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Histórias de superação marcam segunda noite de colação de grau em Fortaleza

Imagem: Entre as turmas que se formaram ontem, muitos estudantes se destacam pela superação das adversidades (Foto: Jr. Panela)A comemoração da família de Humberto Gildo, 31 anos, é em dose dupla e traz o gosto especial de superação. Ele e o irmão Milton estavam realizando o sonho de se formar pela Universidade Federal do Ceará, na noite desta terça-feira (11), na Concha Acústica da Reitoria, no Campus do Benfica. Gildo na graduação; Milton no mestrado. São os primeiros da família a terem diploma de ensino superior e, para conseguirem o feito, tiveram que enfrentar uma realidade nada favorável.

Moradores de Pentecoste, distante 89 quilômetros de Fortaleza, eles tinham que percorrer a pé, todos os dias, uma distância de quatro quilômetros até a escola mais próxima. Isso para concluir os ensinos fundamental e médio. O cansaço às vezes batia, a fome também, pois nem sempre a escola dispunha de merenda escolar. Mas eles não desistiram. Após o ensino médio, passaram a estudar para o vestibular por meio de um projeto realizado no município, o Programa de Educação em Células Cooperativas (Prece), uma iniciativa de extensão criada pela UFC. Milton passou de primeira. Gildo conseguiu no ano seguinte.

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Veja mais fotos da segunda noite de colação de grau em Fortaleza no Flickr da UFC

"É uma alegria muito grande, um orgulho enorme. Para nós, é um privilégio conseguir nos formar no ensino superior – e ainda mais na UFC, uma das melhores universidades do Brasil. A conquista se torna mais significativa porque nossos pais só conseguiram estudar até a quarta série e nossos outros irmãos sempre trabalharam na roça. Mas todos sempre nos incentivaram. E, agora, nós somos exemplos para meu irmão caçula, que já vê que é possível, com esforço e dedicação, alcançar seu sonho", comemora Gildo, que acaba de se tornar o primeiro agrônomo da família.

Imagem: Colação envolveu concludentes do Centro de Ciências, Centro de Ciências Agrárias e Centro de Tecnologia (Foto: Jr. Panela)Jackson Henrique, 27 anos, é outro formando que sabe bem o que é enfrentar obstáculos. De família humilde, também sempre estudou em escola pública. Entretanto, apesar das deficiências encontradas na escola, foi aluno dedicado e, no terceiro ano do ensino médio, ganhou destaque nas Olimpíadas de Matemática das Escolas Públicas. À época, ainda nem tinha ideia do que essa conquista representaria para seu futuro.

Prestou, então, vestibular para Engenharia Mecânica e conseguiu, de primeira, garantir uma vaga. Mas a luta pela formação não terminava ali. Jackson dependia financeiramente da mãe para se manter nos estudos e, durante sua graduação, ela adoeceu. Ele se viu, então, obrigado a abandonar o curso para trabalhar e ajudar em casa. "Consegui um emprego como assistente administrativo e, diante da situação, achava que nem iria mais conseguir voltar pra faculdade", lembra.

Após um ano distante da sala de aula, ele recebeu uma carta inesperada do governo, informando que, por ter tido destaque nas Olimpíadas de Matemática àquela época, teria direito a uma bolsa de iniciação científica. Viu então a oportunidade de continuar a graduação. "Foi uma felicidade muito grande. Voltei pra Universidade e, depois de terminar o período da bolsa, consegui uma outra, de extensão, da própria UFC. Hoje, estou aqui me formando, o primeiro da família a ter diploma", emociona-se.

A busca pela educação como método de superar as dificuldades impostas pela vida foi a estratégia adotada também por Valdomiro Santiago. Aos 62 anos, ele comemorava nesta terça-feira (11) sua terceira graduação, desta vez em Licenciatura em Matemática. Filho de pequeno agricultor, perdeu a mãe aos 10 anos e, desde cedo, entendeu que só através do estudo conseguiria mudar de vida.

Fez curso de Eletrotécnica e conseguiu uma vaga de funcionário da Petrobras. Anos depois, ao se aposentar, resolveu dar outro rumo à vida. "Logo no mês que me aposentei, entrei no cursinho para fazer vestibular. Passei na UECE. Concluí o Bacharelado em Matemática. Depois entrei em Física no IFCE e, agora, estou me formando pela UFC. E também já faço mestrado em Educação pela Universidade Americana. Sim, eu gosto da Academia", conta, com sorriso largo. Ele, que sempre viu a educação como o caminho para a melhoria das condições de vida, acredita que sua trajetória deva inspirar as novas gerações. "Penso que essa minha conquista pode servir de motivação e incentivo agora para minha filha e para os meus netos", vislumbra.

Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social e Marketing Institucional da UFC – fones: 85 3366 7331 e 3366 7332

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