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Mulheres de Fortaleza têm perda salarial de 34% devido à violência doméstica

Imagem: Responsáveis pela pesquisa sobre violência contra a mulher sentados à mesa durante apresentação dos resultados no auditório da Reitoria da UFC (Foto: Viktor Braga/UFC)O segundo relatório da Pesquisa de Condições Socioeconômicas e Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher foi apresentado à imprensa na manhã de quinta-feira (24), no auditório da Reitoria da Universidade Federal do Ceará, pelo Prof. José Raimundo Carvalho, coordenador do estudo, realizado em parceria técnica com o Instituto Maria da Penha, cuja presidente, Maria da Penha Fernandes, esteve presente na ocasião.
 
Desta vez, a pesquisa trouxe à luz um dos fatores associados à violência doméstica ainda pouco analisado, que é o impacto no mercado de trabalho. A violência doméstica, segundo o coordenador da pesquisa, é um fenômeno que impacta diretamente o desempenho das mulheres no mercado de trabalho, além de restringir o acesso às oportunidades de emprego e, consequentemente, de alcançar um melhor nível de bem-estar.

Em um item Fortaleza se sobressai negativamente: mulheres vítimas de violência doméstica têm seus salários diminuídos em 34%. Logo depois aparece Aracaju (SE), com um impacto negativo de 26%. A violência doméstica impacta no salário das mulheres, que recebem 10% a menos do que as demais que não sofrem violência. Os dados obtidos pela pesquisa em Salvador, São Luís e Teresina apresentaram sinais contrários aos esperados, embora estatisticamente não significantes. As demais capitais  sentiram o efeito perverso da violência doméstica.

A pesquisa ouviu 10 mil mulheres nas nove capitais nordestinas, entre março e julho de 2016. Elas foram entrevistadas por cerca de 250 mulheres que passaram por capacitação, com aulas sobre questões de gênero, étnico-raciais e ética. O treinamento foi realizado em módulos de cinco e seis horas, ministrados pelas professoras Sarah Cortez e Ana Rita Fonteles, da UFC, e por Conceição de Maria, diretora do Instituto Maria da Penha.

AVANÇO NOS ESTUDOS SOBRE O TEMA - Se por um lado a literatura inicial econômica focou na relação do impacto da melhoria das condições no mercado de trabalho (participação e renda), uma literatura mais recente preocupa-se com a relação contrária, isto é, com o impacto da violência doméstica na produtividade e na oferta de trabalho das mulheres ou, ainda, com a possibilidade de uma relação simultânea, observou o Prof. José Raimundo Carvalho.

Ele admitiu que “no Brasil, carecemos de estatísticas e estudos científicos sobre o impacto da violência doméstica no mercado de  trabalho feminino”. No entanto, acrescentou que “essa pesquisa traz à tona estatísticas inéditas e começa a permitir que toda uma literatura interdisciplinar atual avance nosso conhecimento sobre os fatores associados à violência doméstica e às possibilidades de diminuí-la através de mecanismos e de políticas cuidadosamente avaliadas e implementadas”.

IMPACTOS - A curto prazo, a violência doméstica afeta principalmente a habilidade e a produtividade da vítima no emprego, manifestando-se através de episódios de absenteísmo (ausência ao trabalho), atrasos, redução momentânea de produtividade e de capacidade laborativa e perda de emprego.

A longo prazo, as consequências revertem-se em históricos de trabalho inconsistentes (dinâmicas individuais oscilando entre períodos de empregos curtos e de desempregos longos), subemprego e redução permanente na produtividade e salário, segundo estudos realizados  anteriormente.

Veja alguns dos principais pontos da pesquisa

Fonte: Pesquisa de Condições Socioeconômicas e Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (PCSVDFMulher) - Violência Doméstica e seu Impacto no Mercado de Trabalho e na Produtividade das Mulheres com a Coordenadoria de Comunicação Social e Marketing Institucional da Universidade Federal do Ceará  fones 85 3366 7331 3366 7938

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