientes da hemodiálise do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC). "Agora, em meio a esta pandemia, os sentimentos de medo e ansiedade estão muito mais fortes neles e em nós, e precisamos redobrar nossos esforços para nos mantermos firmes", relata. Juliana é uma das participantes do projeto Conectados, de cuidados com a saúde mental do colaborador do Complexo Hospitalar da UFC/EBSERH, que desde março oferece orientações e serviços aos profissionais e residentes do HUWC e da Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (MEAC).
A pandemia de coronavírus é um momento que requer atenção das instituições de saúde para os efeitos psicológicos em seus trabalhadores, causados pelas incertezas, excesso de informações, riscos de contaminação e necessidade de afastamento social dos colaboradores. É normal que esse impacto deixe-os mais tensos, temerosos e entristecidos. O estresse pode comprometer a qualidade de vida dos trabalhadores e a segurança da assistência.
"Sabe-se que cuidamos melhor dos outros quando estamos bem, por isso, a gestão nos demandou a criação e execução desse projeto", explica a psicóloga organizacional Geórgia Karine Soares, chefe em exercício da Unidade de Desenvolvimento de Pessoas. O Conectados já realizou 360 atendimentos em ações como plantão psicológico (presencial e on-line), live com psiquiatra e práticas integrativas (como relaxamento, alongamento, meditação, estimulação sensorial e constelação temática) em horários diurnos e noturnos, de segunda a sábado. Em cada hospital foi montado um Mural da Gratidão. Textos e vídeos psicoeducativos de especialistas também são compartilhados por e-mail e nas redes sociais (@complexohospitalardaufc), possibilitando que as orientações ultrapassem os muros dos hospitais universitários.
O Conectados tem como objetivos aumentar a capacidade de enfrentamento psicológico diante da crise, minimizar a ansiedade e o medo, promover sentimentos que favoreçam o clima organizacional e a resposta satisfatória à crise, trabalhar estratégias de autocuidado e cuidado com o outro, além de promover a comunicação interna segura. A equipe do projeto é formada por psicólogos, psiquiatras, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, jornalistas, profissionais de educação física e residentes de saúde mental. "Um trabalho desse nível de abrangência precisa da integração multiprofissional para ser o mais eficiente possível", reforça a gerente administrativa do Complexo Hospitalar, Eugenie Néri.
Juliana já participou de um atendimento do Conectados no setor onde trabalha e também buscou atendimento individual da terapia ocupacional. "Foi revigorante dar uma pausa neste momento de tanta aflição, medo e nervosismo e acalmar os ânimos, me conectar com minha espiritualidade, com o amor-próprio, me deixar ser cuidada também", comenta. Ela diz que esse momento com a equipe do Conectados tem trazido uma ressignificação dessa pausa. "São poucos minutos que trazem uma renovação rápida e duradoura."
Entre os muitos afazeres e a insegurança que a pandemia trouxe, a rotina da técnica de enfermagem Fryda Acácio, da Clínica Cirúrgica da MEAC, ficou mais intensa. Ela, então, resolveu participar do relaxamento com meditação guiada. "É um momento de aliviar a tensão das preocupações com os pacientes e os familiares, de trocar pensamentos ruins por bons, de relaxar. Me senti muito bem e melhorei também a concentração", conta. Ela gostou tanto que está repetindo os exercícios em casa. Já a nutricionista Lília Teixeira, do HUWC, participou da estimulação sensorial. "Me interessei por ser a oportunidade de mudar um pouco o foco diante da pandemia em que vivemos. Descansar um pouco a mente. Saí de lá me sentindo bem mais leve e recomendo [a prática] a todos os colegas", comenta.
O projeto reúne ações amparadas no Guia da OMS (OMS, 2020) para cuidados com a saúde mental durante pandemia, voltadas à realidade do Complexo Hospitalar da UFC. Também estão previstas capacitação sobre autocuidado e aspectos psicossociais para os profissionais da linha de frente da Unidade da COVID, monitoramento da saúde mental e continuidade da assistência de psiquiatria aos colaboradores dos dois hospitais.
SAIBA MAIS – Os vídeos do projeto Conectados podem ser acessados por qualquer interessado nos canais digitais Instagram (@complexohospitalardaufc), YouTube: Complexo Hospitalar da UFC e Facebook: Complexo Hospitalar da UFC. Mais informações podem ser prestadas pela Unidade de Desenvolvimento de Pessoas, no telefone (85) 3366 8186.
SOBRE A EBSERH – O Complexo Hospitalar da UFC/EBSERH, formado pelo Hospital Universitário Walter Cantídio e pela Maternidade-Escola Assis Chateaubriand, faz parte da Rede Hospitalar EBSERH desde novembro de 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) foi criada em 2011 e, atualmente, administra 40 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas. Os hospitais universitários são, por sua natureza educacional, campos de formação de profissionais de saúde. A Rede Hospitalar EBSERH não é responsável pela totalidade dos atendimentos de saúde do País, apenas atua de forma complementar ao SUS.
Fonte: Danielle Campos de Aguiar, chefe da Unidade de Comunicação Social da MEAC – fone: (85) 98720 3318