Em 19 livros lançados na Reitoria da UFC, Tremembés registram cultura de seu povo
- Quinta, 31 Março 2016 18:24
"A Universidade será cada vez mais Universidade se se abrir para a diversidade", foi o que afirmou o Prof. Custódio Almeida, Vice-Reitor no exercício da Reitoria, na solenidade de lançamento da maior coleção autoral indígena já produzida no Brasil, que consta de 19 livros produzidos por professores indígenas Tremembé de Almofala (distrito do município de Itarema, localizado a 248 km de Fortaleza). O Vice-Reitor disse, ainda, que a Universidade deve lembrar que, além de ensinar, ela aprende. E agradeceu aos que fazem o Magistério Indígena Tremembé Superior (MITS) pelo que ensinam.
Para o Prof. Babi Fonteles, coordenador do MITS, aquele era um momento de agradecimentos e emoção, que teve início há 25 anos e o apoio de "várias mãos". Obsevou que a data – 31 de março – trazia dolorosas lembranças (o Golpe de 1964), mas que hoje "celebramos as conquistas alcançadas nos recentes governos, entre as quais, a inclusão das minorias".
Assinam as obras 36 professores graduados pela UFC, em 2013, que fizeram o MITS, compondo a primeira turma de indígenas docentes formados em uma universidade no Nordeste e uma das primeiras do Brasil.
Veja outras imagens do lançamentos dos livros no Flickr da UFC
CONFIANÇA E IDENTIDADE – O coordenador indígena do MITS, Getúlio Santos, confessou, na ocasião, que "agora é que caiu a ficha de que somos professores". Agradeceu ao povo Tremembé de Almofala e disse acreditar que a confiança neles depositada está sendo retribuída.
Emoção foi a marca do pronunciamento de Andreina Santos, professora formada pelo Curso que também mostrou gratidão quando citou os líderes de seu povo, os "livros vivos" que transmitem a sua sabedoria. "Com os livros impressos, vamos mostrar ao mundo a nossa cultura", afirmou, apelando aos mais jovens que "não desistam de sua identidade".
Também referiu-se à transmissão da cultura Tremembé o professor pelo MITS Francisco Elisnaldo de Sousa, lembrando que, "a partir de agora, a perpetuação não ficará somente na base da oralidade".
SOMOS POVO – O pajé Luiz Caboco se disse analfabeto, mas considerou ser "um professor que transmite os conhecimentos de seu povo". Aliás, quando falou, fez uma ressalva: "não somos 'comunidade', como dizem alguns, somos 'povo Tremembé'". E relembrou que seus ancestrais já dominaram terras do Maranhão ao Rio Grande do Norte, plantando, porque são "agricultores natos".
A solenidade no Salão Nobre da Reitoria foi encerrada com apresentação do cantor Marcos Lessa, interpretando "Siará Grande", música de sua autoria em homenagem ao povo Tremembé. Em seguida, todos os presentes se dirigiram aos jardins da Reitoria, quando o Torém foi dançado numa grande roda que incluiu os convidados, inclusive o Prof. Custódio Almeida.
Fonte: Prof. Babi Fonteles, coordenador do MITS – fones: 88 3614 7401 / 88 99201 3558