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Quarta, 03 Fevereiro 2021 12:16

No segundo semestre de 2020, após o fim do isolamento social rígido e a retomada gradual das atividades em setores específicos do Estado, a Universidade Federal do Ceará, por meio da Portaria nº 126, de 29 de agosto de 2020, autorizou o retorno das atividades práticas dos estudantes da área da saúde, visando ao melhor aproveitamento das disciplinas e ao atendimento à população.

Professores da Faculdade de Medicina (FAMED) da UFC explicam como têm sido realizadas essas atividades práticas e a importância delas para a formação dos futuros profissionais de saúde. Assista ao vídeo da UFCTV e leia reportagem detalhada sobre o assunto:

Na disciplina Clínica de Doenças Infecciosas, do Departamento de Saúde Comunitária da FAMED, as aulas práticas retornaram cerca de dois meses após o início da retomada gradual do atendimento ambulatorial de pacientes no Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC). A Profª Mônica Façanha, médica e docente da disciplina, conta que treinar habilidades de comunicação, como saber ouvir e fazer as perguntas necessárias, são essenciais para os futuros médicos.

"Algumas perguntas são muito próprias da anamnese de pessoas com doenças infecciosas, por exemplo, 'é vacinado?', quando se suspeita de uma doença controlada por vacina; 'você conhece outras pessoas com sintomas parecidos com os seus?', quando se suspeita de uma doença transmissível, de fonte comum ou de arbovirose", esclarece a professora.

Além disso, segundo a infectologista, também é fundamental saber fazer um exame físico geral para identificar os sintomas que se manifestam no corpo. "É preciso apalpação para avaliar a consistência da área, identificar tumorações, aumento de volume e pontos dolorosos em órgãos; ausculta para identificar se existem sons anormais; e ainda observar o odor exalado do paciente, que pode ser diagnóstico em algumas doenças."

Docente de Medicina Clínica e médico do Serviço de Geriatria do HUWC, o Prof. Rômulo Rebouças destaca que as aulas práticas são essenciais na disciplina de Geriatria, visto que somente o contato com o idoso permite ao estudante perceber a real dimensão das diferenças no atendimento em relação às outras faixas etárias.

"Ações como coleta de história clínica, exame físico, avaliação multidimensional, relação com familiares e cuidadores, aplicação de escalas de avaliação, entre outras, até podem ser estudadas em livros, mas a vivência e a realização das atividades mudam completamente a percepção do estudante."

Na atenção primária, a experiência do atendimento aos pacientes propicia ao estudante "a realização de exames físicos e o desenvolvimento do raciocínio clínico para identificar os problemas e propor um plano terapêutico adequado", explica o Prof. Marco Túlio Aguiar, coordenador do Internato de Saúde Comunitária e supervisor do Programa de Residência de Medicina de Família e Comunidade.

Para a disciplina Bases da Cirurgia e da Anestesia, ofertada no quarto semestre do Curso de Medicina, a Profª Annya Macedo, coordenadora da matéria, afirma que é crucial que os alunos aprendam na prática, uma vez que a disciplina técnica "é básica e essencial para qualquer médico, de qualquer especialidade, uma vez que todos precisam saber fixar um dreno, dar um ponto de sutura, entender um pouco sobre hemostasia, cicatrização e prática de intubação".

O Prof. Marcos Rabelo, coordenador da disciplina de Otorrinolaringologia, diz, por sua vez, que determinadas habilidades necessárias para os profissionais que atuam nessa especialidade, bem como a condução da terapia, só são aprendidas durante o contato com o paciente. Para ele, "é impossível uma formação médica com conteúdo exclusivamente teórico".

PREVENÇÃO – Para garantir a segurança dos estudantes, professores e, muitas vezes, dos pacientes, a FAMED e a Superintendência de Infraestrutura da Universidade (UFC Infra) estabeleceram medidas capazes de prevenir a propagação do coronavírus entre os estudantes.

A Profª Mônica Façanha informa que "foram elaboradas, pela UFC Infra, normas para distribuição das pessoas nas salas de trabalho e de aula. Profissionais da Prefeitura do Campus do Porangabuçu e das coordenações dos cursos, secretarias dos departamentos, professores e profissionais da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do HUWC visitaram as áreas em que haveria atividades laborais e letivas e definiram o máximo de pessoas por sala e a distância que deveriam ficar umas das outras, inclusive com marcação no piso e em cadeiras. A FAMED recebeu doação de protetores faciais (face shields), que foram distribuídos inicialmente para os estudantes em regime de Internato, que não foi interrompido".

Os professores, assim como os estudantes, receberam informação e treinamento sobre o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), higienização das mãos e riscos biológicos no ambiente de assistência à saúde. Além do uso da máscara, é enfatizada a higienização das mãos e álcool em gel tem sido disponibilizado, bem como álcool líquido 70% para a limpeza de superfícies.

Máscaras de pano são exigidas nas áreas em que não há atendimento a doentes. Rotinas de higienização de superfícies foram aprimoradas. As aulas práticas de laboratório, devido à necessidade de distanciamento entre estudantes, estão sendo ministradas de maneira híbrida em pequenos grupos e de forma virtual, por meio de plataformas específicas e de material próprio dos professores das disciplinas.

SOBRAL – Todos cuidados também estão sendo tomados nas aulas práticas do curso de Medicina no Campus da UFC em Sobral. Assim como ocorreu em Fortaleza, o retorno das aulas foi gradual, após a publicação da portaria que autorizou a retomada dessas atividades.

Foi o caso, por exemplo, das aulas práticas de Ginecologia do sexto semestre. A docente Carla Roberta de Sousa, que ministra a disciplina, explica que as aulas retornaram em setembro de 2020 com rodízio de estudantes. "Nas atividades práticas de enfermaria na ginecologia, abolimos as visitas em beira de leito, que acabavam juntando muitos estudantes em volta das pacientes. O grupo de 2 a 3 estudantes coleta a história clínica da paciente e depois os casos são discutidos em uma sala de reuniões respeitando o distanciamento social", descreve.

Conforme a vice-coordenadora do curso, Profª Lissiana Aguiar, as aulas práticas ocorrem respeitando todas as orientações sanitárias, como uso obrigatório de máscaras, álcool para limpar mãos e superfícies, e divisão das turmas em pequenos grupos. No caso de turmas que realizam atividades em unidades de saúde, a UFC disponibiliza ainda EPIs, como máscaras cirúrgicas e as do tipo N-95, aventais e gorros.

"O Curso de Medicina apresenta um percentual de carga horária prática bastante robusto e é de extrema importância para o desenvolvimento das competências e habilidades dos estudantes, sempre atrelando os conhecimentos teóricos com a parte prática. Essas aulas práticas são de suma importância para a formação do aluno e para o desenvolvimento gradativo da sua autonomia", destaca a vice-coordenadora.

REGULAÇÃO – A portaria que autorizou o retorno teve como base os Decretos nº 33.608, de 30 de maio de 2020, e nº 33.730, de 29 de agosto de 2020, do Governo do Estado do Ceará. No documento, foi autorizado o retorno das atividades práticas nas clínicas odontológicas, na Farmácia-Escola, no Laboratório de Análises Clínicas e Toxicológicas e na Coordenadoria de Desenvolvimento Familiar (CDFAM) da UFC, nos regimes presencial, remoto ou híbrido, a critério da respectiva chefia.

Também foram permitidas as atividades nas residências médicas e multiprofissionais em saúde vinculadas à UFC, bem como as atividades de internato dos cursos de graduação em saúde.

Fonte: Faculdade de Medicina da UFC – fones: (85) 3366 8001 e 3366 8003